Laques — Isso, por Zeus, não é difícil de explicar. Como sabes, homem de coragem é o que se decide a não abandonar o seu posto no campo de batalha, a fazer face ao inimigo e a não fugir.
Sócrates — Muito bem, Laques. Mas talvez eu não tenha me expressado com muita clareza, pois não respondeu ao que eu tinha intenção de perguntar, porém outra coisa.
Laques — Como assim, Sócrates?
Sócrates — Vou te explicar. Conforme disse, o indivíduo corajoso é o que se mantém no seu posto e luta com o inimigo?
Laques — Foi o que eu disse, de fato.
Sócrates — Mas o que diríamos ao indivíduo que, sem ficar no seu posto, combate com o inimigo, fugindo?
Laques — Como? Fugindo?
Sócrates — Como dos citas se relata, que combatem quando fogem do inimigo tanto quando os perseguem. Homero, também, elogia os cavalos de Enéias, que tão rápidos correm, diz ele, quer quando fogem, quer no encalço do inimigo ligeiro.
Laques — E com toda a razão, Sócrates, pois referia-se a carros de combate, tal como o fizeste a respeito da cavalaria cita; pois é assim, de fato, que os cavaleiros citas combatem, enquanto a infantaria helênica o faz da maneira que eu disse.
Qual elemento do método socrático é possível identificar nesse trecho do diálogo entre Sócrates e Laques?
Sócrates está discutindo, como de costume, sobre questões políticas, ao fazer com o que diálogo com Laques gire em torno da guerra.
Incorreto. O diálogo entre Sócrates e Laques não está focado em questões políticas, mas filosóficas, especificamente sobre a natureza da coragem. Embora a guerra seja o pano de fundo da discussão, o interesse principal de Sócrates não é discutir estratégias militares ou políticas, mas compreender profundamente o que é a coragem, independentemente do contexto específico em que ela se manifesta.
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Sócrates está utilizando a ironia ao expressar "talvez eu não tenha me expressado com muita clareza", como uma forma de questionar a definição de coragem de Laques.
Essa afirmação não é correta. No trecho citado, Sócrates não está utilizando a ironia ao dizer "talvez eu não tenha me expressado com muita clareza"; ele realmente está apontando que Laques não respondeu exatamente à pergunta feita. A ironia no contexto socrático geralmente implica elogiar de maneira dissimulada algo que se deseja criticar, enquanto aqui Sócrates está apenas ajustando o foco da discussão para obter uma resposta mais precisa sobre a definição de coragem.
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Sócrates está expondo as contradições na definição de coragem de Laques, ao questionar sobre a existência de indivíduos que combatem o inimigo enquanto fogem.
Correto. Sócrates está expondo uma inconsistência na definição de coragem dada por Laques. Ele questiona a definição ao apresentar o exemplo dos citas, que combatem enquanto se retiram, indicando que coragem não é apenas manter-se firme em combate, mas pode também envolver lutar de outras formas, mesmo quando recuando. Esse tipo de questionamento é típico do método socrático, que busca refinar conceitos destacando inconsistências e ambiguidades.
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Sócrates e Laques estão em uma aporia, como demonstrado na pergunta "Mas o que diríamos ao indivíduo que, sem ficar no seu posto, combate com o inimigo, fugindo?".
Incorreto. Não há aporia aqui, no sentido típico do método socrático, que é um impasse onde não se consegue encontrar uma solução clara. O diálogo está explorando diferentes aspectos da coragem, mas ainda não chegou ao ponto de estagnação onde ambos não conseguem progredir na discussão. É mais sobre esclarecer e expandir a ideia de coragem do que encontrar um beco sem saída.
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Por que questões éticas e morais eram de particular interesse para Sócrates? Como isso é evidenciado no diálogo "Laques"?
Sócrates se interessava por questões éticas e morais porque queria confrontar os costumes tradicionais. No diálogo "Laques", Sócrates desafia os valores da sociedade ateniense, que valoriza a coragem em função das guerras em que se envolvia.
Essa alternativa está incorreta. Embora Sócrates desafiasse frequentemente os valores tradicionais de Atenas, seu principal interesse ao abordar conceitos éticos e morais não era simplesmente confrontar costumes tradicionais, mas sim entender melhor as virtudes. No diálogo "Laques", por exemplo, sua questão não é apenas desafiar a ideia de coragem, mas entender o que realmente constitui essa virtude.
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Sócrates se preocupava com questões éticas porque acreditava que a sabedoria era fundamental para a boa vida. No diálogo "Laques", Sócrates explora o conceito de coragem, para entender como agir bem.
