Racionalismo ou empirismo: como conhecemos a realidade?
Você já foi enganado alguma vez pelos seus olhos? Pensou ver algo mas era uma coisa diferente?
Vamos fazer algumas experiências. Primeiro, olhe atentamente para a Imagem 1. Se vemos as mesmas coisas, você perceberá uma figura colorida que não para de se mexer, mesmo sendo uma imagem estática.
A Imagem 2 também gera essa ilusão de movimento de uma forma ainda mais curiosa. Quando você olha para a imagem como um todo sem direcionar a atenção para um dos círculos, vê todos se moverem. No entanto, se olhar fixamente para um deles, ele ficará parado e os do entorno se moverão.
A Imagem 3 apresenta um comportamento diferente. Ao olhar rapidamente para ela, não verá nada estranho. Mas se você olhar fixamente para o símbolo de + no centro, os círculos rosa do entorno irão suavemente desaparecer.
Se uma simples imagem pode confundir nossos sentidos, como garantimos que nossa percepção do mundo ao redor é realmente precisa? Como podemos saber se o que vemos é realmente como o mundo é? E se a todo momento vemos coisas que não estão lá?
Desde os tempos antigos, filósofos se questionam se o que vemos é, de fato, o que está lá. Enquanto alguns acreditam que nossos sentidos nos dão uma imagem bastante realista do mundo, outros se mostram mais cautelosos ou defendem que é possível fazer o uso da razão para ter uma imagem verdadeira das coisas.
Questões como essa fazem parte de uma área da filosofia chamada de epistemologia. A palavra “epistemologia” vem do grego “episteme”, que significa conhecimento, e “logos”, que significa estudo ou discurso. Portanto, epistemologia é, essencialmente, o estudo do conhecimento. Ela questiona como sabemos o que sabemos e até que ponto o que conhecemos é confiável. É uma busca para entender as origens, natureza e limites de nosso saber.
O debate entre racionalistas e empiristas na Idade Moderna
Na Idade Moderna, entre os séculos XV e XVIII, essas perguntas epistemológicas adquiriram destaque especial. Foi uma época em que grandes mentes debateram intensamente sobre a confiabilidade de nossos sentidos e a possibilidade de conhecer aspectos da realidade apenas fazendo uso do raciocínio.
Descartes, por exemplo, um proeminente filósofo racionalista, acreditava que só podemos encontrar a verdade através da razão e do pensamento lógico. “Penso, logo existo” é uma de suas frases mais famosas, sugerindo que nosso próprio pensamento é a prova mais fundamental de nossa existência.
Representando o empirismo, Locke acreditava que nascemos como uma “tábula rasa” – uma folha em branco – e que é a experiência, através de nossos sentidos, que escreve em nossa mente. Para ele, a experiência sensorial é a fundação de nosso conhecimento.
E, por fim, temos uma perspectiva que tenta combinar o melhor dos dois mundos. Kant, com uma perspectiva chamada idealismo transcendental, sugere que tanto a nossa razão quanto a nossa experiência contribuem para a formação do nosso conhecimento. Para ele, nossa mente não é apenas uma folha em branco esperando ser preenchida por experiências, mas também um órgão ativo que processa e interpreta essas experiências.
Qual a origem de nosso conhecimento? Qual o papel dos sentidos e da razão? Racionalistas como Descartes, empiristas como Locke e pensadores como Kant, como seu idealismo transcendental, tentaram desvendar esse mistério. Cada um, a seu modo, ofereceu uma peça do quebra-cabeça. Como combinar essas peças para termos uma melhor compreensão dessas questões?
Nos próximos artigos, iremos explorar em detalhes cada uma dessas formas de pensamento e você terá oportunidade de refletir e tirar suas conclusões.