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Plano de aula sobre lógica

- 5 min leitura

Aula 1: O que é um argumento?

Parte I

Inicie a aula apresentando aos estudantes o conceito de argumento, tal como é usado pela lógica. É importante, nessa situação, perguntar para os alunos o que entendem por “argumento”. Geralmente as respostas estão relacionadas ao o conceito de argumento presente na lógica, mas são imprecisas. É importante comparar essa noção que os alunos possuem com o conceito tal como compreendido na disciplina de lógica. Faça isso não com o objetivo de dizer que um é o certo e o outro está errado. Lembre aos estudantes que as palavras têm vários significados e que nas aulas de lógica a palavra “argumento” será usada num sentido bem preciso e específico, algo como “um conjunto de afirmações, das quais uma é a conclusão e as demais são as premissas”.

Em seguida, explique o conceito de premissas e conclusão. Nesse ponto, é importante usar vários exemplos e sinônimos para esclarecer os significados desses conceitos. Nesse caso também, a palavra conclusão geralmente é associada à “fim de texto”, porém isso não é um aspecto essencial do conceito de “conclusão” tal como usado pela lógica. É importante que isso fique claro para os estudantes.

Por fim, apresente alguns indicadores de premissas e conclusão, que serão úteis para que os alunos sejam capazes de reconhecer premissas e conclusões em textos ou no momento de expressar suas ideias em textos dissertativos.

Parte II

É importante que os alunos usem os conceitos de argumento, premissas e conclusão para testar sua compreensão, se certifiquem de que aprenderam ou não e comecem a usar esses conceitos como ferramentas de análise. Com esse objetivo, e importante usar alguma atividade que pressuponha a compreensão das noções de argumento, premissas e conclusão tal como usadas pela lógica.

Essas são algumas opções:

  • Questionário online com feedback instantâneo.
  • Questões objetivas impressas. Divida a turma em duplas ou trios e peça para que os estudantes respondam às questões. Durante a atividade, circule entre os alunos e tire dúvidas. Por fim, corrija com a turma a atividade. Dê atenção especial para os erros mais comuns e tente identificar o que não foi compreendido pelos alunos.
  • Apresentação com exercícios. Outra opção (que exige uma sala equipada com Datashow) é dividir a turma em grupos de três ou quatro alunos e entregar para cada grupo cartões com as letras A, B, C, D. Explique para os estudantes que será apresentada uma questão e terão um tempo para decidir qual é a resposta correta. Quando todos os grupos houverem decidido, devem levantar a letra que corresponde à alternativa correta. Se todos acertarem, passe para a próxima questão. Quando os grupos divergirem naquilo que consideram a resposta correta, peça para que um integrante de cada grupo explique o raciocínio que motivou a resposta. Em seguida, faça os esclarecimentos necessários.

Aula 2: Argumento por analogia

Parte I

Assim como na aula anterior, inicie perguntando o que os alunos entendem por analogia. Em seguida, esclareça o significa dessa palavra e o que é um argumento por analogia. Ilustre seu uso a partir de alguns exemplos e discuta um caso de boa e má analogia com os estudantes.

Parte II

Argumentos por analogia são bastante frequentes em discussões morais. Um exemplo famoso de seu uso é o argumento criado por Jarvis Thomson para justificar o aborto em casos de estupro. Leia com a turma o texto de Thomson e, em seguida, peça para que os estudantes façam uma análise do texto. O objetivo da atividade, além de oferecer um bom uso de argumentos por analogia, é retomar os conceitos da aula anterior e oferecer aos alunos um instrumento de análise de argumentos.

Anexo: Texto para análise em aula

Anexo: Esquema para análise de texto

Aula 3: Argumento Indutivo e de autoridade

Parte I

Inicie a aula apresentando aos estudantes quatro argumentos como exemplo. Diga a eles que dois desses argumentos são de autoridade e dois são indutivos. Em seguida, peça para que tentem identificar quais são de cada tipo. Por fim, procure saber que tipo de raciocínio os estudantes usaram para responder a essa questão e qual significado estão atribuindo às palavras “autoridade” e “indutivo”.

