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Questões sobre Hans Jonas
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No dia 20 de junho de 2012, a estudante Brittany Trilford, neozelandesa de 17 anos, fez um apelo aos chefes de Estado e governo que se reuniram na Rio+20. Dizia ela: “Estamos todos conscientes de que o relógio está batendo e o tempo passando rapidamente. Vocês têm 72 horas para decidir o futuro de suas crianças, minhas crianças e netos. E eu dou a partida no relógio agora...tic tac, tic tac...” Fonte: http://imguol.com/2012/06/20/20jun2012. Acesso em 24 de junho de 2012.
Considere a declaração da estudante e o pensamento dos filósofos abaixo indicados. Marque, em seguida, a alternativa CORRETA.
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O apelo feito pela estudante se aproxima da ideia do filósofo Hans Jonas, que, em sua obra O princípio responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização tecnológica defende uma ação ética que sempre deve levar em consideração as futuras gerações.A afirmação é correta. Hans Jonas em 'O princípio responsabilidade' realmente defende que devemos considerar o impacto de nossas ações sobre as futuras gerações, promovendo uma ética que busca preservar e proteger o meio ambiente para os que virão. O apelo da estudante reflete essa preocupação com o futuro, demonstrando uma responsabilidade ética e ambiental que Jonas argumentava ser essencial na era tecnológica.
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Não existe nenhuma relação entre o apelo da estudante e as teorias filosóficas dos autores indicados, pois sistemas filosóficos em nada têm a ver com o meio ambiente e responsabilidade sobre ele.A afirmação é incorreta. Contrariamente ao sugerido, sistemas filosóficos frequentemente abordam temas pertinentes ao meio ambiente e responsabilidade, especialmente em tempos modernos. Filósofos como Hans Jonas ampliaram o escopo da ética para incluir preocupações ambientais e o cuidado com as futuras gerações, o que é relevante para o apelo de Brittany Trilford.
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A estudante se reconhece capaz de transformar a vida das futuras gerações, o que equivale à afirmação de Sócrates de que a sabedoria está no reconhecimento da ignorância.A afirmação é incorreta. Sócrates, em sua filosofia, enfatizava a importância do autoconhecimento e muitas vezes dizia que sabia que nada sabia. O reconhecimento da própria ignorância é um ponto central do método socrático, mas não tem relação direta com a ideia de se transformar a vida das futuras gerações. A afirmação da capacidade de transformação é mais uma questão de responsabilidade ambiental e social, que não está diretamente ligada à filosofia de Sócrates sobre a ignorância.
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Da afirmação de Brittany Trilford infere-se que o que está sendo feito para modificar a realidade ambiental é suficiente para garantir o futuro sustentável das próximas gerações.A afirmação é incorreta. O apelo de Brittany Trilford sugere que o que está sendo feito não é suficiente, daí seu chamado urgente ao agir e tomar decisões conscientes para o futuro. A essência da mensagem é que mudanças precisam ser feitas, e não que já são suficientes para um futuro sustentável. Ela está sublinhando a necessidade de ação imediata e eficaz.
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Ao se preocupar com a passagem do tempo a estudante faz lembrar Rousseau. Segundo este filósofo, a bondade do homem se deteriora com o tempo.A afirmação é incorreta. Embora Rousseau fale sobre a bondade original do homem, ele não necessariamente associa isso com a deterioração através do tempo em um sentido geral. Rousseau foca mais em como a sociedade e suas influências corrompem a bondade natural das pessoas, não especificamente através da passagem do tempo, mas devido às estruturas sociais que vão se estabelecendo.
Na obra O princípio responsabilidade, Hans Jonas propõe um ensaio de uma ética para a civilização tecnológica. Entre as principais teses defendidas pelo autor destacam-se:
I. Todas as éticas até hoje partilharam de alguns pressupostos em comum, tais como: a natureza humana e extra-humana eram consideradas imodificáveis pelo agir; todas as éticas foram essencialmente antropocêntricas; e a responsabilidade da ação humana limitava-se ao tempo presente.
II. Enquanto no passado a natureza humana e extrahumana eram invioláveis pela capacidade do poder tecnológico, a técnica moderna coloca em perigo a autenticidade da vida futura.
III. Ninguém pode ser responsabilizado pelos efeitos involuntários posteriores de um ato bem intencionado.
IV. A natureza deve, sobretudo, ser protegida porque, sem ela, o homem não poderá assegurar a sua sobrevivência.
V. O homem, com o poder da técnica moderna, passou a figurar como um objeto da própria técnica, perdendo sua autonomia, ou seja, o homo faber passou a dominar o homo sapiens.
