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Questões sobre Maquiavel
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MAQUIAVEL, N. O príncipe. São Paulo: Martins Fontes, 2004 (adaptado).
Segundo o autor, a conquista e a conservação do poder político exigem a
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consulta periódica dos cidadãos.Essa alternativa está incorreta porque Maquiavel não sugere que a consulta aos cidadãos seja um componente essencial para a conquista e manutenção do poder. Embora a opinião pública possa ser um fator a considerar, Maquiavel concentra-se muito mais em como o governante deve projetar certas imagens e administrar suas ações com flexibilidade para alcançar e manter o controle. No texto, não há menção a consultas públicas regulares como necessárias.
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retomada dos valores cristãos.Essa alternativa está incorreta porque Maquiavel não defende uma retomada dos valores cristãos como necessária para a conquista e a conservação do poder político. Pelo contrário, ele argumenta que um governante deve parecer seguir essas virtudes, mas não está restrito a elas se quiser manter o poder. A moralidade cristã tradicional poderia até limitar um monarca, enquanto a abordagem de Maquiavel enfatiza a eficácia e a adaptação pragmáticas às circunstâncias.
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liberdade incondicional do estadista.Essa alternativa está incorreta porque Maquiavel não advoga pela \"liberdade incondicional do estadista\". Pelo contrário, ele sugere que o governante deve ser astuto e flexível, adaptando sua moralidade e ações conforme a situação exige. A ênfase está na eficácia e na capacidade de se ajustar para manter o poder, e não em uma liberdade total de ação ou na ausência de restrições morais ou políticas.
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flexibilidade moral do monarca.Essa alternativa está correta porque, na visão de Maquiavel, um príncipe eficaz deve ser moralmente flexível, o que significa que ele deve estar preparado para ajustar sua moralidade conforme as circunstâncias exigem para a manutenção do poder. O trecho destacado sugere essa flexibilidade ao mencionar que o príncipe deve estar disposto a parecer possuir virtudes, mas deve também estar preparado para agir de forma contrária quando necessário para conservar o poder. Esse conceito destaca a importância da aparência das virtudes, em vez de sua prática consistente, como uma estratégia pragmática para governar.
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adoção do imperativo categórico.Essa alternativa está incorreta porque o imperativo categórico é um conceito desenvolvido por Immanuel Kant que diz respeito a ações realizadas por dever sob uma moralidade universal e incondicional, o que contrasta com a visão de Maquiavel. Para Maquiavel, não se trata de seguir uma moralidade moral rígida, mas sim de agir de forma pragmática e estratégica para manter seu poder. O trecho citado sugere que o príncipe deve agir de acordo com as circunstâncias, não segundo princípios morais universais.
NICOLAU, U. Antologia ilustrada de filosofia: das origens à Idade Moderna. São Paulo: Globo, 2005 (adaptado).
Referente à constituição da sociedade civil, considere, respectivamente, o correto posicionamento de Aristóteles e Hobbes:
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Resultado involuntário da ação de cada indivíduo e anulação dos impulsos originários presentes na natureza humana.Esta alternativa está incorreta. Aristóteles não vê a sociedade como um resultado involuntário, mas como uma manifestação natural do ser humano como um 'animal político' ou social. Hobbes, por sua vez, não vê o estado ou a sociedade como uma forma de anular impulsos, mas como um contrato social que canaliza esses impulsos para garantir a paz e a segurança.
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Realização da razão e expressão da vontade dos governados.Esta alternativa está incorreta. Para Aristóteles, a sociedade decorre de disposições naturais mais do que de um processo racional. Hobbes não vê a sociedade simplesmente como expressão da vontade dos governados; ele acredita que o Estado deve impor ordem e segurança independente da vontade imediata dos indivíduos, que pode ser caótica e egoísta.
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Realização das disposições naturais do homem e artifício necessário para frear a natureza humana.Esta alternativa está correta. Aristóteles vê a sociedade como a realização das disposições naturais do homem, acreditando que os humanos têm uma tendência natural a viver em comunidade. Para ele, a sociedade política permite que o homem atinja seu potencial completo. Hobbes, por outro lado, vê o Estado e a sociedade como um artifício necessário para conter a natureza humana, que ele entende ser caótica e egoísta sem a disciplina imposta por uma autoridade central.
