Leia o texto a seguir.
Na tradição liberal, a ênfase é posta no caráter impessoal das leis e na proteção das liberdades individuais, de tal modo que o processo democrático é compelido pelos (e está a serviço dos) direitos pessoais que garantem a cada indivíduo a liberdade de buscar sua própria realização. Na tradição republicana, a primazia é dada ao processo democrático enquanto tal, entendido como uma deliberação coletiva que conduz os cidadãos à procura do entendimento sobre o bem comum. (Adaptado de: ARAÚJO, L. B. L. Moral, direito e política. “Sobre a Teoria do Discurso de” Habermas. In: OLIVEIRA, M.; AGUIAR, O. A.; SAHD, L. F. N. de A. e S. (Orgs.). Filosofia Política Contemporânea. Petrópolis: Vozes, 2003. p. 214-235.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a filosofia política na teoria do discurso, é correto afirmar que Habermas
concilia, na mesma base, direitos humanos e soberania popular, reconhecendo-os como distintos, porém complementares.
Esta afirmação está correta. Habermas é conhecido por tentar harmonizar a tradição liberal e a republicana. Ele vê direitos humanos como barreiras que protegem os indivíduos contra abusos do poder, enquanto a soberania popular assegura que essas normas de direitos humanos sejam constantemente renegociadas através do discurso democrático. Essa ideia reflete-se na sua "teoria do discurso", que sugere que tanto direitos quanto democracia necessitam um do outro para funcionar efetivamente.
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privilegia a ideia de Estado de direito em detrimento de uma democracia participativa.
Esta afirmação está incorreta. Habermas não privilegia o Estado de direito em detrimento da democracia participativa. Na verdade, sua teoria do discurso enfatiza muito a importância da participação cidadã no processo democrático para a legitimação das normas jurídicas. Ele considera que um Estado de direito deve ser sustentado por um processo democrático robusto, onde os cidadãos participam ativamente.
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enfatiza a compreensão individualista e instrumental do papel do cidadão na lógica privada do mercado.
Esta afirmação está incorreta. Habermas critica a visão individualista e instrumental que reduz a cidadania à lógica do mercado. Ele enfatiza o papel da comunicação e do entendimento mútuo no espaço público, além de defender que os cidadãos participem ativamente do processo democrático, buscando o bem comum ao invés de apenas interesses pessoais.
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ignora tanto a autonomia privada quanto a pública, substituindo-as pela utilidade das normas morais.
Esta afirmação está incorreta. Habermas reconhece tanto a autonomia pública quanto a privada e não ignora nenhuma delas. Em sua teoria do discurso, ele defende que a autonomia privada é garantida por normas jurídicas que são legitimadas por meio do uso público da razão em um processo democrático.
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concede maior relevância à autonomia pública, opondo-se à autonomia privada.
Esta afirmação está incorreta. Habermas não sugere que a autonomia pública deve ser mais importante que a autonomia privada. Ele vê ambas como igualmente necessárias e interdependentes. Enquanto a autonomia pública diz respeito à participação política e à deliberação conjunta sobre normas, a autonomia privada refere-se às liberdades individuais que devem ser protegidas por essas normas.
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O ser humano, no decorrer da sua existência na face da terra e graças à sua capacidade racional, tem desenvolvido formas de explicação do que há no intuito de estabelecer um nexo de sentido entre os fenômenos e as experiências por ele vivenciados. Essas vivências, à medida que são passíveis de expressão através das construções simbólicas contidas na linguagem, apresentam um caráter eminentemente social. (HANSEN, Gilvan. Modernidade, Utopia e Trabalho. Londrina: Edições Cefil, 1999. p.13.)
Com base na obra Molhe Espiral, no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Habermas, assinale a alternativa correta.
A dimensão simbólica da sociedade é inerente à forma como o homem assegura sentido à realidade.
Essa afirmativa está correta. Segundo Habermas, a dimensão simbólica da sociedade é fundamental porque é através de símbolos e da linguagem que os seres humanos atribuem significado à realidade. A linguagem permite a construção de sentido e entendimento mútuo e é crucial na comunicação intersubjetiva, onde os indivíduos compartilham e negociam significados.