I. Todas as éticas até hoje partilharam de alguns pressupostos em comum, tais como: a natureza humana e extra-humana eram consideradas imodificáveis pelo agir; todas as éticas foram essencialmente antropocêntricas; e a responsabilidade da ação humana limitava-se ao tempo presente.
II. Enquanto no passado a natureza humana e extrahumana eram invioláveis pela capacidade do poder tecnológico, a técnica moderna coloca em perigo a autenticidade da vida futura.
III. Ninguém pode ser responsabilizado pelos efeitos involuntários posteriores de um ato bem intencionado.
IV. A natureza deve, sobretudo, ser protegida porque, sem ela, o homem não poderá assegurar a sua sobrevivência.
V. O homem, com o poder da técnica moderna, passou a figurar como um objeto da própria técnica, perdendo sua autonomia, ou seja, o homo faber passou a dominar o homo sapiens.
Estão corretas APENAS as assertivas:
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I, III e V.Esta alternativa está incorreta. A assertiva III é problemática porque vai contra a proposta de Hans Jonas sobre a necessidade de serem responsáveis pelos efeitos futuros de nossas ações. Jonas enfatiza o conceito de responsabilidade para além do imediato, precisamente por causa das novas capacidades tecnológicas. Portanto, incluir a assertiva III contradiz a ética proposta por Jonas e não está de acordo com o gabarito, que indica a combinação correta como I, II e V.
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I, II e III.Esta alternativa está incorreta porque inclui a assertiva III, que está errada. Em "O princípio responsabilidade", Hans Jonas defende que devemos ser responsabilizados pelos efeitos futuros de nossas ações devido ao alcance da tecnologia moderna, diferentemente do que a assertiva III sugere. A combinação correta, conforme o gabarito, seria I, II e V.
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I, II e IV.Esta alternativa está incorreta. Embora a assertiva I e II estejam corretas, a assertiva IV também está correta, mas na resposta correta, a combinação deve ser I, II e V. Jonas destaca a relação entre a técnica e o perigo à vida futura, mas a resposta correta dada pelo gabarito é focada na crítica à técnica moderna e na perda de autonomia humana devido à primazia do poder tecnológico.
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III, IV e V.Esta alternativa está incorreta. A assertiva III afirma que ninguém pode ser responsabilizado por efeitos involuntários de um ato bem intencionado, o que se opõe ao cerne do argumento de Hans Jonas. Jonas enfatiza a noção de responsabilidade ampliada, onde precisamos considerar os efeitos futuros e possivelmente não intencionais de nossas ações, devido ao poder da tecnologia. A assertiva V, que é correta, reconhece a perda de autonomia humana frente ao poder tecnológico. A assertiva IV correta, discute a proteção da natureza por preocupações de sobrevivência humana, mas na resposta correta desta questão, a combinação deveria ser I, II e V.
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I, II e V.Esta é a alternativa correta. A assertiva I está correta ao reconhecer que as éticas tradicionais focaram em um contexto humano e presente, sem considerar a extensão do poder modifica o futuro. A assertiva II está correta ao afirmar que a técnica moderna põe em risco o futuro devido ao seu imenso poder. Por último, a assertiva V está correta ao mostrar como o homem se torna objeto da tecnologia, perdendo sua autonomia, o que é uma crítica central de Jonas em sua obra.
Leia o texto a seguir.
A civilização tecnológica é definitivamente paradoxal e pensá-la como tal implica estar atento ao duplo sentido imposto pela questão: em primeiro lugar, entender que, efetivamente, as “maravilhas” proporcionadas pela técnica são tanto deslumbrantes como úteis à vida civilizada atual; em segundo, considerar que este deslumbramento, fruto da inteligência humana e impulsionado pela economia de mercado, tem um preço a ser contabilizado, ou seja, o excesso de sucesso da civilização da técnica é problemático, pois nos expõe a riscos imponderáveis, o que levou Hans Jonas a eleger a “heurística do temor” como o sentimento fundador da responsabilidade e essa com força capaz de moldar um imperativo ético para este novo tempo. (FONSÊCA, F. O. Hans Jonas: a tecnologia na senda da responsabilidade ética. In: SANTOS, R; OLIVEIRA, J; ZANCANARO, L. Ética para a civilização tecnológica: em diálogos com Hans Jonas. São Paulo: Centro Universitário São Camilo, 2011. p.250.)
