René Descartes: ideias e biografia
Biografia
René Descartes nasceu na França em 1596 e morreu em 1650. Ainda jovem foi enviado para um colégio interno jesuíta no qual recebeu uma educação básica. Em seguida, iniciou a faculdade de direito, por insistência de seu pai que era juiz, mas abandonou depois de dois anos.
No restante de sua vida, nunca mais teve qualquer compromisso formal com trabalho ou estudo. Levou uma vida de ócio proporcionada por uma renda que conseguiu através de sua herança.
O filósofo foi um viajante solitário ao longo de sua vida. Sem qualquer responsabilidade e ocupação, viajou constantemente por vários países da Europa sem jamais se estabelecer definitivamente em nenhum. Seus amigos eram poucos e possuíam um vínculo derivado apenas do interesse comum pelas grandes questões filosóficas da época.
Descartes não se dedicou à elaboração de uma filosofia desde cedo. Curiosamente, isso tem a ver com uma visão que teve em 1619. Conta-se que em uma de suas viagens estava sentado em seu quarto aquecido e teve a visão de um universo que poderia ser decifrado através do uso da matemática. Isso parece ter feito com que desejasse elaborar toda uma nova forma de compreender o mundo que seria muito influente na ciência moderna. Embora seus hábitos preguiçosos fizessem com esse projeto fosse adiado ainda por vários anos.
Em torno de 1630 Descartes se estabelece na Holanda e aí passa a escrever sua obra. Esse era um país que se destacava na Europa pela liberdade de pensamento que permitia. Enquanto em outros países as pessoas eram queimadas por fazer descobertas contrárias aos dogmas da religião, na Holanda se gozava de uma relativa liberdade. Tanto que outros pensadores originais do período, como Locke e Espinosa, viveram algum tempo por lá. Esse era o centro intelectual da Europa no século XVII.
A filosofia de Descartes é marcada pela confiança na capacidade da razão humana desvendar o funcionamento do mundo e assim não só atingir um conhecimento verdadeiro sobre a realidade, mas também melhorar a condição humana na terra. Depositava grande confiança nos progressos que seriam feitos na medicina depois que adotasse um novo método. Esperava inclusive viver até mais de cem anos, confiante na nova ciência, apesar de sua condição de saúde um tanto precária.
Com o intuito de criar uma nova filosofia, escreveu um livro chamado Tratado sobre o universo, que abrangia questões filosóficas, científicas e matemáticas. No entanto, o livro não seria publicado. Nesse período, em Roma, Galileu era obrigado a negar o resultado de suas pesquisas para evitar a morte. Descartes preferiu evitar correr esse risco e deixou o livro engavetado.
Dando continuidade ao seu projeto filosófico, Descartes escreveu o Discurso do método e Meditações metafísicas. Mesmo tendo tomado cuidado para não gerar atrito com a Igreja, na qual acreditava, seu livro gerou uma série de críticas e seu autor só não teve maiores problemas por causa de suas amizades. O último livro fez com que fosse acusado de heresia. Embora Descartes apresente uma série de argumentos para provar a existência de Deus, aquilo que chamou de dúvida metódica não foi bem aceito e seus argumento em defesa de Deus pareceram fracos demais.
Descartes se tornou bastante conhecido na Europa depois da publicação de seus livros. A rainha Cristina da Suécia tomou conhecimento das ideias do filósofo e pediu que viesse passar um tempo na Suécia para que pudesse ensiná-la sobre filosofia.
Descartes recusou o convite algumas vezes, mas diante da insistência da rainha não teve outra escolha. Esse seria sua última viagem. O filósofo disse que a Suécia era tão fria que “até os pensamentos dos homens congelavam”. Não resistiu ao clima e à nova rotina. Morreu em 1650.
O projeto filosófico de Descartes
A opinião de Descartes sobre os conhecimentos que eram ensinados na época era bastante crítica. No livro Discurso do Método, relata como ficou decepcionado com aquilo que aprendeu. Tudo o que era ensinado então estava envolto em dúvidas e incertezas. Todas as teorias filosóficas eram alvo de disputas intermináveis e não havia esperança de que alguma delas acabaria se mostrando verdadeira. De modo que, ao terminar seus estudos, tinha a impressão de que sabia menos do que ao iniciá-los.
