A forma de organização interna da indústria citada gera a seguinte consequência para a mão de obra nela inserida:
Ampliação da jornada diária.
Desconhecimento das etapas produtivas.
Instabilidade nos cargos ocupados.
Melhoria da qualidade do trabalho.
Eficiência na prevenção de acidentes.
Parece-me bastante significativo que a questão muito discutida sobre se o homem deve ser “ajustado” à máquina ou se a máquina deve ser ajustada à natureza do homem nunca tenha sido levantada a respeito dos meros instrumentos e ferramentas. E a razão disto é que todas as ferramentas da manufatura permanecem a serviço da mão, ao passo que as máquinas realmente exigem que o trabalhador as sirva, ajuste o ritmo natural do seu corpo ao movimento mecânico delas. ARENDT, H. Trabalho, Obra e Ação. In: Cadernos de Ética e Filosofia Política 7. São Paulo: EdUSP, 2005 (fragmento).
Com base no texto, as principais consequências da substituição da ferramenta manual pela máquina são
o adestramento do corpo e a perda da autonomia do trabalhador.
a reformulação dos modos de produção e o engajamento político do trabalhador.
o aperfeiçoamento da produção manufatureira criativa e a rejeição do trabalho repetitivo.
o abandono da produção manufatureira e o aperfeiçoamento da máquina.
a flexibilização do controle ideológico e a manutenção da liberdade do trabalhador.
Os rituais estoicos do escritório, entre móveis sólidos, ásperos e numerosos módulos, e os funcionários, do rh ou contas a pagar, "boa tarde", "volte sempre", as tantas cobranças que o patrão reclama, avulsas, ouvindo a secretária soluçar, aplicada às duplicatas, enquanto convulsionamos números (necessário é discá-los todos), o monstro é um patrão eletrônico, ao invés de mãos, há troncos telefônicos; inaptos, se matando aos poucos estes homens que trabalham: um por um, inúteis, caminham na calma ao recinto sanitário, tomam pílulas diantes dos próprios rostos, projetados no mictório, findam em suicídios tão limpos quanto burocráticos; as máquinas permanecem a sós, sem ócio nem laços, sem tempo, apenas relógios, sem sonho ou delírio, apenas atrapalham, repetindo os mesmos sinos; apenas trabalham, trabalham: com ódio. GUARNIERI, A. Suplemento Literário de Minas Gerais, n. 1 338, set.-out. 2011.
Ao correlacionar o trabalho humano ao da máquina, o autor vale-se da disposição visual do texto para
expressar a ideia de desumanização e de perda de identidade.
ironizar a realização de tarefas repetitivas e acríticas.
sinalizar a alienação do funcionário de repartição.
realçar a falta de sentido de atividades burocráticas.
destacar a inutilidade do trabalhador moderno.
O conceito de alienação pressupõe diferentes entendimentos conforme seu emprego, como na esfera jurídica em que indica a perda da posse de um bem; no campo da psiquiatria, refere-se à perda da dimensão de si na relação com os outros; no âmbito religioso, aponta para à idolatria e a perda da autonomia. Para Jean Jacques Rousseau, tal fenômeno acontece quando se perde a compreensão do mundo, tornando-se alheio à própria realidade. Na concepção marxista, a alienação, fruto da divisão de trabalho produzido pela mecanização fabril e que atingiu seu auge, no século XX, com as linhas de montagem, é caracterizada quando:
o produto do trabalho deixa de pertencer a quem o produziu.
o salário pago pelo empregador fica abaixo dos índices de mercado.
o trabalho é feito apenas por técnicos especialistas.
o trabalhador perde seu emprego e para sobreviver aceita um subemprego.
O trabalhador se torna tão mais pobre quanto mais riqueza produz, quanto mais a sua produção aumenta em poder e extensão. O trabalhador se torna uma mercadoria tão mais barata quanto mais mercadorias cria. Com a valorização do mundo das coisas aumenta em proporção direta a desvalorização do mundo dos homens. MARX, K. A Consciência revolucionária da História. 3. ed. São Paulo: Ática, 1989, p. 148.
