Estudos quantitativos sobre felicidade e riqueza
Qual a relação entre felicidade e riqueza? É necessário ser muito rico para ser feliz? Ou uma renda modesta ou até mesmo a pobreza não são um obstáculo para a felicidade?
Essa é uma questão filosófica muito debatida na antiguidade. Sêneca, por exemplo, acreditava que a riqueza era importante apenas para satisfazer nossas necessidades naturais, o que não custava muito.
No último século essa questão deixou de ser abordada apenas pela filosofia e religião, e passou a ser aborda também pela psicologia e até mesmo a economia. Nas últimas décadas, surgiram vários estudos quantitativos que procuram determinar a partir de estudos estatísticos o impacto da riqueza na felicidade.
Riqueza não traz felicidade
O primeiro gráfico apresenta uma comparação entre o nível de felicidade entre e nível de renda, nos Estados Unidos, de 1950 a 2000.
Como é possível observar no gráfico, a renda (linha azul pontilhada) teve um aumento expressivo ao longo desses cinquenta anos. Em 1950 a renda per capta nos EUA era de 10 mil dólares. Esse valor mais que triplicou, passando para 35 mil dólares nos anos 2000.
A felicidade (linha vermelha contínua), por outro lado, se manteve relativamente estável. Em 1950, em torno de 30% da população se dizia muito feliz e em 200 esse valor permaneceu inalterado.
A riqueza traz felicidade
Pesquisas comparando nível de felicidade e de riqueza de diferentes países, ao contrário, apontam uma relação positiva entre riqueza e felicidade.
Nesse caso, podemos observar que em países que a população possui uma renda per capta inferior a 5 mil dólares, o nível de satisfação com a vida é inferior a países que possuem uma renda per capta de 20 mil dólares. Por outro lado, a diferença de satisfaça com a vida em países com 20 mil dólares e 40 mil dólares per capta é pouco expressiva, embora exista.
Como interpretar um gráfico como esse? Há várias possibilidades.
Uma delas é afirmar que a correlação entre felicidade e riqueza é surpreendentemente forte. O que sugere que uma renda maior é sempre bem-vinda, já que sempre irá gerar maior felicidade.
Outra possibilidade é dizer que a riqueza tem pouca importância a partir do momento em que um país atinge um patamar em torno de 15 mil dólares per capta. A partir disso, é necessário um incremento muito grande no nível de riqueza para um pequeno aumento no nível de felicidade. Interpretação essa que é corroborada pelo gráfico inicial, já que nele não vemos alteração no nível de felicidade, apesar de a renda ter triplicado.
Por fim, uma possibilidade é negar que seja possível fazer comparações entre nível de satisfação com a vida entre diferentes países. Esse é um conceito com um significado próprio dentro de cada cultura, o que torna difícil dizer que um Brasileiro é mais feliz que um Indiano, ou vice-versa, já que uma vida boa significa algo totalmente diferente em cada um desses países.