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Questões sobre o conceito de mímesis
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Nesse sentido, Aristóteles defendia que a Poesia é superior à História porque
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o número de leitores de poesia era muito superior ao de leitores de textos sobre história, na Grécia Antiga.Esta alternativa está incorreta. Aristóteles não baseia sua defesa da superioridade da poesia sobre a história no número de leitores ou popularidade. Sua análise transcende o aspecto quantitativo do público leitor, focando mais no conteúdo e no tipo de verdade que cada uma das formas artísticas ou literárias aborda.
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a beleza formal dos versos poéticos não poderia ser igualada ao texto informativo dos historiadores.Esta alternativa está incorreta. Aristóteles, em sua Poética, não defende a superioridade da poesia sobre a história por motivos de beleza formal. Embora ele reconheça a importância da forma na arte poética, sua defesa da poesia está mais ligada à forma como ela aborda a realidade, tocando em conceitos mais universais, em vez de focar em aspectos estéticos relativos aos versos poéticos.
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a poesia poderia ser transformada em peças dramáticas, enquanto textos de história só poderiam ser lidos.Esta alternativa está incorreta. A transformação de poesia em peças dramáticas não é o motivo principal para Aristóteles considerar a poesia superior à história. Seu argumento central é que a poesia trata de verdades universais, enquanto a narrativa histórica está presa a eventos singulares, e não o fato de que a poesia poderia ser encenada e a história não.
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a poesia lida com conceitos universais, enquanto a narrativa histórica precisa focar um tema específico.Esta alternativa está correta. Aristóteles argumenta em sua Poética que a poesia é superior à história porque lida com conceitos universais, ao passo que a história se concentra em eventos específicos e singulares. Para Aristóteles, a poesia trata do que poderia acontecer, de acordo com a probabilidade ou necessidade, capturando assim verdades universais, enquanto a história relata o que aconteceu, sendo limitada a eventos particulares.
Gláucon – Da aparência – disse.
Sócrates – Ah! A arte de imitar está longe da verdade e, ao que parece, ela é capaz de fazer todas as imitações porque só alcança um pouquinho de cada coisa, mesmo não sendo nada além de uma imagem inerte. Dizemos, por exemplo, que o pintor nos pintará um sapateiro, um construtor, os outros artesãos, sem nada conhecer do ofício deles. Mesmo assim, porém, se fosse um bom pintor, ele enganaria as crianças e os homens tolos, porque desenharia um construtor e, mostrando-o de longe, a eles realmente pareceria um construtor.
Ao definir a arte como imitação (mímesis), Sócrates utiliza o exemplo do pintor para mostrar que a obra de arte
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engana alguns por representar perfeitamente as pessoas.Esta opção está parcialmente correta, mas falta um detalhe crucial. Embora Sócrates diga que a arte pode enganar, ele não especifica que o faz por representar 'perfeitamente'. Ele destaca que a arte é enganadora por imitar apenas a aparência e, portanto, pode parecer verdade apenas para aqueles que não examinam mais a fundo, usando a metáfora do pintor que engana as crianças e os homens tolos à distância.
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revela a verdade das coisas, quando bem-elaborada.Essa opção está incorreta. Sócrates utiliza a metáfora do pintor exatamente para salientar o oposto: que a arte não revela a verdade das coisas, mesmo que seja bem-elaborada. Para ele, a melhor execução ainda representa apenas a aparência superficial, sem capturar a essência ou a verdade real dos objetos ou pessoas retratadas.
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revela a verdade escondida das coisas.Esta afirmação está incorreta. Sócrates, nesta passagem, está discutindo como a arte é uma forma de imitação que não atinge a verdade das coisas, mas sim sua aparência. Ele ilustra que a arte pode enganar, pois só alcança uma representação superficial, sem revelar qualquer verdade subjacente ou profunda sobre os objetos retratados.
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revela a verdade aos que não sabem usar a razão corretamente.Esta alternativa está incorreta. Sócrates, na verdade, sugere que a arte engana os que não usam a razão corretamente, mostrando a aparência e não a verdade. Portanto, em vez de revelar a verdade, a arte se aproveita da falta de raciocínio crítico para criar uma ilusão externa, longe da verdade profunda das coisas retratadas.
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mostra somente a aparência das coisas.Esta afirmativa está correta. Sócrates argumenta que a arte, como a pintura, imita apenas a aparência e não a essência ou a verdade das coisas. Ele destaca que o pintor, sem conhecer profundamente nada sobre o ofício de um construtor ou sapateiro, pode criar imagens que parecem verdadeiras à distância, mas que não dizem nada sobre a realidade interna ou funcionamento verdadeiro desses ofícios.