Uma das dificuldades de compreender os conceitos de lógica é a existência de uma pré-compreensão de vários de seus conceitos: induzir, argumento, autoridade, conclusão etc. Por isso, é importante começar qualquer esclarecimento sobre o conceito de indução e autoridade partindo do que os estudantes sabem. Não para dizer que estão errados, mas para mostrar os vários usos que essas palavras têm e o significa específico que assumem na lógica.

Depois de dizer o que indução e autoridade significam normalmente, explique o que cada um desses conceitos significa na lógica. Ilustre cada uma de suas características a partir dos exemplos de argumentos apresentados no início da aula.

Parte II

As atividades abaixo, relacionadas a esse tema, servem para explorar de maneira mais aprofundada o conteúdo dessa aula e da aula anterior. Algumas são úteis num nível de compreensão conceitual, para verificar e corrigir erros de compreensão, esclarecer confusões. Outras, no nível de aplicação dos conceitos aprendidos. São especialmente úteis porque deixam claro a presença desses conceitos em discussões cotidianas e mostram como podem ser usados como ferramentas argumentação e discussão crítica.

  • Questões de múltipla escolha que exigem capacidade de reconhecer argumentos indutivos, por analogia e de autoridade.
  • Questões de múltipla escolha sobre argumentos indutivos fortes e fracos, que exigem a capacidade de diferenciar entre um argumento indutivo fraco e forte.
  • O uso de raciocínio indutivo em pesquisas científicas. Proponha uma discussão sobre o tema dos milagres e perguntes aos alunos se rezar pela cura de uma pessoa contribui para a recuperação de sua saúde. Peça para que mostrem como poderia ser construído um argumento indutivo para sustentar alguma conclusão sobre essa questão. Por fim, proponha a leitura do texto O grande experimento da prece.
  • O uso de analogias e generalizações são frequentes em debates políticos, quando se discute qual política pública dá resultado e qual não dá resultado. A atividade a seguir está relacionada a isso. Divida a turma em grupos de três ou quatro alunos e proponha aos estudantes o seguinte desafio. Coloque um mapa mundi pendurado em uma parede da sala. Entregue aos estudantes uma lista de países com dados como o número de armas per capta, taxa de homicídios, legislação sobre armas, educação e outros que julgar pertinentes.  Peça para que colem, usando post it, esses dados no mapa. Feito isso, peça para que analisem esses dados e digam que tipo de generalização é possível fazer a partir das informações presentes no mapa.

Aula 4: Tarefa final

Essa é uma tarefa pensada para aplicar os conceitos aprendidos nas aulas anteriores. Peça para que os estudantes escrevam uma redação sobre um tema de seu interesse defendendo uma tese qualquer, utilizando, para defender essa tese, pelo menos um dos tipos de argumento aprendidos nas aulas de lógica informal.

Como complemento para essa atividade, é possível algumas variações:

  • Em círculo com os estudantes, peça para que cada um apresente em síntese o argumento desenvolvido na redação. Em seguida, convide os colegas a analisar e avaliar o argumento apresentado. Algumas questões podem orientar essa análise crítica: qual tipo de argumento foi utilizado? O argumento é forte ou fraco? As premissas são verdadeiras?
  • Peça para que os estudantes troquem com um colega seu texto e cada um deve analisar o texto do colega seguindo um esquema para análise de argumentos como o utilizado para análise do texto da Jarvis Thomson.

Anexo: Proposta de redação

Referências

Velasco, Patrícia Del Nero. Educando para a argumentação: contribuições do ensino da lógica. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2016.

Walton, Douglas N. Lógica Informal: manual de argumentação crítica. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012.

Murcho, Desidério. O lugar da lógica na filosofia. Versão eletrônica.