Questões sobre Comte

O filósofo Auguste Comte (1798 – 1857) preenche sua doutrina com uma imagem do progresso social na qual se conjugam ciência e política deve assumir o aspecto de uma ação científica e a política deve ser estudada de maneira científica (a física social). Desde que a Revolução francesa favoreceu a integração do povo na vida social, o positivismo obstina-se no programa de uma comunidade pacífica. E o Estado, instituição do “reino absoluto da lei”, é a garantia da ordem que impede o retorno potencial das revoluções e engendra o progresso. RUBY, C. Introdução à filosofia política. São Paulo: Unesp, 1998 (adaptado).

A característica do Estado positivo que lhe permite garantir não só a ordem, como também o desejado progresso das nações, é ser

programa necessário, tal como a Revolução Francesa, devendo portanto se manter aberto a novas insurreições.

Esta alternativa está incorreta. Ela sugere que o Estado deve ser similar à Revolução Francesa, estando aberto a novas insurreições. No entanto, Comte via o positivismo como uma maneira de evitar novas revoluções através da criação de uma ordem estável e organizada, baseada no conhecimento científico, e não de promover ou abrir espaço a revoltas.
agente repressor, tendo um papel importante a cada revolução, por impor pelo menos um curto período de ordem.

Esta alternativa está incorreta porque refere-se ao Estado como um agente puramente repressor, que usa a força após revoluções para impor a ordem. Para Comte, o positivismo almeja um Estado que garante o progresso social através da ciência, não pela repressão contínua ou meramente após revoluções.
espaço coletivo, onde as carências e desejos da população se realizam por meio das leis.

Esta opção está incorreta porque descreve o Estado como um espaço onde as leis satisfazem desejos e carências, mas não enfatiza a sua função científica e de manutenção da ordem como meio de garantir o progresso. O positivismo de Comte acredita no papel do Estado como disciplinador e organizador segundo princípios científicos, não apenas um satisfatório das necessidades.
elemento unificador, organizando e reprimindo, se necessário, as ações dos membros da comunidade.

Esta alternativa está correta. Para Comte, o Estado deve ser um elemento unificador, capaz de organizar a sociedade de modo científico para garantir a ordem e, assim, promover o progresso. Se necessário, o Estado pode reprimir ações que ameacem a estabilidade. A unificação e a organização são pilares para o progresso social, alinhados com o pensamento positivista.
produto científico da física social, transcendendo e transformando as exigências da realidade.

Esta alternativa está incorreta. Um "produto científico da física social" poderia, à primeira vista, estar alinhado com o positivismo de Comte pois ele desejava aplicar métodos científicos ao estudo da sociedade. No entanto, ela falha em captar o aspecto de organização e controle que Comte acreditava necessário para manter a ordem, condição fundamental para o progresso.

Cada uma de nossas concepções principais, cada ramo de nossos conhecimentos, passa sucessivamente por três estados diferentes: estado teológico, ou fictício; estado metafísico, ou abstrato; estado científico, ou positivo. Daí três sortes de filosofia, ou de sistemas gerais de concepções sobre o conjunto de fenômenos, que se excluem mutuamente: a primeira é o ponto de partida necessário da inteligência humana; a terceira, seu estado fixo e definitivo; a segunda, unicamente destinada a servir de transição. COMTE, A. Curso de filosofia positiva. São Paulo: Abril Cultural, 1978 (adaptado).

O texto aponta que, para o fundador do Positivismo, o espírito humano atinge

a descoberta das leis efetivas.

Esta alternativa está correta. Comte argumenta que no estado científico ou positivo, o espírito humano busca a descoberta das leis efetivas que regem os fenômenos através de métodos científicos. Este estado é o objetivo final do desenvolvimento do conhecimento humano, onde as explicações são baseadas em observações e experimentações sistemáticas.
a consolidação dos mitos universais.

Esta alternativa está incorrecta. Comte não considera que o estado definitivo do saber humano seja a consolidação dos mitos universais. Na verdade, ele considera que o conhecimento passa do estado teológico, que inclui mitos e deuses como forma de explicar o mundo, para um estado científico onde as explicações são baseadas em experiências e observações empíricas, deixando para trás a interpretação mitológica.
a indiferença ao desenvolvimento dos indivíduos.

