A um príncipe, portanto, não é necessário ter de fato todas as qualidades, mas é indispensável parecer tê-las. Aliás, ousarei dizer que, se as tiver e utilizar sempre, serão danosas, enquanto, se parecer tê-las, serão úteis. Assim, deves parecer clemente, fiel, humano, íntegro, religioso — e sê-lo, mas com a condição de estares com o ânimo disposto a, quando necessário, não o seres, de modo que possas e saibas como tornar-te o contrário.
MAQUIAVEL, N. O príncipe. São Paulo: Martins Fontes, 2004 (adaptado).
Segundo o autor, a conquista e a conservação do poder político exigem a.
adoção do imperativo categórico.
consulta periódica dos cidadãos.
liberdade incondicional do estadista.
retomada dos valores cristãos.
flexibilidade moral do monarca.
Polemizando contra a tradicional tese aristotélica, que via na sociedade o resultado de um instinto primordial, Hobbes sustenta que no gênero humano, diferentemente do animal, não existe sociabilidade instintiva. Entre os indivíduos não existe um amor natural, mas somente uma explosiva mistura de temor e necessidade recíprocos que, se não fosse disciplinada pelo Estado, originaria uma incontrolável sucessão de violências e excessos.
NICOLAU, U. Antologia ilustrada de filosofia: das origens à Idade Moderna. São Paulo: Globo, 2005 (adaptado).
Referente à constituição da sociedade civil, considere, respectivamente, o correto posicionamento de Aristóteles e Hobbes:
Objetivação dos desejos da maioria e representação construída para possibilitar as relações interpessoais.
Realização das disposições naturais do homem e artifício necessário para frear a natureza humana.
Instrumento artificial para a realização da justiça e forma de legitimação do exercício da coerção e da violência.
Realização da razão e expressão da vontade dos governados.
Resultado involuntário da ação de cada indivíduo e anulação dos impulsos originários presentes na natureza humana.
Mas, sendo minha intenção escrever algo de útil para quem por tal se interesse, pareceu-me mais conveniente ir em busca da verdade extraída dos fatos e não à imaginação dos mesmos, pois muitos conceberam repúblicas e principados jamais vistos ou conhecidos como tendo realmente existido. MAQUIAVEL, N. O príncipe. Disponível em: www.culturabrasil.pro.br. Acesso em: 4 abr. 2013.
A partir do texto, é possível perceber a crítica maquiaveliana à filosofia política de Platão, pois há nesta a
elaboração de um ordenamento político com fundamento na bondade infinita de Deus.
investigação das constituições políticas de Atenas pelo método indutivo.
utilização da oratória política como meio de convencer os oponentes na ágora.
explicitação dos acontecimentos políticos do período clássico de forma imparcial.
idealização de um mundo político perfeito existente no mundo das ideias.
Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado. Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos homens se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega, revoltam-se. MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.
A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e políticas. Maquiavel define o homem como um ser
guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes.
sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares.
possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política.
munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos outros.
naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social e portando seus direitos naturais.
O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a reputação de cruel, se seu propósito é manter o povo unido e leal. De fato, com uns poucos exemplos duros poderá ser mais clemente do que outros que, por muita piedade, permitem os distúrbios que levem ao assassínio e ao roubo. MAQUIAVEL, N. O Príncipe, São Paulo: Martin Claret, 2009.
No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexão sobre a Monarquia e a função do governante. A manutenção da ordem social, segundo esse autor, baseava-se na
inércia do julgamento de crimes polêmicos.
neutralidade diante da condenação dos servos.
bondade em relação ao comportamento dos mercenários.
conveniência entre o poder tirânico e a moral do príncipe.
compaixão quanto à condenação de transgressões religiosas.
Para Maquiavel, quando um homem decide dizer a verdade pondo em risco a própria integridade física, tal resolução diz respeito apenas a sua pessoa. Mas se esse mesmo homem é um chefe de Estado, os critérios pessoais não são mais adequados para decidir sobre ações cujas consequências se tornam tão amplas, já que o prejuízo não será apenas individual, mas coletivo. Nesse caso, conforme as circunstâncias e os fins a serem atingidos, pode-se decidir que o melhor para o bem comum seja mentir. ARANHA, M. L. Maquiavel: a lógica da força. São Paulo: Moderna, 2006 (adaptado).
O texto aponta uma inovação na teoria política na época moderna expressa na distinção entre:
verificabilidade e possibilidade da verdade.
idealidade e efetividade da moral.
ilegalidade e legitimidade do governante.
objetividade e subjetividade do conhecimento.
nulidade e preservabilidade da liberdade.
Não ignoro a opinião antiga e muito difundida de que o que acontece no mundo é decidido por Deus e pelo acaso. Essa opinião é muito aceita em nossos dias, devido às grandes transformações ocorridas, e que ocorrem diariamente, as quais escapam à conjectura humana. Não obstante, para não ignorar inteiramente o nosso livre-arbítrio, creio que se pode aceitar que a sorte decida metade dos nossos atos, mas [o livre-arbítrio] nos permite o controle sobre a outra metade. MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Brasília: EdUnB, 1979 (adaptado).
Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do poder em seu tempo. No trecho citado, o autor demonstra o vínculo entre o seu pensamento político e o humanismo renascentista ao
rejeitar a intervenção do acaso nos processos políticos.
romper com a tradição que valorizava o passado como fonte de aprendizagem.
afirmar a confiança na razão autônoma como fundamento da ação humana.
valorizar a interferência divina nos acontecimentos definidores do seu tempo.
redefinir a ação política com base na unidade entre fé e razão.
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