A civilização tecnológica é definitivamente paradoxal e pensá-la como tal implica estar atento ao duplo sentido imposto pela questão: em primeiro lugar, entender que, efetivamente, as “maravilhas” proporcionadas pela técnica são tanto deslumbrantes como úteis à vida civilizada atual; em segundo, considerar que este deslumbramento, fruto da inteligência humana e impulsionado pela economia de mercado, tem um preço a ser contabilizado, ou seja, o excesso de sucesso da civilização da técnica é problemático, pois nos expõe a riscos imponderáveis, o que levou Hans Jonas a eleger a “heurística do temor” como o sentimento fundador da responsabilidade e essa com força capaz de moldar um imperativo ético para este novo tempo. (FONSÊCA, F. O. Hans Jonas: a tecnologia na senda da responsabilidade ética. In: SANTOS, R; OLIVEIRA, J; ZANCANARO, L. Ética para a civilização tecnológica: em diálogos com Hans Jonas. São Paulo: Centro Universitário São Camilo, 2011. p.250.)
Com base no texto e nos conhecimentos acerca de Hans Jonas, assinale a alternativa correta.
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A ética tradicional e a técnica moderna, que se relacionam com a ideia de progresso e com o ideal de dominação da natureza de Francis Bacon, servem de fundamentação filosófica e epistemológica à ética de responsabilidade.Esta alternativa está incorreta. Embora tanto a ética tradicional quanto a filosofia de Bacon possam ter impulsionado uma visão de progresso e domínio tecnológico, a ética da responsabilidade de Jonas é uma tentativa de resposta a esta mesma filosofia de progresso descontrolado. Ela se articula não pela valorização do ideal de dominação, mas sim pela necessidade de impor limites e precauções quanto às consequências do avanço tecnológico.
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O projeto técnico da modernidade assenta-se na ideia de que a técnica é fraca diante da necessidade, isso significa que o ciclo da natureza é imodificável pelos seres humanos, sendo as normas construídas sob a égide da natureza.Esta alternativa está incorreta. Ao afirmar que a técnica é fraca diante da necessidade e que os ciclos da natureza são imodificáveis pelos seres humanos, contradiz-se a própria realidade delineada desde a Revolução Industrial, onde a técnica demonstrou sua capacidade de alterar profundamente os ciclos naturais. Além disso, o texto de Hans Jonas não suporta a ideia de que a técnica seja impotente; ao contrário, enfatiza que ela tem um poder que precisa ser manejado com responsabilidade.
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A base teórica da ética da responsabilidade é o utopismo desenvolvido pelo marxismo, que evoca a fé no homem do futuro em detrimento do atual, para poder com ele concretizar o projeto utópico através da revolução.Esta alternativa está incorreta. A ética da responsabilidade de Hans Jonas não se baseia no utopismo marxista. Enquanto o marxismo tende a evocar um projeto utópico revolucionário, Hans Jonas fundamenta sua ética na necessidade de precaver-se quanto aos impactos futuros das ações humanas no presente. Sua preocupação cética diante do "excesso de sucesso" técnico está muito mais alinhada com a prudência do que com qualquer fé incondicional no futuro.
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A ética da responsabilidade, para superar as contradições da civilização da tecnologia, move-se a partir do sentimento de esperança da ética da perfectibilidade de Ernst Bloch, bem como da ética racional despreocupada com a aplicabilidade.Esta alternativa está incorreta. Hans Jonas desenvolve a ética da responsabilidade a partir do sentimento de temor, não de esperança. A "heurística do temor" que Jonas propõe é essencial para imaginar as consequências negativas que as tecnoculturas modernas podem gerar se não forem controladas. Portanto, ele não compartilha a mesma perspectiva otimista e esperançosa que teorias como a de Ernst Bloch.
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A ciência e a tecnologia contemporâneas podem ameaçar a sobrevivência da vida humana em caso de descontrole; neste sentido a responsabilidade como paradigma ético pode reeducar a civilização tecnológica, aconselhando seu agir.Esta é a alternativa correta. A civilização tecnológica de que trata o texto carrega consigo um potencial de maravilhas e progressos, mas também aumenta os riscos que podem ameaçar a sobrevivência humana. Hans Jonas propõe a ética da responsabilidade justamente para lidar com esses riscos. O argumento é que, ao assumirmos uma postura de responsabilidade, fica possível controlar e mediar o impacto da tecnologia, orientando-a de modo a favorecer a continuidade da vida humana e de outras formas de vida no planeta.
