Aristóteles é considerado por muitos estudiosos como o primeiro crítico literário. Sua vasta produção, além de abordar Política, Biologia, Metafísica e Ética, também trata de Poética. Acreditava que um grande poeta, como Homero, deveria ser considerado também um filósofo.
Nesse sentido, Aristóteles defendia que a Poesia é superior à História porque
o número de leitores de poesia era muito superior ao de leitores de textos sobre história, na Grécia Antiga.
a poesia lida com conceitos universais, enquanto a narrativa histórica precisa focar um tema específico.
a beleza formal dos versos poéticos não poderia ser igualada ao texto informativo dos historiadores.
a poesia poderia ser transformada em peças dramáticas, enquanto textos de história só poderiam ser lidos.
Sócrates – Examina isso! Qual é o alvo da pintura na criação de cada desenho? É imitar o ser tal qual ele é ou imitar o que ele parece, é uma imitação da aparência ou da verdade?
Gláucon – Da aparência – disse.
Sócrates – Ah! A arte de imitar está longe da verdade e, ao que parece, ela é capaz de fazer todas as imitações porque só alcança um pouquinho de cada coisa, mesmo não sendo nada além de uma imagem inerte. Dizemos, por exemplo, que o pintor nos pintará um sapateiro, um construtor, os outros artesãos, sem nada conhecer do ofício deles. Mesmo assim, porém, se fosse um bom pintor, ele enganaria as crianças e os homens tolos, porque desenharia um construtor e, mostrando-o de longe, a eles realmente pareceria um construtor.
Ao definir a arte como imitação (mímesis), Sócrates utiliza o exemplo do pintor para mostrar que a obra de arte
engana alguns por representar perfeitamente as pessoas.
revela a verdade das coisas, quando bem-elaborada.
revela a verdade escondida das coisas.
mostra somente a aparência das coisas.
revela a verdade aos que não sabem usar a razão corretamente.
Leia o texto a seguir.
[...] a arte imita a natureza [. . . ] Em geral a arte perfaz certas coisas que a natureza é incapaz de elaborar e
a imita. Assim, se as coisas que são conforme a arte são em vistas de algo, evidentemente também o são as
coisas conforme à natureza. ARISTÓTELES, Física I e II. 194 a20; 199 a13-18. Tradução adaptada de Lucas Angioni. Campinas: IFCH/UNICAMP, 1999. p.47; 58.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre mímesis (imitação) em Aristóteles, assinale a alternativa correta.
O artista deve copiar a natureza, retirando suas imperfeições ao imitá-la com base no modelo que nunca muda.
A arte, distinta da natureza, produz imitações desta, mas são criações sem finalidade ou utilidade.
A arte produz o prazer em vista de um fim, e a natureza gera em vista do que é útil.
A arte completa a natureza por ser a capacidade humana para criar e produzir o que a natureza não produz.
O procedimento do artista resulta em imitar a natureza de maneira realista, típica do naturalismo grego.
Leia o texto a seguir.
Assim, a epopeia e a poesia trágica, também a cômica, [...] são, [. . . ] produções miméticas. [. . . ] mas não há nada em comum entre Homero e Empédocles, exceto a métrica; eis porque designamos, com justiça, um de poeta, o outro de naturalista em vez de poeta. ARISTÓTELES. Poética. 1447 a15; 1447 b16-21. 2. ed. Edição bilíngue. Trad. Paulo Pinheiro. Rio de Janeiro: Editora 34, 2017. p. 37 e 39; 43 e 45
Com base no texto e nos conhecimentos sobre Aristóteles, assinale a alternativa correta.
Mesmo usando métrica, Empédocles é um dos primeiros filósofos que tratam da natureza, enquanto Homero narra os mitos da tradição grega.
Métrica e mimética de poetas e naturalistas expressavam o modo como os mitos explicavam o funcionamento da natureza e do cosmo.
A escrita tanto de poetas trágicos como de filósofos naturalistas é definida pela métrica, ambos tratando racionalmente da natureza dos deuses.
Homero e Empédocles, por usarem a metrificação e discursos miméticos, falam dos deuses e heróis da mitologia e da presença deles na natureza.
Empédocles e Anaximandro, filósofos naturalistas, escreviam em métrica, explicando como os deuses controlavam a natureza.
Leia o texto a seguir.
Os melhores de entre nós, quando escutam Homero ou qualquer poeta trágico a imitar um herói que está aflito e se espraia numa extensa tirada cheia de gemidos, ou os que cantam e batem no peito, sabes que gostamos disso, e que nos entregamos a eles, e os seguimos, sofrendo com eles, e com toda seriedade elogiamos o poeta, como sendo bom, por nos ter provocado até o máximo, essas disposições. [. . . ] Mas quando sobrevém a qualquer de nós um luto pessoal, reparaste que nos gabamos do contrário, se formos capazes de nos mantermos tranquilos e de sermos fortes, entendendo que esta atitude é característica de um homem [. . . ]? PLATÃO. A República. 605 d-e. Trad. Maria Helena da Rocha Pereira. 12. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2010. p. 470.
Com base no texto, nos conhecimentos sobre mimesis (imitação) e sobre o pensamento de Platão, assinale a alternativa correta:
A imitação de Homero e dos trágicos das reações humanas difere da dos pintores, pois, segundo Platão, não estão distantes em graus da essência, por isso podem fazer parte da cidade justa.
O fato de mostrar as emoções de maneira exagerada em seus personagens faz de Homero e de autores de tragédia excelentes formadores na Cidade Ideal pensada por Platão.
A maneira como Homero constrói seus personagens retratando reações humanas deve ser imitada pelos demais poetas, pois é eticamente aprovada na Cidade Ideal platônica.
Reagir como os personagens homéricos e trágicos é digno de elogio, pois Platão considera que a descarga das emoções é benéfica para a formação ética dos cidadãos.
Poetas como Homero e autores de tragédia provocam emoções de modo exagerado em quem os lê ou assiste, não sendo bons para a formação do cidadão na Cidade Ideal platônica.
No Livro X da República, Platão defende a tese de que os poetas não têm lugar no estado ideal por ele proposto. Essa recusa em aceitar os poetas se deve
ao fato de os poetas quererem tirar proveito pecuniário com sua arte.
ao fato de a arte ser uma imitação da aparência, uma cópia da cópia da realidade.
ao fato de as criações artísticas dos poetas não terem cunho filosófico.
ao fato de a arte representar a realidade dos cidadãos, o que causaria problemas para o governo do estado.
ao fato de as criações dos poetas não serem compreendidas pela maioria dos cidadãos.
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