Questões do ENEM sobre racionalismo e empirismo
Segundo o autor, qual é a origem do conhecimento humano?
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A vivência dos fenômenos do mundo.
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O estudo das tradições filosóficas.
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O desenvolvimento do raciocínio abstrato.
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A potência inata da mente.
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A revelação da inspiração divina.
Os meus pensamento são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca. PESSOA, F. O guardados de rebanhos - IX. In: GOLHOZ, M. A. (Org.). Obras poéticas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1999 (fragmento). TEXTO II
Tudo aquilo que sei do mundo, mesmo por ciência, eu sei a partir de uma visão minha ou de uma experiência do mundo sem a qual os símbolos da ciência não poderiam dizer nada.
MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes, 1999 (adaptado).
Os textos mostram-se alinhados a um entendimento acerca da ideia de conhecimento, numa perspectiva que ampara a
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verificabilidade de proposições no campo da lógica.
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confirmação da existência de saberes inatos.
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anterioridade da razão no domínio cognitivo.
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possibilidade de contemplação de verdades atemporais.
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valorização do corpo na apreensão da realidade.
Depreende-se deste excerto da obra de Hume que o conhecimento tem a sua gênese na
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dimensão apriorística.
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elaboração do intelecto.
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convicção inata.
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percepção dos sentidos.
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realidade trascendental.
Em busca pelo saber verdadeiro, o autor considera o conhecimento, de modo crítico, como resultado da
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retomada da tradição intelectual.
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autonomia do sujeito pensante.
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imposição de valores ortodoxos.
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liberdade do agente moral.
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investigação da natureza empírica.
Apesar de questionar os conceitos da tradição, a dúvida radical da filosofia cartesiana tem caráter positivo por contribuir para o (a):
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exaltação do pensamento clássico.
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surgimento do conhecimento inabalável.
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fortalecimento dos preconceitos religiosos.
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dissolução do saber científico.
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recuperação dos antigos juízos.
O instrumento intelectual empregado por Descartes para analisar os seus próprios pensamentos tem como objetivo
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observar os eventos particulares para a formação de um entendimento universal.
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analisar as necessidades humanas para a construção de um saber empírico.
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estabelecer uma base cognitiva para assegurar a valorização da memória.
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investigar totalidades estruturadas para dotá-las de significação.
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identificar um ponto de partida para a consolidação de um conhecimento seguro.
Considero apropriado deter-me algum tempo na contemplação deste Deus todo perfeito, ponderar totalmente à vontade seus maravilhosos atributos, considerar, admirar e adorar a incomparável beleza dessa imensa luz. DESCARTES, R. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1980. TEXTO II
Qual será a forma mais razoável de entender como é o mundo? Existirá alguma boa razão para acreditar que o mundo foi criado por uma divindade todo-poderosa? Não podemos dizer que a crença em Deus é “apenas” uma questão de fé. RACHELS, J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.
Os textos abordam um questionamento da construção da modernidade que defende um modelo:
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fundamentado na ordenação imanentista.
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configurado na percepção etnocêntrica.
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centrado na razão humana.
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baseado na explicação mitológica.
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focado na legitimação contratualista.
Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez. DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979. TEXTO II
Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja sendo empregada sem nenhum significado, precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá para confirmar nossa suspeita. HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004 (adaptado).
Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do conhecimento humano. A comparação dos excertos permite assumir que Descartes e Hume
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concordam que conhecimento humano é impossível em relação às ideias e aos sentidos.
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são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do conhecimento.
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entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma ideia na reflexão filosófica e crítica.
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atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de obtenção do conhecimento.
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defendem os sentidos como critério originário para considerar um conhecimento legítimo.
Hume estabelece um vínculo entre pensamento e impressão ao considerar que
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as ideias fracas resultam de experiências sensoriais determinadas pelo acaso.
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os conteúdos das ideias no intelecto têm origem na sensação.
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os sentimentos ordenam como os pensamentos devem ser processados na memória.
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o espírito é capaz de classificar os dados da percepção sensível.
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as ideias têm como fonte específica o sentimento cujos dados são colhidos na empiria.
O trecho em questão é uma referência ao que ficou conhecido como revolução copernicana na filosofia. Nele, confrontam-se duas posições filosóficas que
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revelam a relação de interdependência entre os dados da experiência e a reflexão filosófica.
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apostam, no que diz respeito às tarefas da filosofia, na primazia das ideias em relação aos objetos.
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assumem pontos de vista opostos acerca da natureza do conhecimento.
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refutam-se mutuamente quanto à natureza do nosso conhecimento e são ambas recusadas por Kant.
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defendem que o conhecimento é impossível, restando-nos somente o ceticismo.
A proposição “eu sou, eu existo” corresponde a um dos momentos mais importantes na ruptura da filosofia do século XVII com os padrões da reflexão medieval, por:
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estabelecer o ceticismo como opção legítima.
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inaugurar a posição teórica conhecida como empirismo.
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utilizar silogismos linguísticos como prova ontológica.
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estabelecer um princípio indubitável para o conhecimento.
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questionar a relação entre a filosofia e o tema da existência de Deus.
HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1995.
O problema descrito no texto tem como consequência a
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normatividade das teorias científicas que se valem da experiência.
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universalidade do conjunto das proposições de observação.
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dificuldade de se fundamentar as leis científicas bases empíricas.
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inviabilidade de se considerar a experiência na construção da ciência.
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correspondência entre afirmações singulares e afirmações universais.
Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não podia ser senão mui duvidoso e incerto. Era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente a fim de estabelecer um saber firme e inabalável. DESCARTES, R. Meditações concernentes à Primeira Filosofia. São Paulo: Abril Cultural, 1973 (adaptado). TEXTO II
É o caráter radical do que se procura que exige a radicalização do próprio processo de busca. Se todo o espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí terá sido de alguma forma gerada pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma daquelas que foram anteriormente varridas por essa mesma dúvida. SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado).
A exposição e a análise do projeto cartesiano indicam que, para viabilizar a reconstrução radical do conhecimento, deve-se
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retomar o método da tradição para edificar a ciência com legitimidade.
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buscar uma via para eliminar da memória saberes antigos e ultrapassados.
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encontrar ideias e pensamentos evidentes que dispensam ser questionados.
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questionar de forma ampla e profunda as antigas ideias e concepções.
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investigar os conteúdos da consciência dos homens menos esclarecidos.
O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão (427 a.C.-346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão se situa diante dessa relação?
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Privilegiando os sentidos e subordinando o conhecimento a eles.
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Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas.
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Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e sensação são inseparáveis.
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Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à razão.
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Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a sensação não.