A filosofia é como uma árvore, cujas raízes são a metafísica; o tronco, a física, e os ramos que saem do tronco são todas as outras ciências, que se reduzem a três principais: a medicina, a mecânica e a moral, entendendo por moral a mais elevada e a mais perfeita porque pressupõe um saber integral das outras ciências, e é o último grau da sabedoria.
DESCARTES, R. Princípios da filosofia. Lisboa: Edições 70, 1997 (adaptado).
Essa construção alegórica de Descartes, acerca da condição epistemológica da filosofia, tem como objetivo
impulsionar o pensamento especulativo.
refutar o elemento fundamental das crenças.
incentivar a suspensão dos juízos.
recepcionar o método experimental.
sustentar a unidade essencial do conhecimento.
Na primeira meditação, eu exponho as razões pelas quais nós podemos duvidar de todas as coisas e, particularmente das coisas materiais, pelo menos enquanto não tivermos outros fundamentos nas ciências além dos que tivemos até o presente. Na segunda meditação, o espírito reconhece entretanto que é absolutamente impossível que ele mesmo, o espírito, não exista. DESCARTES, R. Meditações metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1973 (adaptado).
O instrumento intelectual empregado por Descartes para analisar os seus próprios pensamentos tem como objetivo
investigar totalidades estruturadas para dotá-las de significação.
identificar um ponto de partida para a consolidação de um conhecimento seguro.
observar os eventos particulares para a formação de um entendimento universal.
analisar as necessidades humanas para a construção de um saber empírico.
estabelecer uma base cognitiva para assegurar a valorização da memória.
TEXTO I
Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez. DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979. TEXTO II
Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja sendo empregada sem nenhum significado, precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá para confirmar nossa suspeita. HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004 (adaptado).
Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do conhecimento humano. A comparação dos excertos permite assumir que Descartes e Hume
entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma ideia na reflexão filosófica e crítica.
concordam que conhecimento humano é impossível em relação às ideias e aos sentidos.
defendem os sentidos como critério originário para considerar um conhecimento legítimo.
são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do conhecimento.
atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de obtenção do conhecimento.
Dizem que Humboldt, naturalista do século XIX, maravilhado pela geografia, flora e fauna da região sulamericana, via seus habitantes como se fossem mendigos sentados sobre um saco de ouro, referindo-se a suas incomensuráveis riquezas naturais não exploradas. De alguma maneira, o cientista ratificou nosso papel de exportadores de natureza no que seria o mundo depois da colonização ibérica: enxergou-nos como territórios condenados a aproveitar os recursos naturais existentes. ACOSTA, A. Bem viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. São Paulo: Elefante, 2016 (adaptado).
A relação entre ser humano e natureza ressaltada no texto refletia a permanência da seguinte corrente filosófica:
Relativismo cognitivo.
Pluralismo epistemológico.
Racionalismo cartesiano.
Existencialismo fenomenológico.
Materialismo dialético.
Nunca nos tornaremos matemáticos, por exemplo, embora nossa memória possua todas as demonstrações feitas por outros, se nosso espírito não for capaz de resolver toda espécie de problemas; não nos tornaríamos filósofos, por ter lido todos os raciocínios de Platão e Aristóteles, sem poder formular um juízo sólido sobre o que nos é proposto. Assim, de fato, pareceríamos ter aprendido, não ciências, mas histórias. DESCARTES, R. Regras para a orientação do espírito. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
Em busca pelo saber verdadeiro, o autor considera o conhecimento, de modo crítico, como resultado da
liberdade do agente moral.
investigação da natureza empírica.
retomada da tradição intelectual.
imposição de valores ortodoxos.
autonomia do sujeito pensante.
TEXTO I
Considero apropriado deter-me algum tempo na contemplação deste Deus todo perfeito, ponderar totalmente à vontade seus maravilhosos atributos, considerar, admirar e adorar a incomparável beleza dessa imensa luz. DESCARTES, R. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1980. TEXTO II
Qual será a forma mais razoável de entender como é o mundo? Existirá alguma boa razão para acreditar que o mundo foi criado por uma divindade todo-poderosa? Não podemos dizer que a crença em Deus é “apenas” uma questão de fé. RACHELS, J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.
Os textos abordam um questionamento da construção da modernidade que defende um modelo:
configurado na percepção etnocêntrica.
fundamentado na ordenação imanentista.
baseado na explicação mitológica.
focado na legitimação contratualista.
centrado na razão humana.
Após ter examinado cuidadosamente todas as coisas, cumpre enfim concluir e ter por constante que esta proposição, eu sou, eu existo, é necessariamente verdadeira todas as vezes que a enuncio ou que a concebo em meu espírito. DESCARTES, R. Meditações. Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
A proposição “eu sou, eu existo” corresponde a um dos momentos mais importantes na ruptura da filosofia do século XVII com os padrões da reflexão medieval, por:
questionar a relação entre a filosofia e o tema da existência de Deus.
inaugurar a posição teórica conhecida como empirismo.
estabelecer o ceticismo como opção legítima.
utilizar silogismos linguísticos como prova ontológica.
estabelecer um princípio indubitável para o conhecimento.
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