Dualismo de corpo e alma de Platão
Platão, um filósofo grego do século V a.C., tinha uma visão muito particular da alma humana. Ele acreditava que a alma é imortal e que existe antes de nascermos e depois de morrermos. Além disso, Platão acreditava que a alma é composta de três partes: racional, irascível e apetitiva.
Em relação ao corpo, Platão tinha uma visão bastante negativa e acreditava que ele era uma prisão para a alma. Segundo ele, o corpo é fraco e imperfeito e está constantemente mudando, até o momento em que a morte chegar. Além disso, Platão acreditava que o corpo é uma fonte de distração e de tentação, que pode desviar a alma do seu caminho para a verdade e a justiça. Em resumo, para Platão, o corpo é visto como um obstáculo para a alma e para a sua busca pelo conhecimento e pela sabedoria.
As três partes da alma
De acordo com Platão, a parte racional da alma é responsável pelo pensamento lógico e racional, pela reflexão crítica e pelo conhecimento das ideias universais, que são consideradas pelo filósofo grego como a realidade verdadeira e imutável. Platão acreditava que a parte racional da alma é capaz de compreender essas ideias universais e usá-las como guia para tomar decisões e agir de forma correta.
Imagine que você está em uma situação em que precisa tomar uma decisão importante. Segundo Platão, a parte racional da sua alma seria responsável por avaliar essa situação, analisando as diversas opções disponíveis e buscando compreender as ideias universais que estão em jogo. Por exemplo, se você está decidindo se deve ou não mentir para proteger a si mesmo ou a outra pessoa, a parte racional da sua alma pode considerar a ideia universal da verdade e da justiça e usá-la como guia para tomar a decisão certa.
A parte irascível da alma é responsável pelas emoções e pelas paixões. Se o indivíduo se irrita ao ver uma injustiça sendo cometida e se torna agressivo, por exemplo, é porque essa parte da alma assumiu o controle do corpo. Platão argumenta que essa parte da alma é instável e pode ser afetada por fatores externos, como a beleza ou a dor.
Isso pode ser visto em uma situação do dia a dia de diversas maneiras. Por exemplo, imagine que você está em uma discussão com alguém e começa a sentir raiva. Nesse caso, a parte irascível da sua alma estaria sendo ativada, fazendo com que você sinta essa emoção e reaja de forma impulsiva e agressiva. Ou imagine que você está apaixonado por alguém e começa a sentir ciúmes. Nesse caso, a parte irascível da sua alma também estaria sendo ativada, fazendo com que você sinta essa emoção e reaja de forma possessiva e controladora. Em ambos os casos, a parte irascível da alma estaria agindo de forma a influenciar o seu comportamento e as suas ações.
Por fim, a parte apetitiva da alma é responsável pelos desejos e pelos instintos básicos de sobrevivência. O desejo de comer, dormir, sexo, todas essas necessidades da existência do corpo estão ligadas a essa parte da alma. Platão argumenta que essa parte da alma é completamente instável e que deve ser controlada pelas outras partes da alma para que o indivíduo possa atingir a sabedoria e a virtude.
O corpo é uma prisão para a alma e fazer filosofia é aprender a morrer
No pensamento de Platão, o ideal é que a parte racional da alma domine as demais partes, mantendo-as sob controle e evitando que elas interfiram nas decisões e nas ações da pessoa. Isso permitiria que a alma humana seguisse o caminho da sabedoria e da justiça, aproximando-se cada vez mais da verdade absoluta. Estamos garantindo que a parte superior em nós (a razão) domine a parte inferior (o corpo).
Platão acreditava na existência de um processo chamado de metempsicose. A ideia é que após a morte do corpo, a alma é libertada e segue em busca de outro corpo para habitar, um processo geralmente chamado de reencarnação.
Platão acreditava que a alma, ao longo de sua jornada, pode habitar diferentes tipos de corpos, tanto humanos quanto animais. Ele também acreditava que o tipo de vida que a alma terá no futuro depende da forma como ela viveu no passado. Se a alma viveu de forma virtuosa e justa, ela terá uma vida melhor no futuro; se ela viveu de forma má e egoísta, ela terá uma vida pior no futuro. Em outras palavras, se nossa parte racional manter o domínio sobre as outras partes e viver de forma virtuosa e justa, teremos uma vida melhor no futuro.
Olhando desse ponto de vista, o corpo é uma espécie de prisão para a qual a alma é mandada a fim de cumprir uma pena. E assim como ocorre em nossas prisões, ela pode deixar o corpo por bom comportamento.
Levando em consideração o que acabamos de saber sobre a alma, para Platão a filosofia é uma busca pelo conhecimento e pela sabedoria que permitem à alma compreender as ideias universais e agir de forma justa e ética. Nesse sentido, para ele, a filosofia é uma forma de preparar a alma para a morte, que é vista como a libertação do corpo e a possibilidade de seguir em busca de novas experiências e conhecimentos.