Os produtos e seu consumo constituem a meta declarada do empreendimento tecnológico. Essa meta foi proposta pela primeira vez no início da Modernidade, como expectativa de que o homem poderia dominar a natureza. No entanto, essa expectativa, convertida em programa anunciado por pensadores como Descartes e Bacon e impulsionado pelo Iluminismo, não surgiu “de um prazer de poder”, “de um mero imperialismo humano”, mas da aspiração de libertar o homem e de enriquecer sua vida, física e culturalmente. CUPANI, A. A tecnologia como problema filosófico: três enfoques. Scientiae Studia, São Paulo, v. 2, n. 4, 2004 (adaptado).
Autores da filosofia moderna, notadamente Descartes e Bacon, e o projeto iluminista concebem a ciência como uma forma de saber que almeja libertar o homem das intempéries da natureza. Nesse contexto, a investigação científica consiste em
expor a essência da verdade e resolver definitivamente as disputas teóricas ainda existentes.
ser a expressão da razão e servir de modelo para outras áreas do saber que almejam o progresso.
explicar a dinâmica presente entre os fenômenos naturais e impor limites aos debates acadêmicos.
oferecer a última palavra acerca das coisas que existem e ocupar o lugar que outrora foi da filosofia.
explicitar as leis gerais que permitem interpretar a natureza e eliminar os discursos éticos e religiosos.
Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se devia regular pelos objetos; porém, todas as tentativas para descobrir, mediante conceitos, algo que ampliasse nosso conhecimento, malogravam-se com esse pressuposto. Tentemos, pois, uma vez, experimentar se não se resolverão melhor as tarefas da metafísica, admitindo que os objetos se deveriam regular pelo nosso conhecimento.
KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste-Gulbenkian, 1994 (adaptado).
O trecho em questão é uma referência ao que ficou conhecido como revolução copernicana na filosofia. Nele, confrontam-se duas posições filosóficas que.
revelam a relação de interdependência entre os dados da experiência e a reflexão filosófica.
defendem que o conhecimento é impossível, restando-nos somente o ceticismo.
apostam, no que diz respeito às tarefas da filosofia, na primazia das ideias em relação aos objetos.
assumem pontos de vista opostos acerca da natureza do conhecimento.
refutam-se mutuamente quanto à natureza do nosso conhecimento e são ambas recusadas por Kant.
O edifício é circular. Os apartamentos dos prisioneiros ocupam a circunferência. Você pode chamá-los, se quiser, de celas. O apartamento do inspetor ocupa o centro; você pode chamá-lo, se quiser de alojamento do inspetor. A moral reformada; a saúde preservada; a indústria revigorada; a instrução difundida; os encargos públicos aliviados; a economia assentada, como deve ser, sobre uma rocha; o nó górdio da Lei sobre os Pobres não cortado, mas desfeito – tudo por uma simples ideia de arquitetura! BENTHAM, J. O panóptico. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
Essa é a proposta de um sistema conhecido como panóptico, um modelo que mostra o poder da disciplina nas sociedades contemporâneas, exercido preferencialmente por mecanismos
ideológicos, que estabelecem limites pela alienação, impedindo a visão da dominação sofrida.
sutis, que adestram os corpos no espaço-tempo por meio do olhar como instrumento de controle.
religiosos, que se constituem como um olho divino controlador que tudo vê.
consensuais, que pactuam acordos com base na compreensão dos benefícios gerais de se ter as próprias ações controladas.
repressivos, que perpetuam as relações de dominação entre os homens por meio da tortura física.
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