Plano de aula sobre ceticismo
Identificação
- Autor: William Godoy
- Disciplina: Filosofia
- Duração: duas aulas de 50 minutos
- Público alvo: Ensino Médio
Objetivos da aula
Objetivo Geral
- Compreender o conceito de ceticismo, tal como entendido na antiguidade, a relação entre razão e emoção de acordo com os céticos e seus usos atuais.
Objetivos específicos
- Compreender o conceito de ceticismo antigo.
- Relacionar a ideia de epoché e a um estado de tranquilidade, serenidade.
- Relacionar estados emocionais (tranquilidade, medo) e juízos sobre o mundo.
- Conhecer argumentos céticos sobre as limitações da capacidade humana de conhecer a realidade.
- Aplicar o ceticismo a uma situação cotidiana e refletir sobre o valor dessa filosofia como um modo de vida.
Competências da BNCC
- Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
Conteúdo abordado
Nessa aula serão trabalhados os seguintes conceitos:
- Ceticismo antigo.
- Epoché.
- Argumentos céticos.
Recursos didáticos
- Proposta de dissertação e rubrica de avaliação.
- Apresentação.
- Texto didático “Ceticismo” disponível no site Filosofia na Escola.
- Texto sobre Pirro de Élida disponível no site Filosofia na Escola.
Passo a passo
Utilizando a apresentação disponível nos recursos didáticos, inicie a aula pedindo aos estudantes que pensem sobre a imagem que aparece no segundo slide da apresentação. Incentive a fazerem julgamentos sobre as pessoas que aparecem na foto, sobre quem são, o que fazem, de onde vem, seu modo de vida. Em seguida, destaque como é convide-os a refletirem sobre se essa tendência a formarmos juízos sobre tudo o que percebemos é comum ou não. Questione os alunos sobre as possíveis consequências desses julgamentos, tanto para outras pessoas como para quem faz.
Em seguida, apresente e conceito de ceticismo antigo e de epoché. É comum os estudantes associarem esse conceito à ideias como os céticos só acreditavam no que viam, não acreditavam em fantasmas nem em deuses. É importante insistir nesse ponto, mostrando que o ceticismo antigo era mais abrangente, incluindo inclusive o que podemos conhecer através da experiência.
O próximo passo é falar do ideal de vida cético: uma tranquilidade absoluta. Apresente a imagem do terceiro slide e questione os estudantes coisas como: o que está acontecendo no navio, que tipo de emoção as pessoas estão demonstrando, que emoção manifesta o homem de roupa azul e cabelo ruivo que se encontra no centro da imagem. Essa imagem é do século XVI, do artista Petrarca-Meister, e representa Pirro num navio durante uma tempestade. Como se sabe, Pirro é considerado o pai do ceticismo antigo e há muitas anedotas sobre seu comportamento. Nesse momento, também pergunte aos alunos por que um cético, que faz a epoché, é capaz de permanecer tranquilo apesar da situação assustadora. Explore, a partir disso, a relação entre nossas crenças sobre o mundo e nossos estados emocionais.
Para os céticos, existia uma conexão forte entre razão e emoção, pois acreditavam que nossos sentimentos dependem do que pensamos sobre o mundo. Como Pirro mantinha suspenso seu julgamento sobre as coisas, era capaz de evitar ser afetado pelo que ocorria em seu entorno.
Para encerrar a aula e mostrar como um cético se comportaria em situações cotidianas, algo importante para que os alunos sejam capazes de fazer a avaliação final desse plano de aula, peça para que os estudantes leiam a reportagem “Mulher espancada após boatos em rede social morre em Guarujá, SP” ou alguma semelhante, em que a falta de ceticismo levou a consequências trágicas. Proponha que pensem sobre qual seria a atitude de um cético diante da notícia e ao ver a mulher da rua, que tipo de questionamentos faria. Em seguida, peça para que compartilhem com a turma seus pensamentos.
O próximo passo é explorar alguns dos argumentos que os céticos utilizavam para criticar as pretensões dos filósofos que acreditavam ter alcançado o conhecimento. Faça uma rápida apresentação inicial breve sobre alguns dos argumentos céticos. Usando as imagens dos slides 6 e 7, peça para que tentem identificar o que representa as imagens e qual conclusão os céticos tirariam dessas imagens ambíguas.
Para tornar os argumentos céticos mais concretos, divida a turma em grupos e distribua para cada um deles uma história, pesquisa, fato que ilustre aspectos dos argumentos céticos.
Alguns exemplos:
- Alucinações.
- Viés de confirmação.
- Relatos sobre a percepção de diferentes animais.
- História sobre diversidade cultural.
- Crenças e percepção.
Depois de lerem os textos, peça para os grupos apresentarem para a turma o assunto abordado no texto e relacionar esse tema com algum dos argumentos céticos apresentados na aula.
Depois que todos apresentarem, faça um resumo dos principais pontos abordados na aula e proponha a atividade de avaliação.
Avaliação
A compreensão dos conceitos e habilidade propostas como objetivo desse plano de aula será avaliada através de produção de um texto cujo tema é “como é ser um cético hoje?”. Os estudantes deverão demonstrar, através do texto, a compreensão dos conceitos abordados na aula e a habilidade de relacioná-los com certos aspectos de suas vidas.
A sugestão é que a redação seja avaliada através de uma rubrica previamente disponível aos estudantes, entregue junto com a proposta da redação (veja nos recursos didáticos). Isso torna o processo de correção mas prático para o professor, menos arbitrário e mais transparente para o aluno. Além disso, permite que o estudante saiba em que aspectos seu texto deve ser melhorado. Seria interessante, inclusive, permitir, depois de algum auxílio, que aqueles alunos que não conseguiram alcançar os objetivos no trabalho tenham a oportunidade de complementá-lo ou refazê-lo.
Referências
Empiricus, Sextus. Outlines of scepticism. Cambridge University Press: New York, 2007.
Shermer, Michael. Cérebro e crença. São Paulo: JSN Editora, 2012.
Vogt, Katja, “Ancient Skepticism”, The Stanford Encyclopedia of Philosophy (Fall 2018 Edition), Edward N. Zalta (ed.), URL = <https://plato.stanford.edu/archives/fall2018/entries/skepticism-ancient/>.