Minha fórmula para o que há de grande no individuo é amor fati: nada desejar além daquilo que é, nem diante de si, nem atrás de si, nem nos séculos dos séculos. Não se contentar em suportar o inelutável, e ainda menos dissimula-lo, mas amá-lo.
NIETZSCHE apud FERRY, L. Aprender a viver: filosofia para os novos tempos. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010 (adaptado).
Essa fórmula indicada por Nietzsche consiste em uma crítica à tradição cristã que.
impede o avanço científico no contexto moderno.
condena os modelos filosóficos da Antiguidade Clássica.
consagra a realização humana ao campo transcendental.
associa os cultos pagãos à sacralização da natureza.
combate as práticas sociais de cunho afetivo.
Vi os homens sumirem-se numa grande tristeza. Os melhores cansaram-se das suas obras. Proclamou-se uma doutrina e com ela circulou uma crença: Tudo é oco, tudo é igual, tudo passou! O nosso trabalho foi inútil; o nosso vinho tornou-se veneno; o mau olhado amareleceu-nos os campos e os corações. Secamos de todo, e se caísse fogo em cima de nós, as nossas cinzas voariam em pó. Sim; cansamos o próprio fogo. Todas as fontes secaram para nós, e o mar retirou-se. Todos os solos se querem abrir, mas os abismos não nos querem tragar. NIETZSCHE, F. Assim falou Zaratustra. Rio de Janeiro: Ediouro, 1977.
O texto exprime uma construção alegórica, que traduz um entendimento da doutrina niilista, uma vez que
exorta as relações de produção.
amplifica o sentimento de ansiedade.
reforça a liberdade do cidadão.
destaca a decadência da cultura.
desvela os valores do cotidiano.
Eis o ensinamento de minha doutrina: “Viva de forma a ter de desejar reviver — é o dever —, pois, em todo caso, você reviverá! Aquele que ama antes de tudo se submeter, obedecer e seguir, que obedeça! Mas que saiba para o que dirige sua preferência, e não recue diante de nenhum meio! É a eternidade que está em jogo!”. NIETZSCHE apud FERRY, L. Aprender a viver: filosofia para os novos tempos. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010 (adaptado).
O trecho contém uma formulação da doutrina nietzscheana do eterno retorno, que apresenta critérios radicais de avaliação da
veracidade do postulado cosmológico da perenidade do mundo.
validade de padrões habituais de ação humana ao longo da história.
conveniência do cuidado da saúde física e espiritual.
qualidade de nossa existência pessoal e coletiva.
legitimidade da doutrina pagã da transmigração da alma.
Nietzsche celebrizou-se e tornou-se até venerado por muitos por haver filosofado, no dizer comum, a ―golpes de martelo‖, uma vez que realizou críticas radicais à filosofia de tradição socrático-platônica, ao cristianismo e, inclusive, à ciência.
Nietzsche desferiu golpes impiedosos a essas categorias da cultura ocidental, porque
determinaram a ―morte de Deus‖, privando-se da competência de arrebanhar os homens.
desarticularam a moral histórica, impedindo a vontade de potência subjetiva no ocidente.
desmotivaram a vontade de potência humana, conforme paradigmas da filosofia e da ciência.
preservaram a tradição atrofiando, consequentemente, a possibilidade de atualização de uma moral universal.
impuseram uma moral de rebanho, capaz de atrofiar a vontade de potência dos indivíduos.
Leia o texto a seguir.
Se observei corretamente, em geral “a não liberdade de arbítrio” é vista como problema por dois lados inteiramente opostos, mas sempre de maneira profundamente pessoal: uns não querem por preço algum abandonar sua “responsabilidade”, a fé em si, o direito pessoal ao seu mérito (os tipos vaidosos estão desse lado); os outros, pelo contrário, não desejam se responsabilizar por nada, ser culpados de nada, e, a partir de um autodesprezo interior, querem depositar o fardo de si mesmos em algum outro lugar. Estes últimos, quando escrevem livros, costumam agora tomar a defesa dos criminosos. (NIETZSCHE, F. Além do Bem e do Mal. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. Aforismo 21. p.26.)
Considerando essa passagem, assinale a alternativa correta.
O texto defende que os criminosos, na medida em que possuem o livre arbítrio, são culpados.
As teses que defendem o livre-arbítrio ou o determinismo têm origem na relação que o ser humano mantém consigo mesmo.
O texto defende que o ser humano possui o livre-arbítrio.
A passagem explicita a superioridade científica das teses que defendem o livre-arbítrio em relação àquelas que defendem o determinismo.
O texto defende que o ser humano é determinado por causas materiais.
Para Nietzsche, uma educação superior da humanidade exigiria uma transvaloração de todos os valores que têm como frente de combate a transvaloração platônico-cristã. Em relação à transvaloração proposta por Nietzsche, nota-se que
visa aprofundar a cisão platônico-cristã entre esse mundo (o empírico) e o outro mundo (o mundo-verdade).
implica uma valorização dos valores presentes eliminando a ideia de um mundo metafísico de verdades eternas.
sustenta uma visão metafísica que valoriza e postula uma possível realidade para além do mundo sensível.
visa retirar o homem da alienação na qual se encontra, mostrando que tudo já está decidido e escolhido para nós.
opera uma inversão de valores, na medida em que considera os valores vigentes como sintoma de decadência.
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