Ao comparar a filosofia com outras áreas do conhecimento, como a física e a matemática de sua época, a diferença era gritante. A primeira dava passos sólidos fazendo novas descobertas sobre o mundo que podiam ser provadas e aos poucos se tornavam aceitas pela maioria dos estudiosos. A segunda, já há séculos chegava a conclusões que eram claramente verdadeiras e universalmente aceitas.
A filosofia, por outro lado, o que tinha de sólido para oferecer? Todas as suas teorias eram questionadas e pareciam realmente duvidosas.
Para tentar dar um jeito nessa situação, Descartes pensa que o primeiro passo é adotar um novo método. Assim, ele estabelece uma série de regras que deveriam ser cuidadosamente observadas. Seu propósito com isso era oferecer uma forma de proceder nas investigações filosóficas que pudesse levar a uma compreensão clara e resultar em teorias sólidas, que possuíssem uma boa comprovação e fossem aceitas por qualquer pessoa.
Nas palavras do autor, seu propósito era oferecer “regras certas e fáceis que, sendo observadas exatamente por quem quer que seja, tornem impossível tomar o falso por verdadeiro e, sem qualquer esforço mental inútil, mas aumentando sempre gradualmente a ciência, levem ao conhecimento verdadeiro de tudo o que se é capaz de conhecer.”
O método cartesiano
Então, como devemos proceder para chegar ao conhecimento verdadeiro e evitar o erro, de acordo com Descartes?
O método cartesiano é constituído por quatro regras. Ele mesmo seguiu essas regras ao desenvolver sua filosofia e pensa que podem ser úteis para os filósofos em geral.
A primeira regra do método é a da evidência. Descartes afirma que jamais devemos aceitar como verdadeira qualquer ideia que não seja “clara e distinta”. Ou seja, qualquer ideia sobre a qual não reste a menor dúvida de que é verdadeira, que seja evidente. Se houver uma dúvida, a mínima que seja, então não deve ser aceita. Uma ideia duvidosa poderia colocar em risco toda uma teoria.
A segunda regra do método de Descartes é dividir os problemas complexos em problemas menores, ou seja, fazer uma análise minuciosa dos problemas. A ideia é tentar dividir o objeto de análise ao mais simples possível para que assim seja mais fácil separar a verdade do erro.
Em seguida, depois da análise, se usa as ideias simples, claras e distintas, para construir teorias complexas através do raciocínio dedutivo. Essa é a terceira regra do método, conhecida como síntese. Ao desenvolver sua filosofia, Descartes demonstra o uso dessa estratégia ao partir da afirmação simples e evidente “penso, logo existo”, para conhecimentos mais complexos, como o que nosso corpo e alma são distintos ou que existe Deus.
A quarta e última regra orienta a revisão ou controle. O filósofo recomendava rever todo o trabalho feito a fim de evitar que qualquer erro tenha passado despercebido.
Descartes acreditava que seguindo esses passos simples, a filosofia poderia chegar a conclusões indubitáveis sobre o mundo. Foi isso que fez ao desenvolver suas ideias e ele mesmo pensou ter chegado a uma série de conclusões indubitáveis.
A dúvida radical
O primeiro passo de uma nova filosofia, sujeita o mínimo possível ao erro, é aceitar apenas crenças que se mostrem claras e distintas. Por isso Descartes começa seu livro chamado Meditações Metafísicas verificando suas crenças e disposto a colocar no lixo, por assim dizer, todas aquelas que não se mostrarem claras e distintas.
Para isso, o filósofo explora uma série de argumentos céticos para verificar se suas crenças se sustentam.
O primeiro desses argumentos apela ao erro dos sentidos. Esse argumento era muito usado pelos céticos gregos na antiguidade. Observa que algumas ideias que formamos sobre o mundo ao nosso redor podem estar erradas porque nossos sentidos nos enganam. E como não é sensato confiar em quem já nos enganou uma vez, é melhor não aceitar totalmente o que nos mostram os sentidos. É prudente, portanto, não confiar no que conhecemos através deles, sobretudo naqueles casos em que mais falham, quando os objetos estão longe ou a luminosidade não favorece a visão.
No entanto, há crenças que estão totalmente imunes a qualquer erro dessa natureza. Descartes observa que uma pessoa não poderia ser enganada pelos sentidos sobre o fato de estar em um determinado lugar, vestida de uma determinada maneira, que tem mãos e pernas etc. Esse é um conhecimento evidente do qual apenas um louco poderia duvidar.