Segundo Marx, as mudanças nas relações descritas no texto, devido ao sistema capitalista, levaram à
exploração ampla e injusta da mão de obra.
alienação da perda do objeto e do produto.
superação da divisão social do proletariado.
apropriação das propriedades comunitárias.
contestação dos ganhos erários da burguesia.
“Todas essas consequências decorrem do fato de o trabalhador se relacionar com o produto de seu trabalho como com um objeto estranho. Pois está claro que, baseado nesta premissa, quanto mais o trabalhador se desgasta no trabalho tanto mais poderoso se torna o mundo de objetos por ele criado em face dele mesmo, tanto mais pobre se torna a sua vida interior, e tanto menos ele se pertence a si próprio. O mesmo se passa na religião. Quanto mais de si mesmo o homem atribui a Deus, tanto menos lhe resta de si mesmo. O trabalhador põe a sua vida no objeto, e sua vida, então, não mais lhe pertence, porém, ao objeto. Quanto maior for sua atividade, portanto, tanto menos ele possuirá. O que está incorporado ao produto de seu trabalho não mais é dele mesmo. Quanto maior for o produto de seu trabalho, por conseguinte, tanto mais ele minguará. A alienação do trabalhador em seu produto não significa apenas que o trabalho dele se converte em objeto, assumindo uma existência externa, mas ainda que existe independentemente, fora dele mesmo, e a ele estranho, e que com ele se defronta como uma força autônoma. A vida que ele deu ao objeto volta-se contra ele como uma força estranha e hostil.” Karl Marx. Manuscritos Econômicos e Filosóficos.
Com base no fragmento do texto acima e levando-se em conta o pensamento de Marx, é CORRETO afirmar que:
a palavra alienação deriva do latim alienus e significa aquilo que pertence a Deus. Neste sentido, é comum vermos a palavra alienação relacionada à ideia de dízimo como correspondendo àquilo que não nos pertence e, portanto, deve ser entregue a Deus.
costuma-se dizer que a televisão tem um poder alienador imenso. Não se pode generalizar essa fala em relação às novelas, já que elas, em sua maioria, podem ser consideradas mecanismos culturais de alta qualidade, importantes para o trabalhador, que passa boa parte do seu tempo entregue ao trabalho, esse sim alienador.
um indivíduo alienado é aquele que padece de uma doença mental grave, que o leva a ter visões distorcidas do meio em que vive, perdendo o sentido da realidade e até mesmo levando-o a um quadro psicótico, de acordo com Marx.
Marx está falando das várias formas de alienação que acometem o homem na sociedade capitalista: a alienação econômica, social e religiosa.
Marx é o criador da ideia de alienação fiduciária, que corresponde à transferência, por parte do devedor, de um bem móvel ou imóvel como garantia de pagamento de uma dívida.
O compositor Zé Ramalho, em seu poema musical “Vida de Gado”, apresenta a seguinte forma de vida:
"Vocês que fazem parte dessa massa,
Que passa nos projetos, do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais, do que receber.
E ter que demonstrar, sua coragem
A margem do que possa aparecer.
E ver que toda essa engrenagem
Já sente a ferrugem lhe comer.
Eh, ô ô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz
Eh, ô ô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz […]" Fonte: RAMALHO, Zé. Vida de Gado. Disponível em: . Acesso em: 12 ago. 2013.
A forma de vida cantada pelo eu-poético em \'Vida de gado\' revela a atitude de um povo diante das questões de vida. Pode-se relacionar a atitude cantada ao conceito de alienação, na perspectiva filosófica. Um comportamento alienado significa que uma pessoa está
revoltada quanto aos conceitos morais e oferece novas experiências.
alinhada com as questões políticas e desejosa do consumismo.
afastada da vida e se desconhece naquilo que produz.
naturalizada nas participações políticas e questiona sua existência profissional.
abstraída das relações governamentais e indaga sobre seus direitos sociais.
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