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A importância do simbólico na sociedade decorre de sua adequação aos parâmetros funcionais e técnicos.
Essa afirmativa está incorreta porque, na visão de Habermas, a importância do simbólico na sociedade não decorre apenas de sua adequação a parâmetros funcionais e técnicos. Habermas enfatiza a importância do agir comunicativo, que transcende a lógica instrumental e técnica, focando na busca de entendimento e consenso através da comunicação simbólica.
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A forma de expressão dos elementos simbólicos na arena social deve atender a uma utilidade prática.
Essa afirmativa está incorreta porque, segundo Habermas, a expressão de elementos simbólicos não precisa necessariamente atender a uma utilidade prática. A linguagem e os símbolos têm valor em si mesmos para a comunicação e o entendimento mútuo, que vão além da mera utilidade prática. A ênfase de Habermas está no potencial emancipatório e comunicativo dos símbolos, e não apenas em sua função prática.
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As construções simbólicas se valem do apreço instrumental e do valor mercantil.
Essa afirmativa está incorreta porque, segundo Habermas, as construções simbólicas e a comunicação não se baseiam predominantemente no valor instrumental ou mercantil. Habermas distingue entre agir comunicativo e agir instrumental, sendo o primeiro voltado para o entendimento mútuo e o segundo para a consecução de fins específicos. As construções simbólicas são mais associadas ao agir comunicativo, onde predomina a busca por consenso e entendimento, e não por valor mercantil.
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A linguagem, em razão de sua dimensão material, inviabiliza a (re)produção simbólica da sociedade.
Essa afirmativa está incorreta porque a linguagem não inviabiliza a reprodução simbólica da sociedade. Ao contrário, na teoria de Habermas, a linguagem é um meio fundamental para a reprodução simbólica e a comunicação entre os indivíduos. Ela é vista como um veículo essencial para a interação e entendimento mútuo, não um obstáculo.
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Leia o texto a seguir.
Em Técnica e Ciência como “ideologia”, Habermas apresenta uma reformulação do conceito weberiano de racionalização pela qual lança as bases conceptuais de sua teoria da sociedade. Neste sentido, postula a distinção irredutível entre trabalho ou agir instrumental e interação ou agir comunicativo, bem como a pertinência da conexão dialética entre essas categorias, das quais deriva a diferenciação entre o quadro institucional de uma sociedade e os subsistemas do agir racional com respeito a fins. Segundo Habermas, uma análise mais pormenorizada da primeira parte da Ideologia Alemã revela que “Marx não explicita efetivamente a conexão entre interação e trabalho, mas sob o título nada específico da práxis social reduz um ao outro, a saber, a ação comunicativa à instrumental”. (Adaptado: HABERMAS, J. Técnica e ciência como “ideologia”. Lisboa: Edições 70, 1994. p.41-42.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Habermas, é correto afirmar:
A liberação do potencial emancipatório do desenvolvimento da técnica e da ciência depende da prevenção das disfuncionalidades sistêmicas que entravam a reprodução material da vida e suas respectivas formas interativas.
Habermas realmente destaca a importância das condições materiais e interativas para a emancipação, mas a questão aqui é se essas disfuncionalidades sistêmicas são de fato os obstáculos prioritários. O que ele enfatiza é a importância de formas de interação livres de coerção, que só surgem quando a racionalidade comunicativa se sobrepõe à instrumental. Portanto, essa alternativa está incorreta ao sugerir que o principal foco de prevenção é a reprodução material em vez de a comunicação autônoma.
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Com base na irredutibilidade entre trabalho e interação, a luta pela emancipação diz respeito tanto ao agir comunicativo, contra as restrições impostas pela dominação, quanto ao agir instrumental, contra as restrições materiais pela escassez econômica.