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Objetivação dos desejos da maioria e representação construída para possibilitar as relações interpessoais.Esta alternativa está incorreta para ambos os filósofos. Aristóteles acredita que a sociedade resulta de disposições naturais, não apenas de desejos da maioria. Para Hobbes, a sociedade não é apenas uma representação simbólica dos desejos das pessoas, mas uma estrutura necessária para evitar a natureza violenta e caótica dos seres humanos.
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Instrumento artificial para a realização da justiça e forma de legitimação do exercício da coerção e da violência.Esta está incorreta para ambas as perspectivas. Para Aristóteles, a sociedade não é meramente um instrumento artificial; ele vê a sociedade como uma expressão natural do ser humano, que é naturalmente um animal social. Já Hobbes, de fato, vê o Estado como um meio de controlar a natureza violenta e egoísta dos humanos, mas a ideia de que a sociedade como um todo é apenas para legitimar o exercício da coerção não abrange toda a complexidade da visão hobbesiana, que busca a paz e a segurança por meio do contrato social.
A partir do texto, é possível perceber a crítica maquiaveliana à filosofia política de Platão, pois há nesta a
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idealização de um mundo político perfeito existente no mundo das ideias.A alternativa está correta porque Maquiavel critica a idealização de um mundo político perfeito, que é uma característica da filosofia de Platão. Na obra "A República", Platão descreve um mundo ideal onde os filósofos governam como reis. Maquiavel, por outro lado, é mais pragmático e preocupa-se com a política como ela realmente é, baseando-se em fatos concretos e na realidade dos acontecimentos históricos, ao invés de ideias utópicas.
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utilização da oratória política como meio de convencer os oponentes na ágora.Essa alternativa está incorreta. A questão fala sobre a crítica à filosofia política de Platão, enquanto a alternativa menciona a utilização da oratória política. Apesar de Platão discutir a importância da oratória em seus diálogos, especialmente em obras como o "Górgias", a crítica de Maquiavel não é sobre a oratória, mas sobre a idealização de um mundo político perfeito, algo que vai além de simplesmente convencer oponentes na ágora (o espaço de debate público na Grécia Antiga).
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investigação das constituições políticas de Atenas pelo método indutivo.Esta alternativa está incorreta. O método indutivo descrito não é uma característica prominente da obra de Platão. Quem investiga politicamente as constituições, mas por um método mais observacional e não propriamente indutivo, é Aristóteles. Platão, em "A República" e em "As Leis", apresenta diálogos sobre a constituição ideal, mas não por investigação indutiva das constituições reais da época. A crítica de Maquiavel é sobre essa idealização, por isso essa opção não se aplica à crítica maquiaveliana.
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elaboração de um ordenamento político com fundamento na bondade infinita de Deus.Esta alternativa está incorreta porque atribui a Platão um fundamento na bondade infinita de Deus, o que é mais apropriado para teóricos políticos cristãos posteriores, como Santo Agostinho ou Tomás de Aquino. Platão não fundamenta seu ordenamento político na bondade de Deus, mas sim na busca do Bem através do conhecimento e da razão. Maquiavel critica justamente a idealização platônica de um mundo perfeito, e não um ordenamento baseado na bondade divina.
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explicitação dos acontecimentos políticos do período clássico de forma imparcial.A alternativa está incorreta. Platão não é conhecido por explicitar de forma imparcial os acontecimentos políticos de seu tempo. Em obras como "A República", ele não faz uma análise imparcial dos acontecimentos políticos, mas sim uma descrição de sua visão de um Estado ideal, que não existia na realidade de sua época. Maquiavel critica essa idealização, não a imparcialidade dos relatos.
A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e políticas. Maquiavel define o homem como um ser
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naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social e portando seus direitos naturais.Esta alternativa está incorreta. O conceito de "estado pré-social" e "direitos naturais" está relacionado ao filósofo John Locke, não a Maquiavel. Locke acreditava que o ser humano era naturalmente racional e possuía direitos inalienáveis antes de entrar em sociedade, mas isso não reflete a visão de Maquiavel, que tinha uma visão mais pessimista e realista sobre a natureza humana, como mostra o trecho do "Príncipe".
