Diferença entre deontologia e consequencialismo
Consequencialismo e deontologia são duas abordagens na ética normativa. Ambos apresentam formas diferentes de responder questões como: o que devemos fazer? O que é certo? Quais são nossos direitos e obrigações? Para além das teorias morais filosóficas, essas duas abordagens também refletem formas comuns de pensar sobre essas questões.
Vamos examinar uma situação. Imagine que seu amigo chega entusiasmado com seu novo corte de cabelo e pergunta para você o que achou. Você pensa consigo mesmo: ficou horrível. Mas o que dizer? O certo é falar a verdade ou mentir para evitar deixar seus amigo infeliz?
Esse dilema revela duas formas diferentes de pensar sobre a ética. No primeiro caso, consideramos importante certas obrigações, como a de dizer a verdade, mesmo que isso possa gerar mágoa e infelicidade. Já no segundo, nos preocupamos com as consequências das ações e procuramos aquelas que vão gerar o melhor resultado, mesmo que para isso tenhamos que violar certas normas, como a de não mentir.
A primeira das abordagens é chamada de deontologia, do grego deon, que significa obrigação ou dever, e logia, que significa ciência ou estudo. Numa ética deontológica, o certo é definido por certas regras que não devem ser violadas em hipótese alguma. A ação correta nesse caso é definida pelo respeito à norma.
A segunda dessas abordagens é chamada de consequencialismo. Uma ética consequencialista avalia nossas ações por seus resultados. Assim, em algumas situações o certo pode ser não mentir e em outras exatamente o contrário.
Um exemplo muito conhecido de ética deontológica são os dez mandamentos. Quando vemos alí o “não matarás”, trata-se de uma norma que não deve ser violada em hipótese alguma, não importam as consequências. Menos conhecido, mas também relevante como exemplo, a ética de Kant define a ação correta como o respeito a uma regra que chama de imperativo categórico.
Já um exemplo de ética consequencialista é o utilitarismo. De acordo com essa teoria, uma ação é correta se gera gera mais felicidade que outras opções disponíveis. Essas consequências podem ser avaliadas em termos de sua contribuição para o aumento do bem estar ou satisfação de preferências, redução de sofrimento e outros. Independente disso, em todos os casos a ação correta é definida por suas consequências.
Essa abordagem é muito usada em várias situações. Imagine um médico com número limitado de medicamentos que tem que escolher quais pacientes salvar. Provavelmente optará por escolher os pacientes que possuem mais chances de sobreviver. Ou seja, irá usar como critério para a sua decisão as consequências de cada opção disponível.