[...] a arte imita a natureza [. . . ] Em geral a arte perfaz certas coisas que a natureza é incapaz de elaborar e
a imita. Assim, se as coisas que são conforme a arte são em vistas de algo, evidentemente também o são as
coisas conforme à natureza. ARISTÓTELES, Física I e II. 194 a20; 199 a13-18. Tradução adaptada de Lucas Angioni. Campinas: IFCH/UNICAMP, 1999. p.47; 58.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre mímesis (imitação) em Aristóteles, assinale a alternativa correta.
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O artista deve copiar a natureza, retirando suas imperfeições ao imitá-la com base no modelo que nunca muda.Esta afirmação não é correta no contexto aristotélico. Aristóteles não diz que o artista deve imitar a natureza de forma a aperfeiçoá-la ou retirar suas imperfeições com base em um modelo imutável. Para Aristóteles, a arte enquanto mímesis não é apenas uma cópia literal da natureza; ela é uma forma de revelação de possibilidades que a natureza apenas sugere. A arte e a natureza têm fins diferentes, mas ambas são valiosas justamente por mostrarem possibilidades de ser.
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A arte produz o prazer em vista de um fim, e a natureza gera em vista do que é útil.Esta afirmação contém uma confusão entre os conceitos de prazer e utilidade em Aristóteles. É verdade que tanto a arte quanto a natureza podem estar ligadas ao prazer e à utilidade, mas Aristóteles via na arte um componente essencial da realização humana que não se limita a produzir pela utilidade ou mero prazer. A arte pode produzir prazer, mas isso não é sua única finalidade; ao imitar, a arte visa à verdade e à beleza, enquanto a natureza não age com intencionalidade. Por isso, essa alternativa está incorreta.
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A arte completa a natureza por ser a capacidade humana para criar e produzir o que a natureza não produz.Esta é a resposta correta. De acordo com Aristóteles, a arte não apenas imita a natureza; ela também a completa, ou seja, através da arte, o ser humano é capaz de criar e produzir coisas que a natureza, por si só, não geraria. Isso está relacionado à capacidade humana de imprimir intenção e finalidade às suas criações, diferentemente da natureza, que segue leis próprias. Assim, a arte se torna uma extensão das capacidades criativas humanas, indo além do que a natureza simplesmente entrega.
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O procedimento do artista resulta em imitar a natureza de maneira realista, típica do naturalismo grego.Essa interpretação não abarca a compreensão completa da filosofia de Aristóteles. Ele não advoga um realismo absoluto ou uma imitação servil da natureza. Para Aristóteles, a mímesis na arte é uma forma de entendimento ou investigação das possibilidades da natureza, e não apenas uma representação realista ou naturalista de seus fenômenos visíveis. O valor da arte vai além da mera reprodução, pois inclui a intenção e a finalidade.
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A arte, distinta da natureza, produz imitações desta, mas são criações sem finalidade ou utilidade.Aristóteles considerava que tanto a arte quanto a natureza possuem uma finalidade. Embora a arte seja distinta da natureza, ela não produz imitações sem utilidade ou propósito. Pelo contrário, para Aristóteles, a arte está profundamente ligada à ideia de finalidade, pois mesmo na imitação, é capaz de revelar verdade e beleza, contribuindo para a compreensão do mundo.
Assim, a epopeia e a poesia trágica, também a cômica, [...] são, [. . . ] produções miméticas. [. . . ] mas não há nada em comum entre Homero e Empédocles, exceto a métrica; eis porque designamos, com justiça, um de poeta, o outro de naturalista em vez de poeta. ARISTÓTELES. Poética. 1447 a15; 1447 b16-21. 2. ed. Edição bilíngue. Trad. Paulo Pinheiro. Rio de Janeiro: Editora 34, 2017. p. 37 e 39; 43 e 45
Com base no texto e nos conhecimentos sobre Aristóteles, assinale a alternativa correta.
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Homero e Empédocles, por usarem a metrificação e discursos miméticos, falam dos deuses e heróis da mitologia e da presença deles na natureza.Esta alternativa está incorreta porque, embora Homero utilize a métrica para narrar mitos sobre deuses e heróis, Aristóteles não agrupa Empédocles com Homero no que diz respeito ao foco temático das suas obras. Enquanto Homero realmente fala dos mitos, Empédocles se concentra mais em discutir a natureza de uma forma que se aproxima mais da filosofia do que da poesia. A métrica é usada por ambos, mas o conteúdo e o objetivo de suas obras são diferentes segundo Aristóteles.