Esta alternativa está incorreta. Comte não propõe uma indiferença ao desenvolvimento dos indivíduos. Na verdade, o progresso do conhecimento humano, conforme ele descreve, tem implicações no desenvolvimento da sociedade e do indivíduo. O estado científico representa um avanço na compreensão que pode beneficiar toda a humanidade. Portanto, não se caracteriza por indiferença, mas sim por um foco em métodos racionais para guiar o progresso humano.
o regresso ao final do processo.

Esta alternativa está incorrecta. O regresso ao final do processo não é parte da teoria de Comte. Para ele, o avanço do conhecimento humano é uma progressão linear através de três estados: teológico, metafísico, e finalmente científico. Não há, em sua teoria, uma ideia de retorno aos estágios anteriores.
a desconsideração dos fatos pretéritos.

Esta alternativa é incorreta. Embora Comte considere que a filosofia positiva nem sempre se preocupe com os detalhes históricos dos estágios anteriores, ele não afirma que se deve desconsiderar completamente os fatos do passado. O foco está na construção de conhecimentos baseados em fatos observáveis e verificáveis; no entanto, a compreensão do passado não é deliberadamente negligenciada.

Tanto Augusto Comte quanto Karl Marx identificam imperfeições na sociedade industrial capitalista, embora cheguem a conclusões bem diferentes: para o positivismo de Comte, os conflitos entre trabalhadores e empresários são fenômenos secundários, deficiências, cuja correção é relativamente fácil, enquanto, para Karl Marx, os conflitos entre proletários e burgueses são o fato mais importante das sociedades modernas. A respeito das concepções teóricas desses autores, é CORRETO afirmar:

Para Karl Marx, o caráter contraditório do capitalismo manifesta-se no fato de que o crescimento dos meios de produção se traduz na elevação do nível de vida da maioria dos trabalhadores embora não elimine as desigualdades sociais.

Esta afirmação está incorreta. Marx não acreditava que o capitalismo elevasse o nível de vida da maioria dos trabalhadores de forma que diminuísse as desigualdades sociais. Pelo contrário, ele argumentava que o crescimento dos meios de produção sob o capitalismo beneficiava principalmente os burgueses, enquanto as desigualdades sociais permaneciam ou até se intensificavam.
Comte pensava que a organização científica da sociedade industrial levaria a atribuir a cada indivíduo um lugar proporcional à sua capacidade, realizando-se assim a justiça social.

Esta é a alternativa correta. Comte acreditava que a organização científica poderia levar a sociedade a um estado de ordem e progresso, onde cada pessoa teria uma posição de acordo com suas capacidades. Ele via a sociedade industrial como capaz de ser harmonizada com base em princípios racionais, levando à justiça social através de uma distribuição mais adequada e funcional dos papéis sociais.
Tanto Augusto Comte quanto Karl Marx concordam que a sociedade capitalista industrial expressa a predominância de um tipo de solidariedade, que classificam como orgânica, cujas características se refletirão diretamente em suas instituições.

Esta afirmação está incorreta. A ideia de solidariedade orgânica foi proposta por Émile Durkheim, não por Comte ou Marx. Durkheim usou esse conceito para descrever como as sociedades complexas, como as industriais, se mantinham coesas. Enquanto Marx focava na luta de classes e Comte na ordem e no progresso através da ciência, Durkheim via a solidariedade orgânica como a interdependência entre indivíduos com funções especializadas. Portanto, essa não é uma concordância entre Comte e Marx.
Comte considera que a partir do momento em que os homens pensam cientificamente, a atividade principal das coletividades passa a ser a luta de classes que leva necessariamente à resolução de todos os conflitos.

Esta afirmação está incorreta. Comte, um positivista, não acreditava que a luta de classes fosse a atividade principal das sociedades. Ele via a sociedade moderna como um sistema que poderia ser ordenado e harmonizado através da ciência e da razão. Para Comte, a evolução da sociedade passaria por conflitos, mas a luta de classes era vista como uma perturbação secundária, não como o foco central de progresso ou resolução.
Marx acredita que a história humana é feita de consensos e implica, por um lado, o antagonismo entre opressores e oprimidos; por outro lado, tende a uma polarização em dois blocos: burgueses e proletários.