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guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes.Esta alternativa está correta. Maquiavel é conhecido por seu realismo político e sua visão pragmática da natureza humana. Ele acreditava que as ações das pessoas são guiadas por interesses pessoais, tornando-as imprevisíveis e inconstantes. O trecho "são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro" ilustra bem essa perspectiva maquiavélica.
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munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos outros.Esta alternativa está incorreta. A ideia de que o homem tem uma disposição nata para praticar o bem reflete mais a visão de filósofos como Sócrates ou Aristóteles, que confiavam na virtude e no potencial humano para o bem. Maquiavel era mais cético quanto à bondade inata das pessoas. Para ele, os homens são muitas vezes movidos por interesses pessoais e egoístas, como indicado no texto citado.
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sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares.Esta alternativa está incorreta. A visão de que o homem é sociável por natureza e inclinado a manter relações pacíficas é mais adequada a filósofos como Aristóteles ou Rousseau, que tinham concepções mais positivas sobre as inclinações naturais dos seres humanos. Maquiavel, por outro lado, acreditava que os homens são movidos por interesses egoístas e, frequentemente, agem de maneira imoral para alcançar seus objetivos.
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possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política.Esta alternativa está parcialmente correta, já que Maquiavel usa o termo "fortuna" para descrever circunstâncias e sorte que afetam o poder, mas não é isso que o define a essência do homem segundo Maquiavel. "Fortuna" refere-se a fatores externos e não necessariamente à natureza humana. Portanto, a alternativa não está correta em expressar a principal definição de Maquiavel sobre o homem.
No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexão sobre a Monarquia e a função do governante. A manutenção da ordem social, segundo esse autor, baseava-se na
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neutralidade diante da condenação dos servos.A neutralidade diante da condenação dos servos não se alinha com as ideias de Maquiavel sobre o governo. Ele defende que o governante deve ser ativo e eficaz, e a neutralidade poderia ser vista como uma forma de inação ou indiferença que poderia ameaçar a estabilidade do estado. Maquiavel acredita que a tomada de decisões firmes é crucial para evitar o caos e a desordem.
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inércia do julgamento de crimes polêmicos.A inércia no julgamento de crimes polêmicos não é uma ideia defendida por Maquiavel. Pelo contrário, ele defende a ação proativa do príncipe para evitar distúrbios que possam ameaçar a estabilidade e a paz social. Maquiavel acredita que medidas rigorosas podem às vezes ser necessárias e que a indecisão ou a hesitação podem prejudicar o governo.
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conveniência entre o poder tirânico e a moral do príncipe.Esta é a resposta correta. Maquiavel sugere que a moralidade do príncipe pode ser distinta dos valores morais tradicionais. Ele argumenta que, para manter a ordem social e a estabilidade, o governante pode precisar adotar medidas que, à primeira vista, pareçam tirânicas, mas que na prática são necessárias para a preservação do estado. O poder e a autoridade muitas vezes precisam ser exercidos de maneiras que não correspondem às normas de bondade ou compaixão individuais, mas sim às necessidades do governo.
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compaixão quanto à condenação de transgressões religiosas.Essa opção menciona a compaixão em relação às transgressões religiosas, mas isso não representa a principal visão de Maquiavel sobre a manutenção da ordem social. Maquiavel não prioriza a compaixão como ferramenta de governo; na verdade, ele discute como, às vezes, a força e a severidade são necessárias para manter o controle e a lealdade do povo. Seu argumento central é que o governante deve estar mais focado na estabilidade e na eficácia do governo do que na moralidade pessoal.
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bondade em relação ao comportamento dos mercenários.Maquiavel não se concentra especificamente na bondade em relação aos mercenários como uma forma de manter a ordem social. Embora ele discuta o uso de exércitos mercenários, sua preocupação central é a eficiência e a eficácia, não a bondade. Ele até critica o uso exclusivo de mercenários, pois os considera menos confiáveis do que tropas formadas por cidadãos do próprio estado.
O texto aponta uma inovação na teoria política na época moderna expressa na distinção entre:
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objetividade e subjetividade do conhecimento.Esta alternativa está incorreta. Maquiavel não está discutindo objetividade e subjetividade do conhecimento, mas sim as diferenças entre moralidade pessoal e as demandas práticas da política. Ele argumenta que, para um líder político, a ação deve ser guiada pela eficácia e consequências para o bem comum, em vez de seguir estritamente normas morais pessoais.