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Empédocles e Anaximandro, filósofos naturalistas, escreviam em métrica, explicando como os deuses controlavam a natureza.Esta alternativa está incorreta. Empédocles, de fato, é um filósofo que escreveu em métrica, mas ele não se concentra em como os deuses controlam a natureza. Ao contrário, ele buscou explicar fenômenos naturais de uma forma mais racional e científica, se afastando da explicação mitológica tradicional. Misturar Anaximandro nesta alternativa é igualmente inadequado, pois ele também é reconhecido por suas contribuições aos primeiros passos da filosofia naturalista de maneira mais racional e não através de métricas sobre deuses.
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A escrita tanto de poetas trágicos como de filósofos naturalistas é definida pela métrica, ambos tratando racionalmente da natureza dos deuses.Esta alternativa está incorreta. Aristóteles não define a escrita de poetas trágicos e filósofos naturalistas apenas pela métrica. Embora a métrica possa ser uma característica comum, o que realmente os distingue é o propósito e o método das suas obras. Poetas como Homero usam a métrica para narrativas mitológicas e poéticas, enquanto filósofos como Empédocles usam a métrica para explorar questões sobre a natureza de maneira racional e filosófica, não necessariamente como um tratamento da natureza dos deuses de forma poética.
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Mesmo usando métrica, Empédocles é um dos primeiros filósofos que tratam da natureza, enquanto Homero narra os mitos da tradição grega.Esta alternativa está correta porque destaca a diferença essencial que Aristóteles faz entre Homero e Empédocles com base no tipo de discurso que cada um produz. Embora ambos usem métrica em seus escritos, Homero é conhecido por suas epopeias, que são narrativas mitológicas e poéticas sobre deuses e heróis da tradição grega, enquanto Empédocles, embora também use métrica, é reconhecido por seus estudos e explicações sobre a natureza, o que o caracteriza como um filósofo naturalista. Aristóteles, então, reconhece em Empédocles uma tentativa de explicar racionalmente o mundo natural, ao contrário da narrativa poética e mitológica de Homero.
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Métrica e mimética de poetas e naturalistas expressavam o modo como os mitos explicavam o funcionamento da natureza e do cosmo.Esta alternativa está incorreta porque, de acordo com Aristóteles, a diferença entre poetas e filósofos como Homero e Empédocles não é simplesmente o uso de métrica ou mimese para expressar mitos, mas sim a intenção e a abordagem de cada um em relação aos seus temas. Enquanto os poetas contam histórias mitológicas por meio da métrica, filósofos como Empédocles usam esses recursos para explorar e explicar o mundo natural de maneira racional, não necessariamente através de mitos.
Os melhores de entre nós, quando escutam Homero ou qualquer poeta trágico a imitar um herói que está aflito e se espraia numa extensa tirada cheia de gemidos, ou os que cantam e batem no peito, sabes que gostamos disso, e que nos entregamos a eles, e os seguimos, sofrendo com eles, e com toda seriedade elogiamos o poeta, como sendo bom, por nos ter provocado até o máximo, essas disposições. [. . . ] Mas quando sobrevém a qualquer de nós um luto pessoal, reparaste que nos gabamos do contrário, se formos capazes de nos mantermos tranquilos e de sermos fortes, entendendo que esta atitude é característica de um homem [. . . ]? PLATÃO. A República. 605 d-e. Trad. Maria Helena da Rocha Pereira. 12. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2010. p. 470.
Com base no texto, nos conhecimentos sobre mimesis (imitação) e sobre o pensamento de Platão, assinale a alternativa correta:
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O fato de mostrar as emoções de maneira exagerada em seus personagens faz de Homero e de autores de tragédia excelentes formadores na Cidade Ideal pensada por Platão.Esta alternativa está incorreta. Platão critica a maneira como Homero e os autores de tragédia representam as emoções de maneira exagerada em seus personagens, pois ele acredita que tal representação pode influenciar negativamente as pessoas, especialmente na formação do caráter dos cidadãos da sua Cidade Ideal. Para Platão, a imitação desses comportamentos pode encorajar as pessoas a agirem de maneira irracional em tempos de crise. Assim, tais representações artísticas não são valorizadas como instrumentos de formação na sociedade ideal que Platão imagina.
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A maneira como Homero constrói seus personagens retratando reações humanas deve ser imitada pelos demais poetas, pois é eticamente aprovada na Cidade Ideal platônica.Esta alternativa está incorreta. Platão é célebre por sua crítica à mimesis, ou à imitação nas artes. Ele acredita que a imitação de emoções e reações humanas, especialmente de maneira exagerada como feitas por Homero, não é eticamente aprovada na Cidade Ideal. Para Platão, tais representações artísticas têm o potencial de corromper a moral e desviar a alma da busca pela verdade e pelo bom caráter, fundamentais na formação dos cidadãos.