Esta afirmação está incorreta. Na verdade, Karl Marx não acredita que a história seja feita de consensos. Ele vê a história como uma sucessão de lutas de classes entre opressores e oprimidos, como senhores e servos no feudalismo, e burgueses e proletários no capitalismo. Marx acreditava na tendência de polarização entre burgueses e proletários no capitalismo, mas isso não é um consenso, e sim um conflito contínuo que somente seria resolvido com a superação do capitalismo pelo socialismo.

Dentro das Ciências Sociais, como nas demais Ciências, encontramos várias correntes filosóficas, entre elas, o Positivismo.

Uma das características do Positivismo é:

Utilizar o método cartesiano para compreender o social, dividindo o social e o individual como objetos diferentes de análise.

Esta alternativa está incorreta. O Positivismo não é conhecido por usar o método cartesiano de René Descartes, que é famoso por sua dúvida metódica e abordagem filosófica racionalista. O Positivismo, por sua vez, enfatiza o método científico e a observação empírica para estudar a sociedade. Ele busca integrar o social e o individual como partes de um sistema em ordem, ao invés de separá-los rigidamente como objetos diferentes de análise.
Ser uma teoria socialista em que se junta a ordem e o progresso, sendo a primeira fundamental para se obter a melhoria da vida em sociedade.

Esta afirmação está incorreta. Ao contrário do que sugere, o Positivismo não é uma teoria socialista. Embora a frase "Ordem e Progresso" de Auguste Comte possa soar semelhante a ideias socialistas, o Positivismo é uma filosofia política que enfatiza a ciência e a ordem social. Ele não promove a mudança radical da ordem social ou a abolição das classes sociais, como fazem as teorias socialistas. O Positivismo busca a reforma social através do conhecimento científico e não através da revolução ou da luta de classes.
Aliar a ciência ao desenvolvimento de melhorias para a sociedade, sempre garantindo a ordem, pois a organização social é fundamental para que tenhamos a paz, evitando, assim, distúrbios e abalos no sistema.

Esta alternativa está correta. O Positivismo, de fato, alia a ciência ao desenvolvimento da sociedade, promovendo a ordem como um meio de alcançar o progresso social. O lema de Auguste Comte, "Ordem e Progresso", emblematicamente adotado na bandeira do Brasil, reflete essa ideia de que a ordem é essencial para o progresso social. A função da ciência é exatamente melhorar a sociedade, evitando distúrbios que causem desordem.
Analisar a sociedade a partir das classes, as quais seriam compostas pela quantidade de dinheiro acumulado.

Esta alternativa está incorreta. O Positivismo não analisa a sociedade a partir das classes sociais definidas pela quantidade de dinheiro acumulado. Esta abordagem lembra mais o Materialismo histórico de Karl Marx, que foca no conflito entre classes econômicas. O Positivismo, fundado por Auguste Comte, tem uma visão mais centrada na busca de leis gerais e na progressão através do conhecimento científico, visando a ordem e o progresso.
Proporcionar a intepretação do social pela ótica da religião, a qual poderia explicar a existência das desigualdades e dos conflitos como sendo algo natural em meio à sociedade.

Esta afirmação está incorreta. O Positivismo, ao contrário, busca afastar-se da ótica da religião e das explicações sobrenaturais. Ele propõe que o conhecimento e a compreensão da sociedade devem ser baseados em observações empíricas e métodos científicos, em vez de crenças religiosas. O Positivismo critica, portanto, a ideia de que a religião pode explicar as desigualdades e os conflitos sociais.

Segundo Comte, “todos os bons espíritos repetem, desde Bacon, que somente são reais os conhecimentos que repousam sobre fatos observados”. Com esse pensamento, o que Comte deseja afirmar? Marque a alternativa CORRETA.

A religião supera a ciência e é mais ampla do que esta.

Comte não acreditava que a religião superava a ciência. Pelo contrário, ele argumentava que a humanidade deveria progredir do estágio teológico para o metafísico e, finalmente, alcançar o estágio positivo, onde a ciência, baseada em fatos observáveis e experimentos, é a única forma válida de conhecimento. Assim, esta alternativa está errada.
Ao expulsarmos os mitos, a religião, as crenças em geral e a metafísica, a ciência positiva assume seu devido lugar.