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idealidade e efetividade da moral.Esta alternativa está correta. Maquiavel faz uma distinção importante entre os ideais morais de uma pessoa comum e a efetividade prática que um governante deve buscar. Enquanto uma pessoa comum pode decidir agir moralmente, mesmo prejudicando a si mesma, um governante precisa considerar as consequências práticas de suas ações sobre o bem comum. Isso significa que a efetividade da ação política pode demandar ações que não condizem com a moralidade ideal, como mentir, se isso for em benefício do Estado.
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ilegalidade e legitimidade do governante.Esta alternativa está incorreta. O texto de Maquiavel não trata da questão da ilegalidade ou legitimidade do governante. Ele discute a distinção entre as escolhas pessoais e as decisões políticas de um líder, especialmente no que diz respeito a agir de acordo com a moralidade pessoal versus a necessidade de tomar decisões pragmáticas para o bem do Estado.
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verificabilidade e possibilidade da verdade.Esta alternativa está incorreta. A questão não trata de verificabilidade ou possibilidade da verdade em termos lógicos ou epistemológicos. Em vez disso, Maquiavel está mais focado na diferença entre agir moralmente em um nível pessoal e a necessidade prática de um governante agir para o bem coletivo, o que pode incluir ações que não são moralmente ideais.
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nulidade e preservabilidade da liberdade.Esta alternativa está incorreta. Maquiavel não está preocupado em discutir a nulidade ou preservação da liberdade individual neste contexto. Sua preocupação é com as decisões pragmáticas que devem ser tomadas por um líder para garantir a estabilidade e o sucesso de um Estado. A questão abordada não gira em torno da liberdade, mas sim da diferença entre as ações morais individuais e as ações políticas necessárias.
Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do poder em seu tempo. No trecho citado, o autor demonstra o vínculo entre o seu pensamento político e o humanismo renascentista ao
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afirmar a confiança na razão autônoma como fundamento da ação humana.Essa resposta está correta. Maquiavel insere a ideia do livre-arbítrio ao lado da sorte, concedendo que temos controle sobre metade de nossas ações. Isso é um reflexo do humanismo renascentista, que enfatiza a capacidade humana de raciocínio e ação. Ele não aceita completamente a casualidade como única força, mas defende que humanos podem moldar seu destino usando a razão e suas próprias ações.
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redefinir a ação política com base na unidade entre fé e razão.A reinterpretação que Maquiavel faz não é sobre a unidade entre fé e razão, mas sim sobre a relação entre fortuna (sorte) e virtù (virtude ou habilidade humana). Ele não está focado em unir fé e razão, mas em destacar a capacidade do homem de agir e influenciar seu próprio destino. Esta abordagem não se alinha corretamente com a presente na citação, tornando essa alternativa incorreta.
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rejeitar a intervenção do acaso nos processos políticos.Maquiavel não rejeita completamente o acaso nos processos políticos. Na citação, ele menciona que a sorte, que podemos entender também como acaso, decide metade de nossos atos. Ele reconhece a presença do acaso, porém destaca a importância do livre-arbítrio humano. Assim, essa alternativa está incorreta quanto à posição de Maquiavel.
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valorizar a interferência divina nos acontecimentos definidores do seu tempo.Aqui, Maquiavel não está exatamente valorizando a interferência divina, mas mencionando a crença popular de que Deus e o acaso controlam o mundo. Ele concede que o acaso e, talvez implicitamente, a providência divina têm um papel, mas ele se concentra mais no livre-arbítrio e no que os humanos podem controlar. Portanto, essa alternativa não está correta, pois o foco de Maquiavel é mais sobre o papel da razão e do esforço humano do que da intervenção divina.
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romper com a tradição que valorizava o passado como fonte de aprendizagem.Maquiavel não está necessariamente rompendo com toda a tradição que valoriza o passado como fonte de aprendizado. Em seu trabalho, ele frequentemente olha para a história para tirar lições, mas ele sugere que o livre-arbítrio nos permite criar novos registros no presente. Ele está mais focado no equilíbrio entre fortuna e virtù do que na rejeição da aprendizagem do passado, então essa alternativa não se encaixa com precisão no contexto dado.
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