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Poetas como Homero e autores de tragédia provocam emoções de modo exagerado em quem os lê ou assiste, não sendo bons para a formação do cidadão na Cidade Ideal platônica.Esta alternativa está correta. Platão critica o efeito exagerado que poetas como Homero e autores de tragédia provocam nas emoções das pessoas. Ele acredita que, ao estimular reações emocionais intensas, essas obras não são benéficas para a formação do cidadão ideal, visto que podem desviar a racionalidade e a tranquilidade que Platão considera importantes. Transformar o sofrimento e as emoções em entretenimento pode levar as pessoas a se tornarem demasiado emotivas e afastá-las do ideal de razão e equilíbrio que ele prioriza na Cidade Ideal.
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A imitação de Homero e dos trágicos das reações humanas difere da dos pintores, pois, segundo Platão, não estão distantes em graus da essência, por isso podem fazer parte da cidade justa.Esta alternativa está incorreta. Platão argumenta que toda forma de imitação da arte está distante da verdade, pois é apenas uma cópia de uma cópia da essência. Tanto os poetas quanto os pintores estão presentes em graus de distância da verdadeira essência das coisas. Portanto, as obras de Homero e dos trágicos, por serem imitações, são consideradas prejudiciais à formação dos cidadãos na Cidade Ideal, porque não conduzem as pessoas à verdade ou à virtude.
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Reagir como os personagens homéricos e trágicos é digno de elogio, pois Platão considera que a descarga das emoções é benéfica para a formação ética dos cidadãos.Esta alternativa está incorreta. Platão não acredita que reagir de maneira emotiva como os personagens de Homero e dos trágicos seja digno de elogio. Na verdade, Platão critica essa descarga emocional, pois acredita que ela interfere na racionalidade e no controle emocional que os cidadãos devem ter. Segundo ele, na sua Cidade Ideal, um bom cidadão deve manter a calma e ser forte diante do sofrimento. Portanto, a descarga das emoções não é vista como benéfica para a formação ética dos cidadãos.
No Livro X da República, Platão defende a tese de que os poetas não têm lugar no estado ideal por ele proposto. Essa recusa em aceitar os poetas se deve
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ao fato de as criações dos poetas não serem compreendidas pela maioria dos cidadãos.Esta afirmação está incorreta. Platão não afirma que as criações dos poetas não são compreendidas pela maioria dos cidadãos. Sua preocupação é mais sobre o efeito enganador e emocional da poesia que afasta as pessoas da verdade filosófica. Platão teme que esse efeito impeça os cidadãos de alcançar o conhecimento verdadeiro.
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ao fato de a arte representar a realidade dos cidadãos, o que causaria problemas para o governo do estado.Esta afirmação está incorreta. Platão não rejeita os poetas por representarem a realidade dos cidadãos, mas sim porque a arte que produzem é imitação das aparências do mundo. A questão central para Platão é que a arte está distante do mundo das ideias que representa a verdade. É a influência enganosa dessa arte, e não sua representação da realidade, que preocupa Platão.
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ao fato de as criações artísticas dos poetas não terem cunho filosófico.Esta afirmação está incorreta porque, embora Platão critique a falta de cunho filosófico nas criações poéticas, o problema principal que ele vê na poesia não é a ausência de filosofia per se, mas sim como a poesia influencia a alma e afasta a verdade. O problema central, segundo Platão, é a capacidade da poesia de mexer com as emoções e se afastar da busca pela verdade, que é própria da filosofia.
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ao fato de a arte ser uma imitação da aparência, uma cópia da cópia da realidade.Esta afirmação está correta. Platão acredita que a arte, incluindo a poesia, é uma imitação das aparências do mundo sensível. Em sua teoria das ideias ou formas, Platão argumenta que a realidade verdadeira consiste no mundo das ideias (ou formas) que são perfeitas e imutáveis. Tudo o que vemos no mundo físico é apenas uma imitação imperfeita destas ideias. A arte, portanto, é uma cópia destas cópias, distanciando-se ainda mais da verdade, por isso os poetas, que trabalham com esta arte de imitação, não têm lugar na sua cidade ideal.
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ao fato de os poetas quererem tirar proveito pecuniário com sua arte.Esta afirmação está incorreta porque a crítica principal de Platão à poesia não envolve os ganhos financeiros que os poetas poderiam obter, mas sim a natureza e o impacto das obras poéticas na alma das pessoas. Platão se preocupa com a influência moral e epistemológica da poesia, não tanto com questões econômicas.
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