Diante disso, Descartes parte para um novo argumento cético: o argumento dos sonhos. Escreve Descartes
“Quantas vezes ocorreu-me sonhar, durante a noite, que estava [em outro] lugar, que estava vestido, que estava junto ao fogo, embora estivesse inteiramente nu dentro de meu leito?”
Sono e vigília são diferentes, mas não raro confundimos as duas coisas. E como Descartes está disposto a aceitar apenas aquelas verdades claras e distintas, rejeita também o conhecimento imediato de si como possível ilusão.
Por fim, Descartes considera a possível existência de um Deus enganador que chama de gênio maligno. E se, argumenta o filósofo, existisse um Deus todo-poderoso e malvado que nos enganasse sistematicamente sobre tudo. Pensamos que dois mais dois é quatro, essa parece uma verdade clara e distinta. Porém, e se esse gênio maligno estivesse nos enganando nesse ponto? O mesmo poderia fazer em relação a tudo: o que sabemos sobre nosso corpo, o lugar onde estamos, as pessoas a nossa volta. Tudo isso poderia ser uma ilusão criada por esse deus enganador.
E assim chegamos à dúvida radical de Descartes. De fato, seu raciocínio parece não deixar lugar para qualquer certeza sobre o mundo que nos cerca. De modo que a única atitude correta é suspender o julgamento sobre todas as coisas.
O método de Descartes o levou a rejeitar inicialmente todas as suas crenças. Depois de destruir tudo que sabia até então, Descartes faz uma análise cuidadosa para verificar se não há pelo menos uma crença que se salve. É assim que chega a sua primeira verdade clara e distinta: penso, logo existo.
Penso, logo existo
Depois de pôr todas as suas crenças em dúvida, Descartes conclui que é um ser que pensa. Um gênio maligno seria capaz de lhe enganar sobre todo, mas para que o engane ele deve ser algo. Como esse gênio poderia enganar alguém que não existe? Assim, é evidente que a ideia “penso, logo existo” é verdadeira.
Descartes afirma, então, que é um ser que pensa, que reflete, que duvida. Essas são verdades evidentes, inquestionáveis, capazes de resistir até mesmo ao gênio maligno.
Essa é uma verdade fundamental que Descartes usa como o alicerce de toda sua filosofia. Mas ainda assim é muito pouco o que oferece. Afinal, nesse ponto, o filósofo tem certeza apenas de que existe. Nada mais. Dado que é possível que exista um gênio maligno, não pode ter certeza sobre existência de uma mundo exterior, de que existem pessoas nele. Na verdade, não tem como saber nem como é seu corpo ou mesmo se tem um corpo. A única coisa que pode afirmar com evidência clara e distinta é que é um ser que pensa.
Para dar um passo além e sair de si, Descartes terá que de alguma forma mostrar que o gênio maligno não existe e que podemos confiar em nossa percepção.
Para fazer isso, o filósofo tenta provar que Deus existe e, como Deus é bom, não permitiria que nossa vida não passasse de uma ilusão.
A existência de Deus
Descartes parte de uma série de ideias simples para mostrar que existe um Deus. Ele observa, em primeiro lugar, que nada vem do nada, que tudo possui uma causa. Se chover, houve uma causa que levou à chuva, se uma planta nasceu, isso também teve uma causa. Além disso, essa causa deve adequada, deve ter tanta realidade quanto o efeito.
Vamos considerar um exemplo simples desse princípio básico usado por Descartes. Quando fervemos uma panela de água, ela deve ter recebido esse calor de alguma causa que tivesse pelo menos tanto calor. Assim, algo que não é quente o suficiente não pode fazer a água ferver, porque não tem a realidade necessária para produzir esse efeito. Em outras palavras, algo não pode dar o que não tem. Essa parece ser uma ideia clara e distinta difícil de questionar.
O próximo passo dado por Descartes é analisar as ideias que traz em sua mente e verificar se há alguma aí cuja causa não tenha sido ele mesmo. Nesse ponto o filósofo argumenta que como é uma substância finita, pode ter criado as ideias que possui de outras substâncias finitas. Então, ele pode ter sido a causa da ideia de sol, de pessoas, animais etc. Não é necessário que nada disso exista como causa de suas ideias.