Esta é a alternativa correta. Comte propôs que, para alcançarmos um conhecimento verdadeiramente útil e real, deveríamos abandonar os mitos, a religião e a metafísica. Esses elementos são associados a estágios anteriores do desenvolvimento do conhecimento humano, aos quais ele se referiu como estágios teológico e metafísico. No estágio positivo, que ele defendia, a ciência positiva, baseada em observações e experimentos, assume seu lugar central. Essa postura está alinhada com a citação apresentada na questão.
A metafísica possui respostas mais consistentes do que as ciências positivas.

Esta alternativa está incorreta. Comte argumentava que a metafísica era uma etapa intermediária na evolução do conhecimento humano, que deveria ser superada pelo estágio positivo. No contexto do positivismo comtiano, as ciências positivas, que se baseiam em observações empíricas, oferecem respostas mais fiáveis e consistentes do que a metafísica.
Os mitos e a religião devem conviver harmoniosamente com a ciência.

Para Comte, o positivismo é uma filosofia que se foca em conhecimentos derivados de observações e experimentos. Ou seja, ele acreditava que a ciência deveria basear-se em fatos observáveis e não em crenças sobrenaturais ou mitológicas. Então, esta alternativa está incorreta, pois a visão de Comte não era de que mitos e religião deveriam conviver harmoniosamente com a ciência; pelo contrário, a ciência deveria se sobrepor às crenças não baseadas em observações empíricas.

Sobre os ideais de Auguste Comte, é correto afirmar que:

De acordo com Comte, o positivismo é a busca pela organização do mundo social na racionalidade, não admitindo explicações sobrenaturais; tem como lema “ordem e progresso”.

Esta afirmação está correta. Comte, ao desenvolver o Positivismo, defendeu que o conhecimento válido é aquele obtido pela observação empírica dos fenômenos naturais e sociais, rejeitando explicações sobrenaturais. Ele também contribuiu para a ideia de que as sociedades devem buscar ordem e progresso, o que se refletiu inclusive na bandeira do Brasil.
O pensamento formalista de Comte é fundamentado na concepção de que o mundo deve estar sempre organizado e formalizado para atender às necessidades do Estado.

A afirmação de que Comte defendia um pensamento formalista visando atender às necessidades do Estado não é precisa. Embora Comte tenha influenciado áreas como política e organização social, seu enfoque no Positivismo está no progresso intelectual, com base na ciência e na observação dos fenômenos naturais e sociais, buscando ordem e progresso, mas não meramente para formalização estatal.
A causa e efeito norteiam o pensamento desse pensador francês que, a partir de interpretações do mundo, buscou na filosofia e na psicologia desenvolver o método comtiano racionalista e causualístico.

A afirmação é imprecisa. Embora Comte tenha se preocupado com a causa e efeito em seu pensamento e tenha buscado formular o método positivo por meio da observação científica, a deturpação aqui é confundir seu foco em ciência natural com uma especulação filosófica baseada em psicologia, que não era seu método. Ele enfatizava a necessidade de observação empírica e métodos científicos rigorosos.
O pensamento positivista é derivado de reflexões teológicas e constituído a partir da racionalidade agostiniana em um momento em que a Europa buscava uma antítese para as explicações capitalistas de exploração das colônias africanas e asiáticas.

Esta afirmação é incorreta. O pensamento de Comte não é derivado de reflexões teológicas nem relacionado diretamente com a racionalidade agostiniana (de Santo Agostinho). O Positivismo é uma ruptura com explicações religiosas e teológicas e busca substituir esse tipo de especulação por conhecimento científico e observação empírica.
O Positivismo de Comte é baseado nas ciências naturais e através da experimentação e dos resultados científicos busca-se o conhecimento do mundo.

A afirmação está parcialmente correta. O Positivismo de Comte realmente busca inspiração nas ciências naturais e valoriza a experimentação e os resultados científicos como meio de alcançar o conhecimento. No entanto, a afirmação não menciona que Comte também se concentra na observação empírica e numa hierarquia de ciências onde a sociologia ocupa uma posição de destaque.

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