Leia o trecho abaixo sobre o pensamento de Hans Jonas e assinale a alternativa correlata quanto ao seu sentido e implicações.
“A marca distintiva do ser humano, de ser o único capaz de ter responsabilidade, significa igualmente que ele deve tê-la pelos seus semelhantes, eles próprios, potenciais sujeitos de responsabilidade, e que realmente ele sempre a tem, de um jeito ou de outro: a faculdade para tal é a condição suficiente para a sua efetividade. Ser responsável efetivamente por alguém ou por qualquer coisa em certas circunstâncias (mesmo que não assuma e nem reconheça tal responsabilidade) é tão inseparável da existência do homem quanto o fato de que ele seja genericamente capaz de responsabilidade da mesma maneira que lhe é inalienável a sua natureza falante, característica fundamental para a sua definição, caso deseje empreender essa duvidosa tarefa” (JONAS, 2006, p. 175-176).
“A marca distintiva do ser humano, de ser o único capaz de ter responsabilidade, significa igualmente que ele deve tê-la pelos seus semelhantes, eles próprios, potenciais sujeitos de responsabilidade, e que realmente ele sempre a tem, de um jeito ou de outro: a faculdade para tal é a condição suficiente para a sua efetividade. Ser responsável efetivamente por alguém ou por qualquer coisa em certas circunstâncias (mesmo que não assuma e nem reconheça tal responsabilidade) é tão inseparável da existência do homem quanto o fato de que ele seja genericamente capaz de responsabilidade da mesma maneira que lhe é inalienável a sua natureza falante, característica fundamental para a sua definição, caso deseje empreender essa duvidosa tarefa” (JONAS, 2006, p. 175-176).
Entende-se que a Heurística do Medo não é um medo paralisante e nem um medo patológico, mas sim, um medo que desperta para o pensar e para o agir.
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Compreende-se que Hans Jonas nega as premissas da ética tradicional e busca uma ponderação sobre o significado das mudanças sociais e econômicas para a nossa condição moral.Hans Jonas realmente chama a atenção para a necessidade de reavaliar as éticas tradicionais frente às mudanças tecnológicas e sociais contemporâneas. No entanto, não se trata de uma negação completa das éticas tradicionais, mas sim de uma expansão ou complemento delas para lidar com novas responsabilidades. Em seu trabalho, ele destaca a importância de considerar as consequências a longo prazo das ações humanas, algo que as éticas tradicionais poderiam não ter contemplado na mesma extensão.
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Entende-se que a Heurística do Medo não é um medo paralisante e nem um medo patológico, mas sim, um medo que desperta para o pensar e para o agir.Essa alternativa repete palavra por palavra parte do enunciado que examinamos. Está correta no sentido de que condensa a ideia principal que Hans Jonas quer transmitir com a "Heurística do Medo". Neste contexto, o medo não deve paralisar, mas sim incentivar a pensar e agir de maneira que levem em conta as possíveis consequências das ações humanas, especialmente em face de novas tecnologias e desenvolvimento.
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Fica claro que o imperativo de Kant é um caso extremo da ética da intenção, obedecendo à ação individual, válido no plano individual.Esta alternativa discute o imperativo categórico de Kant e a ética da intenção. A ética de Kant se concentra em ações baseadas em princípios morais universais, sem requerer que suas consequências sejam avaliadas. Hans Jonas, no entanto, propõe uma ética da responsabilidade, que considera as consequências de longo prazo das ações, especialmente em um cenário de avanços tecnológicos. Assim, essa alternativa não se alinha diretamente com o trecho mencionado.
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Percebe-se que existe um Dever implícito de forma muito concreta no Ser, com obrigações objetivas sob a responsabilidade externa, como, por exemplo, a Responsabilidade Paterna.Essa alternativa captura a essência da proposta de Hans Jonas, que é a de que temos uma responsabilidade inata com outros seres humanos e o mundo ao nosso redor. Esta responsabilidade é uma característica fundamental de nossa existência, assim como a capacidade de falar. Jonas confere um papel central à ideia de dever implícito em ser humano, onde temos obrigações éticas que decorrem simplesmente de nossa capacidade de causar impacto no mundo. Assim, esta alternativa está correta ao captar adequadamente a ideia de 'responsabilidade' tal como apresentada por Jonas.