Porém, entre essas ideias existe a ideia de Deus. Essa é a ideia de um ser infinito. Poderia, pergunta o filósofo, ter sido ele a causa dessa ideia? Tirando as consequências do princípio que a causa deve ter tanta realidade quanto o efeito, Descartes conclui que, como ser finito, não poderia ter criado a ideia de um ser infinito. A única explicação é, portanto, que um Deus tenha colocado tais ideias em sua mente. Portanto, Deus tem que existir.
Deus como garantia do conhecimento
Descartes precisa mostrar que Deus não é um enganador e tampouco criou o homem naturalmente propenso ao erro.
Descartes parte novamente nesse caso de ideias que considera claras e distintas. Deus, para ser Deus, deve ser um ser perfeito. Da mesmas forma que um quadrado, para ser um quadrado, deve ter quatro lados iguais, Deus, para ser Deus, deve ser um ser perfeito.
Um ser perfeito poderia ser um gênio maligno? Descartes argumenta que a intenção de enganar revela malícia e fraqueza, duas características que são claramente incompatíveis com a perfeição divina. Portanto, Deus não é um ser enganador e tampouco poderia permitir que um ser dessa natureza existisse. Um deus enganador seria como um quadrado sem lados iguais ou com apenas três lados.
Deus também não criou o ser humano propenso ao erro. Realmente, ele seria um ser malvado se tivesse criado os seres humanos de tal forma que estivessem constantemente sujeitos ao erro. Ao contrário, o erro surge não de um defeito natural, mas do mal uso de nossa capacidade de raciocinar. Ou seja, surge do fato de não seguirmos o método proposto por Descartes, por sermos precipitados e adotarmos crenças que não são claras e distintas.
Descartes, por fim, usa a perfeição divina para garantir que as ideias que intuímos como claras e distintas são verdadeiras. O raciocínio é o seguinte. Como já vimos, Descartes pensa que há verdades como “eu existo” que são evidentes, de modo que ser humano algum seria capaz de negá-las. Ora, se fomos criados por Deus e ele nos fez de forma que somos incapazes de não acreditar em algo que é falso, então ele é um ser maldoso.
Porém, Deus não é malvado. Por isso, deve ter criado o homem de forma que seja capaz de reconhecer a verdade e o erro. O fato de uma ideia ser clara e distinta é justamente um sinal, que Deus colocou na mente humana, de que uma ideia é verdadeira. De modo que todas as ideias claras e distintas são verdadeiras.
E assim Descartes se afasta do ceticismo a que foi levado pela hipótese do gênio maligno. Ele conclui, depois de demonstrar que ele próprio existe e que Deus existe, que o ser humano pode conhecer a realidade porque foi criado por um ser bondoso. Embora também esteja sujeito ao erro, isso só acontece naquelas situações em que se aceita como verdadeiras ideias que não são claras e distintas.
Corpo e alma
Descartes é um dos principais representantes do chamado dualismo de corpo e alma. Isso significa que acreditava que os ser humano são compostos de duas substâncias diferentes, o corpo e a alma, e que essas substâncias eram independentes, podendo a alma existir sem o corpo.
O corpo é algo material, faz parte do mundo físico, ocupa lugar no espaço. A alma, por outro lado, não é material, não faz parte do mundo físico e não ocupa um lugar no espaço.
Para mostrar que alma e corpo são diferentes, Descartes apresenta uma série de argumentos. Um desses argumentos afirma que a mente ou a alma é consciente, enquanto o corpo e tudo que é constituído de matéria não.
Alguns críticos apontaram para o chamado problema mente e corpo. Uma vez que corpo e alma (ou mente) são substâncias tão diferentes, como é possível interagiram de alguma forma. Considere um exemplo simples. Se tenho vontade de mover meu braço, ele se move. Há aqui um processo no qual a vontade, que é um desejo da alma, pode mover uma parte do corpo. Ora, como algo que é imaterial poderia interagir com uma coisa que é não é material?
Esse problema foi apontado pela Princesa Elizabeth da Boêmia em uma carta escrita a Descartes. O filósofo procurou resolvê-lo afirmando que a interação ocorria na glândula pineal. Era aí que ocorria a junção entre corpo e alma. O problema da resposta é que, na verdade, não responde a pergunta. A questão não é onde ocorre a interação entre mente e corpo, mas como.
Muitos críticos acreditam que essa é uma falha séria na filosofia de Descartes e qualquer perspectiva que defenda a existência de substâncias separadas constituindo o ser humano.