Essa alternativa está correta. Habermas defende a irredutibilidade entre agir instrumental e comunicativo e vê a luta pela emancipação como envolvendo ambas as dimensões. No campo do agir comunicativo, a luta ocorre contra as restrições impostas por estruturas de dominação que inibem a comunicação livre. No agir instrumental, a luta é contra a escassez econômica e as restrições materiais que limitam a liberdade das ações voltadas para fins específicos e a satisfação de necessidades humanas. Portanto, a emancipação requer atenção a esses dois tipos de ação. Esse aspecto é chave na análise de Habermas sobre como alcançar uma sociedade ideal.
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O desenvolvimento da ciência e da técnica, enquanto forças produtivas, permite estabelecer uma nova forma de legitimação que, por sua vez, nega as estruturas da ação instrumental, assimilando-as à ação comunicativa.
Habermas não afirma que o desenvolvimento da ciência e técnica nega as estruturas de ação instrumental ou as assimila à ação comunicativa. Embora o desenvolvimento técnico-científico possa proporcionar novas formas de legitimação, ele não necessariamente contraria ou transforma o agir instrumental em agir comunicativo. Na sua visão, essas esferas agem de forma diferente e é essencial manter essa distinção para entender suas funções na sociedade.
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O crescimento das forças produtivas e a eficiência administrativa conduzem à organização das relações sociais baseadas na comunicação livre de quaisquer formas de dominação.
Para Habermas, apesar de o desenvolvimento técnico e administrativo contribuir para a eficiência, isso não garante automaticamente relações sociais livres de dominação. Ele defende que uma comunicação livre de coerções é fundamental para a emancipação, mas ela não emerge automaticamente do crescimento das forças produtivas ou da eficiência administrativa. A racionalização instrumental pode, na verdade, reforçar formas de dominação se não for acompanhada de uma ação comunicativa emancipada.
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A racionalização na dimensão da interação social submetida à racionalização na dimensão do trabalho na práxis social determina o caráter emancipatório do desenvolvimento das forças produtivas e do bem-estar da vida humana.
O texto mencionado não sugere que a racionalização no domínio do trabalho (agir instrumental) seja submissão das interações sociais (agir comunicativo). Habermas, na verdade, faz uma distinção importante entre o agir instrumental e o agir comunicativo, sendo que o último é justamente uma forma de interação que não deve ser reduzida ao agir instrumental. Dizer que a racionalização do trabalho determina o caráter emancipatório do desenvolvimento das forças produtivas é impreciso, pois, para Habermas, a emancipação ocorre quando a comunicação é livre de dominação, o que não acontece pela racionalização instrumental do trabalho, mas pela superação das limitações impostas por ela.
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Jürgen Habermas (1929) pertenceu inicialmente à escola de Frankfurt, também conhecida como Teoria Crítica, antes de fazer seu próprio caminho de investigação filosófica.
Sobre o pensamento de Jürgen Habermas, assinale o que for correto.
A relação posta pela Filosofia positivista entre o objeto da investigação científica e o sujeito que investiga é, para Jürgen Habermas, o caminho a ser adotado por uma racionalidade que deseja a emancipação humana.
Esta afirmação está incorreta. A Filosofia positivista é criticada por Jürgen Habermas porque tende a tratar o conhecimento de maneira reducionista, focando apenas nos aspectos empíricos e técnicos do saber. Em vez disso, Habermas propõe uma abordagem comunicativa e intersubjetiva da racionalidade, a qual busca a emancipação humana através do diálogo e do entendimento mútuo, não pela objetivação e controle técnico impostos pelo positivismo.
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Ao afastar-se da Escola de Frankfurt, Jürgen Habermas abandona, ao mesmo tempo, a teoria crítica da sociedade e a crítica da razão instrumental.
Esta afirmação também está incorreta. Apesar de Habermas ter se afastado de algumas das abordagens da Escola de Frankfurt, ele não abandonou a teoria crítica da sociedade nem a crítica da razão instrumental. Pelo contrário, ele busca reformulá-las, propondo a teoria da ação comunicativa como uma maneira de superar os limites impostos pela teoria crítica tradicional.
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Ao contrário de Max Horkheimer, Theodor W. Adorno e Walter Benjamin, Jürgen Habermas continua fiel ao materialismo histórico, ou seja, à ortodoxia marxista.