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Nota-se que não devemos ver a destruição física da humanidade como sendo algo mais catastrófico. Se chegamos a esse ponto é porque houve uma morte essencial, uma grande desconstrução e crise do ser com o meio.Essa alternativa parece estar comentando sobre um estado avançado de destruição ou crise que não é apenas física, mas também essencial e espiritual. Ela foca em uma desconexão entre o ser humano e o meio ambiente ou com outros seres. Porém, não aborda diretamente a "Heurística do Medo" proposta por Hans Jonas, que se refere ao papel do medo como auxiliar do pensamento e ação responsável. Portanto, mesmo que tenha um pouco de relação com o tema de responsabilidade, não é exatamente a ideia central que o trecho parece querer transmitir.
Leia o fragmento a seguir:
“O imperativo categórico de Kant dizia: ‘Aja de modo que tu também possas querer que tua máxima se torne lei geral’. Aqui, o ‘que tu possas’ invocado é aquele da razão e de sua concordância consigo mesma: a partir da suposição da existência de uma sociedade de atores humanos (seres racionais em ação), a ação deve existir de modo que possa ser concebida, sem contradição, como exercício geral da comunidade. Chame-se atenção aqui para o fato de que a reflexão básica da moral não é propriamente moral, mas lógica: o ‘poder’ ou ‘não poder’ querer expressa autocompatibilidade ou incompatibilidade, e não aprovação moral ou desa-provação. Mas não existe nenhuma contradição em si na ideia de que a humanidade cesse de existir, e des-sa forma também nenhuma contradição em si na ideia de que a felicidade das gerações presentes e seguin-tes possa ser paga com a infelicidade ou mesmo com a não-existência de gerações pósteras – tampouco, afinal, com a ideia contrária, de que a existência e a felicidade das gerações futuras seja paga com a infelici-dade e mesmo com a eliminação parcial da presente. O sacrifício do futuro em prol do presente não é logi-camente mais refutável do que o sacrifício do presente a favor do futuro”. (JONAS, Hans. O Princípio Responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização tecnológica. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006, p. 47).
“O imperativo categórico de Kant dizia: ‘Aja de modo que tu também possas querer que tua máxima se torne lei geral’. Aqui, o ‘que tu possas’ invocado é aquele da razão e de sua concordância consigo mesma: a partir da suposição da existência de uma sociedade de atores humanos (seres racionais em ação), a ação deve existir de modo que possa ser concebida, sem contradição, como exercício geral da comunidade. Chame-se atenção aqui para o fato de que a reflexão básica da moral não é propriamente moral, mas lógica: o ‘poder’ ou ‘não poder’ querer expressa autocompatibilidade ou incompatibilidade, e não aprovação moral ou desa-provação. Mas não existe nenhuma contradição em si na ideia de que a humanidade cesse de existir, e des-sa forma também nenhuma contradição em si na ideia de que a felicidade das gerações presentes e seguin-tes possa ser paga com a infelicidade ou mesmo com a não-existência de gerações pósteras – tampouco, afinal, com a ideia contrária, de que a existência e a felicidade das gerações futuras seja paga com a infelici-dade e mesmo com a eliminação parcial da presente. O sacrifício do futuro em prol do presente não é logi-camente mais refutável do que o sacrifício do presente a favor do futuro”. (JONAS, Hans. O Princípio Responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização tecnológica. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006, p. 47).
Considerando esta passagem, é CORRETO afirmar que Hans Jonas:
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preserva o imperativo categórico de Kant, pois o imperativo da responsabilidade assume a caracte-rística de universalidade de forma hipotética, não prática.Esta afirmação está incorreta. Hans Jonas não preserva o imperativo categórico de Kant, pois ele propõe uma nova ética que considera gerações futuras, o que não é foco de Kant. Enquanto Kant fala sobre universalidade, Hans Jonas questiona essa lógica ao considerar a responsabilidade para com as gerações futuras. Portanto, o imperativo da responsabilidade de Jonas não assume somente a universalidade de maneira hipotética, mas sim desafia a lógica kantiana ao integrar a preocupação com o futuro.
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modifica o imperativo categórico de Kant porque, segundo Kant, a ética trata exclusivamente da civi-lização tecnológica.Esta afirmação está incorreta. Kant não limitou sua ética à civilização tecnológica; suas preocupações eram mais universais em relação à moralidade humana. Hans Jonas, por outro lado, está preocupado com o impacto da tecnologia e da civilização no futuro do planeta, mas isso não foi um foco para Kant. Assim, dizer que Kant falava exclusivamente da civilização tecnológica é incorreto e uma má interpretação do foco de sua ética.