A diferença entre homens e animais
Seres humanos pertencem em parte ao mundo físico, material e em parte ao mundo não físico, não material, porque possuem um corpo e uma alma.
E quanto aos animais? Também possuem alma? O que os diferencia de seres humanos?
Para Descartes, animais possuem apenas um corpo, não possuem mente ou alma. Por isso, seria possível fazer uma máquina que, se tivesse aparência externa de um animal, seria idêntica ao animal real.
A conclusão de que animais não possuem alma levou Descartes a duas conclusões adicionais. Animais são incapazes de falar e raciocinar. Até é possível que falem, como um papagaio faz ao repetir o que ouve, porém esse e nenhum outro animal é capaz de atribuir significado ao que está dizendo.
Em segundo lugar, animais não sentem dor ou qualquer outra sensação. É verdade que eles aparentam sentir dor quando são agredidos. Porém, isso não passa de uma reação mecânica a um estímulo externo. Embora um cachorro possa se contorcer enquanto sobre uma violência, é uma reação de seu corpo que não é acompanhada de uma sensação interior de dor.
Assim, raciocinar e ter sensações são privilégios de seres humanos, que possuem uma alma. Os animais, ao contrário, por não possuírem alma, são incapazes de uma coisa e outra.
Moral provisória
Descartes não tem uma filosofia moral desenvolvida como a de Aristóteles, Kant ou o utilitarismo de Stuart Mill. Suas ideias sobre o tema se reduzem algumas regras que adota de maneira provisória enquanto trabalha em suas investigações.
A dúvida metódica não deve levar a uma paralisia da ação. Enquanto reflete sobre uma série de questões, o filósofo deve continuar vivendo, se relacionando com outras pessoas.
É para isso que Descartes adota aquilo que chama de moral provisória. Essa moral possui “três ou quatro regras”:
- Obedecer às leis e costumes do país; manter a crença na religião católica e seguir a opinião das pessoas mais moderadas e sensatas quando se trata da melhor ação.
- Ser firme, manter a linha de ação uma vez adotada.
- Tentar se adaptar às circunstâncias ao invés de mudar o mundo.
- Analisar as várias profissões e adotar a melhor.
Livros de Descartes
Discurso sobre o método (1637)
Discurso do Método foi o primeiro livro publicado de Descartes. O autor acreditava no potencial que o uso da razão nos mais variados assuntos tinha de melhor a vida humana. Começa o livro dizendo que, embora todos os seres humanos possuam a capacidade de raciocinar e chegar por si mesmo à verdade, essa não é bem usada. Propõe então seu “Discurso” como uma espécie de manual de uso da razão. O livro apresenta seu método da dúvida e uma série de conclusões a que chegou através do uso desse método.
Assim como os demais livros de Descartes, o texto em primeira pessoa torna a leitura bastante agradável. Nos vemos, como leitores, na condição de um amigo íntimo ao qual o autor revela seus pensamentos mais valiosos.
Além disso, por ter sido escrito para um público amplo, não apenas para filósofos, o leitor atento não encontrará grandes dificuldades na leitura.
Meditações Metafísicas (1641)
As Meditações Metafísicas abordam os temas centrais da filosofia de Descartes: os argumentos da dúvida, o cogito, a existência de Deus, a distinção entre a alma e o corpo. Alguns desses temas já haviam sido apresentados no Discurso do Método, mas agora aparecem de forma mais aprofundada. Ao contrário de seu primeiro livro, esse é voltado especificamente para os filósofos para quem Descartes gostaria de apresentar e defender seu pensamento.
As Paixões da Alma (1649)
As Paixões da Alma é o último livro de Descartes publicado antes de sua morte. Nele o autor procura apresentar uma análise, apresentando as causas, significados e funções das emoções. Entre os temas abordados estão uma tentativa de explicar como se dá a interação entre a mente e o corpo, a capacidade da alma de exercer controle sobre o corpo, uma classificação das paixões e como essas podem ser prejudiciais ou benéficas.
Referências consultadas
Descartes, René. Discurso do método. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
Descartes, René. Meditações metafísicas. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2016.
Reale, Giovanni. História da filosofia: do humanismo a Descartes. São Paulo: Paulus, 2004.
Skirry, Justin. René Descartes. The Internet Encyclopedia of Philosophy, ISSN 2161-0002,