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Racionalismo ou empirismo: como conhecemos a realidade?

- 3 min leitura

Você já foi enganado alguma vez pelos seus olhos? Pensou ver algo mas era uma coisa diferente?

Vamos fazer algumas experiências. Primeiro, olhe atentamente para a Imagem 1. Se vemos as mesmas coisas, você perceberá uma figura colorida que não para de se mexer, mesmo sendo uma imagem estática.

Ilusão de ótima de imagem que parece se mover
Imagem 1

A Imagem 2 também gera essa ilusão de movimento de uma forma ainda mais curiosa. Quando você olha para a imagem como um todo sem direcionar a atenção para um dos círculos, vê todos se moverem. No entanto, se olhar fixamente para um deles, ele ficará parado e os do entorno se moverão.

Ilusão de ótica de múltiplos círculos que parecem engrenagem se movendo
Imagem 2

A Imagem 3 apresenta um comportamento diferente. Ao olhar rapidamente para ela, não verá nada estranho. Mas se você olhar fixamente para o símbolo de + no centro, os círculos rosa do entorno irão suavemente desaparecer.

ilusão de ótica de pontos rosas que desaparecem
Imagem 3

Se uma simples imagem pode confundir nossos sentidos, como garantimos que nossa percepção do mundo ao redor é realmente precisa? Como podemos saber se o que vemos é realmente como o mundo é? E se a todo momento vemos coisas que não estão lá?

Desde os tempos antigos, filósofos se questionam se o que vemos é, de fato, o que está lá. Enquanto alguns acreditam que nossos sentidos nos dão uma imagem bastante realista do mundo, outros se mostram mais cautelosos ou defendem que é possível fazer o uso da razão para ter uma imagem verdadeira das coisas.

Questões como essa fazem parte de uma área da filosofia chamada de epistemologia. A palavra “epistemologia” vem do grego “episteme”, que significa conhecimento, e “logos”, que significa estudo ou discurso. Portanto, epistemologia é, essencialmente, o estudo do conhecimento. Ela questiona como sabemos o que sabemos e até que ponto o que conhecemos é confiável. É uma busca para entender as origens, natureza e limites de nosso saber.

O debate entre racionalistas e empiristas na Idade Moderna

Na Idade Moderna, entre os séculos XV e XVIII, essas perguntas epistemológicas adquiriram destaque especial. Foi uma época em que grandes mentes debateram intensamente sobre a confiabilidade de nossos sentidos e a possibilidade de conhecer aspectos da realidade apenas fazendo uso do raciocínio.

Descartes, por exemplo, um proeminente filósofo racionalista, acreditava que só podemos encontrar a verdade através da razão e do pensamento lógico. “Penso, logo existo” é uma de suas frases mais famosas, sugerindo que nosso próprio pensamento é a prova mais fundamental de nossa existência.

Representando o empirismo, Locke acreditava que nascemos como uma “tábula rasa” – uma folha em branco – e que é a experiência, através de nossos sentidos, que escreve em nossa mente. Para ele, a experiência sensorial é a fundação de nosso conhecimento.

E, por fim, temos uma perspectiva que tenta combinar o melhor dos dois mundos. Kant, com uma perspectiva chamada idealismo transcendental, sugere que tanto a nossa razão quanto a nossa experiência contribuem para a formação do nosso conhecimento. Para ele, nossa mente não é apenas uma folha em branco esperando ser preenchida por experiências, mas também um órgão ativo que processa e interpreta essas experiências.

Qual a origem de nosso conhecimento? Qual o papel dos sentidos e da razão? Racionalistas como Descartes, empiristas como Locke e pensadores como Kant, como seu idealismo transcendental, tentaram desvendar esse mistério. Cada um, a seu modo, ofereceu uma peça do quebra-cabeça. Como combinar essas peças para termos uma melhor compreensão dessas questões?

Nos próximos artigos, iremos explorar em detalhes cada uma dessas formas de pensamento e você terá oportunidade de refletir e tirar suas conclusões.