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preserva o imperativo categórico de Kant, pois a ética deve tratar exclusivamente de seres humanos.Esta afirmação está incorreta. Hans Jonas não preserva o imperativo categórico de Kant no que diz respeito ao tratamento exclusivo de seres humanos. Pelo contrário, Jonas expande essa ética para incluir a preocupação com o impacto de nossas ações sobre o futuro da humanidade e do planeta. Sua ética é mais abrangente ao considerar a continuidade da vida humana no futuro, ao contrário do foco de Kant no valor moral das ações no momento presente.
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preserva o imperativo categórico de Kant, uma vez que o imperativo da responsabilidade é voltado apenas para o momento.Esta afirmação está incorreta. O imperativo da responsabilidade de Hans Jonas não é voltado apenas para o momento presente, mas sim projeta suas preocupações para o futuro. Jonas questiona a ética kantiana ao destacar a importância das consequências de longo prazo e a responsabilidade que temos com as gerações futuras. A proposta de Jonas é, portanto, voltada para o longo prazo e não somente para o momento presente, como esta alternativa sugere.
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modifica o imperativo categórico de Kant, considerando que podemos arriscar a nossa própria vida para proteger a humanidade futura.Esta afirmação está correta. Hans Jonas modifica o imperativo categórico de Kant ao incluir considerações sobre arriscar nossa própria vida para proteger a existência da humanidade futura. Enquanto o imperativo categórico de Kant se concentra em ações que podem ser universalizadas sem contradição, Jonas amplia essa ideia para uma ética que leva em conta as consequências para as gerações futuras, refletindo uma ética de responsabilidade intergeracional.
Hans Jonas, na obra “O Princípio Responsabilidade”, formulou um novo e característico imperativo categórico, relacionado a um novo tipo de ação humana: “Age de tal forma que os efeitos de tua ação sejam compatíveis com a permanência de uma vida humana autêntica sobre a terra” (JONAS, 2006, p. 48).
A este respeito, assinale a alternativa CORRETA.
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O imperativo proposto por Hans Jonas é de ordem racional, para um agir coletivo como um bem público e não individual.Essa alternativa está correta. O imperativo de Hans Jonas é de fato racional e se direciona a um agir coletivo, enfatizando a ideia do bem público. Sua proposta enfatiza que as ações humanas devem ser guiadas pela responsabilidade de garantir a continuidade da vida humana autêntica sobre a Terra. Isso envolve pensar coletivamente e não agir apenas em função de interesses individuais.
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A ação de cada indivíduo não influencia na coletividade.Esta alternativa está incorreta. Segundo Hans Jonas, a ação de cada indivíduo pode sim influenciar a coletividade e, portanto, a responsabilidade ética deve incluir considerações sobre como essas ações afetam o mundo e o bem-estar futuro. Jonas destaca a interconexão das ações individuais com o destino coletivo da humanidade.
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O importante é viver o presente sem se importar com o futuro da humanidade.Essa alternativa está incorreta. Hans Jonas preocupava-se, fundamentalmente, com o futuro da humanidade. Sua formulação do 'princípio responsabilidade' visa alertar para a necessidade de considerar as implicações futuras das nossas ações, especialmente em termos de preservação da vida verdadeira sobre a Terra. Portanto, viver o presente sem se preocupar com o futuro desconsidera totalmente o impacto das ações presentes nas gerações futuras, o que é contrário à proposta de Jonas.
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Podemos deduzir que não é importante a permanência da vida humana sobre a terra.Esta alternativa está incorreta. Para Hans Jonas, é extremamente importante garantir a permanência da vida humana sobre a Terra. Seu princípio responsabilidade é um apelo à consciência ética para que nossas ações assegurem um futuro viável para a humanidade. Colocar em dúvida a importância da continuidade da vida na Terra contradiz completamente o princípio sugerido por Jonas.
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Podemos deduzir que Hans Jonas propõe que o importante é o bem do indivíduo e não a coletividade futura.Esta alternativa está incorreta. Na verdade, Hans Jonas destaca a importância do bem coletivo ao invés do bem individual isolado. Ele sugere que a ação ética deve sempre considerar os impactos sobre a continuidade da vida humana e a sustentabilidade do planeta para as futuras gerações. Portanto, o foco de Jonas é justamente a responsabilidade coletiva da humanidade para garantir o bem-estar futuro.
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