Esta assertiva está errada. Habermas, na verdade, não continua fiel à ortodoxia marxista. Embora ele tenha sido influenciado pelo marxismo no início de sua carreira, ele defende uma visão mais aberta e menos dogmática que ele mesmo reformula. Habermas distanciou-se das interpretações tradicionais do materialismo histórico, focando em uma crítica mais voltada para a comunicação e menos para a economia.
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A racionalidade comunicativa, contida na Teoria da ação comunicativa de Jürgen Habermas, elabora-se na interação intersubjetiva, mediatizada pela linguagem de sujeitos que desejam alcançar, por meio do entendimento, um consenso autêntico.
Esta é a afirmação correta. Jürgen Habermas desenvolve a teoria da ação comunicativa, que coloca a interação comunicativa e intersubjetiva no centro da racionalidade humana. Ele argumenta que, para se alcançar um verdadeiro consenso, os indivíduos devem participar de um diálogo genuíno e buscar o entendimento mútuo, livre de coerção e dominância.
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Elaborada nos anos de 1980, em um contexto de preocupações com o meio ambiente e o risco nuclear, a Ética do Discurso buscou reorientar as teorias deontológicas que a antecederam. Um exemplo está contido no texto a seguir.
De maior gravidade são as consequências que um conceito restrito de moral comporta para as questões da ética do meio ambiente. O modelo antropocêntrico parece trazer uma espécie de cegueira às teorias do tipo kantiano, no que diz respeito às questões da responsabilidade moral do homem pelo seu meio ambiente. (HABERMAS, Jurgen. Comentários à Ética do Discurso. Trad. de Gilda Lopes Encarnação. Lisboa: Instituto Piaget, 1999, p.212.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a Ética do Discurso, é correto afirmar que a ética
implica a instrumentalização dos recursos tecnológicos em benefício da redução da poluição.
Essa afirmativa está incorreta. A Ética do Discurso não se limita à instrumentalização de recursos tecnológicos para fins específicos, como a redução da poluição. Porém, ela se preocupa mais com a formação de consensos éticos por meio do diálogo que respeite todas as partes envolvidas, ao invés de buscar soluções puramente tecnológicas.
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abrange as ações isoladas das pessoas visando adequar-se às mudanças climáticas e às catástrofes naturais.
Essa afirmativa está incorreta. A Ética do Discurso enfatiza a importância do diálogo e do consenso na construção de normas éticas, ao invés de focar em ações isoladas de indivíduos. As ações individuais são importantes, mas a abordagem de Habermas está mais voltada para a ação comunicativa e a construção coletiva de decisões éticas.
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compreende a atitude conservacionista que o sistema econômico adota em relação ao ambiente.
Essa afirmativa está incorreta. A Ética do Discurso, proposta por Jürgen Habermas, não se alinha com a ideia de atitude conservacionista adotada pelo sistema econômico. Na verdade, Habermas critica modelos antropocêntricos que colocam o ser humano no centro das preocupações éticas sem considerar os impactos ambientais e a responsabilidade moral em relação ao meio ambiente.
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corresponde à maneira como o homem deseja construir e realizar plenamente a sua existência no planeta.
Essa afirmativa está correta. A Ética do Discurso, conforme desenvolvida por Habermas, se preocupa com a maneira como os seres humanos podem construir e realizar sua existência de maneira plena no planeta. Ela busca orientar práticas éticas através do diálogo e da racionalidade, enfatizando a responsabilidade coletiva em relação ao meio ambiente e à sociedade.
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refere-se à atitude de retorno do homem à vida natural, observando as leis da natureza e sua regularidade.
Essa afirmativa está incorreta. A Ética do Discurso não endossa a noção de um retorno à vida natural de acordo com as leis da natureza. Enquanto essa ética promove a responsabilidade ambiental, seu foco está mais na importância do diálogo e do entendimento mútuo para a construção de normas éticas, ao invés de um retorno direto à natureza ou a obediência cega às suas leis.
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