TEXTO I
Duas coisas enchem o ânimo de admiração e veneração sempre crescentes: o céu estrelado sobre mim e a lei moral em mim. KANT, I. Crítica da razão prática. Lisboa: Edições 70, s/d (adaptado). TEXTO II
Duas coisas admiro: a dura lei cobrindo-me e o estrelado céu dentro de mim. FONTELA, O. Kant (relido). In: Poesia completa. São Paulo: Hedra, 2015.
A releitura realizada pela poeta inverte as seguintes ideias centrais do pensamento kantiano:
Prescindibilidade do empírico e autoridade da razão.
Necessidade da boa vontade e crítica da metafísica.
Interioridade da norma e fenomenalidade do mundo.
Possibilidade da liberdade e obrigação da ação.
Aprioridade do juízo e importância da natureza.
Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento. A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há muito os libertou de uma condição estranha, continuem, no entanto, de bom grado menores durante toda a vida. KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado).
Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, fundamental para a compreensão do contexto filosófico da Modernidade. Esclarecimento, no sentido empregado por Kant, representa
o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das verdades eternas.
a compreensão de verdades religiosas que libertam o homem da falta de entendimento.
a emancipação da subjetividade humana de ideologias produzidas pela própria razão.
a reivindicação de autonomia da capacidade racional como expressão da maioridade.
a imposição de verdades matemáticas, com caráter objetivo, de forma heterônoma.
Uma pessoa vê-se forçada pela necessidade a pedir dinheiro emprestado. Sabe muito bem que não poderá pagar, mas vê também que não lhe emprestarão nada se não prometer firmemente pagar em prazo determinado. Sente a tentação de fazer a promessa; mas tem ainda consciência bastante para perguntar a si mesma: não é proibido e contrário ao dever livrar-se de apuros desta maneira? Admitindo que se decida a fazê-lo, a sua máxima de ação seria: quando julgo estar em apuros de dinheiro, vou pedi-lo emprestado e prometo pagá-lo, embora saiba que tal nunca sucederá. KANT, l. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo. Abril Cultural, 1980.
De acordo com a moral kantiana, a “falsa promessa de pagamento” representada no texto
Garante que os efeitos das ações não destruam a possibilidade da vida futura na terra.
Permite que a ação individual produza a mais ampla felicidade para as pessoas envolvidas.
Materializa-se no entendimento de que os fins da ação humana podem justificar os meios.
Assegura que a ação seja aceita por todos a partir livre discussão participativa.
Opõe-se ao princípio de que toda ação do homem possa valer como norma universal.
Um Estado é uma multidão de seres humanos submetida a leis de direito. Todo Estado encerra três poderes dentro de si, isto é, a vontade unida em geral consiste de três pessoas: o poder soberano (soberania) na pessoa do legislador; o poder executivo na pessoa do governante (em consonância com a lei) e o poder judiciário (para outorgar a cada um o que é seu de acordo com a lei) na pessoa do juiz. KANT, I. A metafísica dos costumes. Bauru: EDIPRO, 2003.
De acordo com o texto, em um Estado de direito
a vontade do governante deve ser obedecida, pois é ele que tem o verdadeiro poder.
o Poder Judiciário, na pessoa do juiz, é soberano, pois é ele que outorga a cada um o que é seu.
o Poder Executivo deve submeter-se ao Judiciário, pois depende dele para validar suas determinações.
o Poder Legislativo deve submeter-se ao Executivo, na pessoa do governante, pois ele que é soberano.
a lei do legislador deve ser obedecida, pois ela é a representação da vontade geral.
Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se devia regular pelos objetos; porém, todas as tentativas para descobrir, mediante conceitos, algo que ampliasse nosso conhecimento, malogravam-se com esse pressuposto. Tentemos, pois, uma vez, experimentar se não se resolverão melhor as tarefas da metafísica, admitindo que os objetos se deveriam regular pelo nosso conhecimento. KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste-Gulbenkian, 1994 (adaptado).
O trecho em questão é uma referência ao que ficou conhecido como revolução copernicana na filosofia. Nele, confrontam-se duas posições filosóficas que
refutam-se mutuamente quanto à natureza do nosso conhecimento e são ambas recusadas por Kant.
revelam a relação de interdependência entre os dados da experiência e a reflexão filosófica.
apostam, no que diz respeito às tarefas da filosofia, na primazia das ideias em relação aos objetos.
defendem que o conhecimento é impossível, restando-nos somente o ceticismo.
assumem pontos de vista opostos acerca da natureza do conhecimento.
A pura lealdade na amizade, embora até o presente não tenha existido nenhum amigo leal, é imposta a todo homem, essencialmente, pelo fato de tal dever estar implicado como dever em geral, anteriormente a toda experiência, na ideia de uma razão que determina a vontade segundo princípios a priori. KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo: Barcarolla, 2009.
A passagem citada expõe um pensamento caracterizado pela:
transvaloração dos valores judaico-cristãos.
importância dos valores democráticos nas relações de amizade.
recusa em fundamentar a moral pela experiência.
eficácia prática da razão empírica.
comparação da ética a uma ciência de rigor matemático.
Princípios práticos são subjetivos, ou máximas, quando a condição é considerada pelo sujeito como verdadeira só para a sua vontade; são, por outro lado, objetivos, quando a condição é válida para a vontade de todo ser natural. KANT, I. Crítica da razão prática. Lisboa: Edições 70, 2008.
Este é um recurso exclusivo para assinantes. Assinantes podem copiar e modificar mais de 500 textos e 2000 questões disponíveis no nosso banco de questões de Filosofia, além de milhares de questões de Sociologia, Geografia e História.