Esta é a alternativa correta. Sócrates acreditava que saber o que é bom e justo é essencial para viver uma vida plena e virtuosa. A busca por definições de conceitos como 'coragem' no diálogo "Laques'' ilustra esse interesse. Ele não estava satisfeito com conhecimentos superficiais e buscava entender qual é a verdadeira natureza das virtudes, pois considerava isso essencial para viver bem.
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Sócrates se interessava por questões éticas e morais porque queria se auto-promover como um filósofo moral. No diálogo "Laques", Sócrates utiliza argumentos morais para fazer Laques concordar com ele.
Essa alternativa também é incorreta. Embora Sócrates realmente se destacasse como um filósofo moral, seu objetivo não era a autopromoção. Ele era mais conhecido por sua prática de questionar os outros para conduzi-los a um maior entendimento de si mesmos e do mundo, o que difere de querer apenas acordos superficiais ou ganhos pessoais.
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Sócrates se preocupava com questões éticas e morais porque queria ganhar influência política. No diálogo "Laques", Sócrates busca convencer Laques, um general influente em Atenas, a seguir seu conselho político.
Essa alternativa está incorreta. Sócrates não se preocupava com questões éticas e morais para ganhar influência política. Ele não visava o poder político ou a influência nas decisões de Atenas. Pelo contrário, sua busca era pelo conhecimento e pela verdade, muitas vezes desafiando figuras de autoridade com suas perguntas, mas não para obter poder, e sim para estimular a reflexão e o autoconhecimento.
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Sócrates focava em questões éticas e morais porque acreditava que a filosofia deveria ser usada para validar crenças religiosas. No diálogo "Laques", Sócrates tenta provar a existência dos deuses.
Essa alternativa também está incorreta. A filosofia de Sócrates não buscava validar crenças religiosas. Mesmo que as discussões éticas pudessem tangenciar questões religiosas, seu foco estava na compreensão ética e moral baseada na razão. No "Laques", não há tentativa de provar a existência dos deuses, mas sim um interesse em compreender a virtude da coragem.
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Por que a identificação de contradições é importante no método socrático?
Porque permite aos interlocutores evitar a incoerência, uma vez que a verdade não pode ser contraditória. Essa técnica ajuda na identificação e correção de erros de raciocínio.
Correto! No método socrático, encontrar contradições nas ideias de alguém ajuda a revelar erros de raciocínio e instiga uma análise mais profunda e coesa que busca a coerência. Sócrates acreditava que a verdade deveria ser livre de contradições, e ao desafiar as pessoas a reconhecerem suas incoerências, ele as direcionava a um entendimento mais claro e verdadeiro de seus próprios pensamentos.
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Porque dá ao interlocutor a oportunidade de corrigir suas opiniões e alcançar uma conclusão absoluta ao final do diálogo que não pode ser refutada.
A afirmação de que o método socrático leva a uma conclusão absoluta e irrefutável está incorreta. Sócrates utilizava a identificação de contradições para ajudar as pessoas a examinar suas próprias crenças e se aproximarem da verdade, mas não necessariamente para encontrar uma verdade absoluta e final. O objetivo era o desenvolvimento contínuo do pensamento crítico, e não a obtenção de uma solução definitiva.
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Porque fornece um meio de vencer debates e derrotar oponentes em discussões, que é o objetivo final do método socrático.
Está incorreta. O método socrático não tem como objetivo vencer debates ou derrotar oponentes. Em vez disso, busca promover o autoconhecimento e o aprimoramento das ideias por meio de questionamentos críticos, levando as pessoas a identificar e corrigir suas próprias inconsistências de forma colaborativa, e não competitiva.
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Pois o principal objetivo desse método é criar desordem e confusão através da exposição de inconsistências nos argumentos dos interlocutores.
Isso está incorreto. O objetivo do método socrático não é criar desordem ou confusão, mas sim esclarecer ideias e promover reflexões profundas através da identificação de inconsistências. Sócrates buscava, com seus diálogos, ajudar os interlocutores a aprimorar suas próprias compreensões e crenças, incentivando a busca pela verdade.
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Não é particularmente importante no método socrático; é apenas um elemento superficial que Sócrates usava para desafiar seus interlocutores.
Essa opção está incorreta. A identificação de contradições é, na verdade, uma parte fundamental do método socrático, pois é através delas que Sócrates ajudava os interlocutores a enxergarem falhas ou incoerências em suas próprias ideias, encorajando a reflexão e o aprimoramento dessas ideias.
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Críton — Então me diz o que pensa sobre o que falei anteriormente, se concorda ou não que há boas razões para sua fuga.
Sócrates — Bem, pensa o seguinte. Eu não estaria destruindo a cidade ao fugir? Pois como uma cidade continuaria existindo se as sentenças anunciadas nos tribunais pudessem violadas por qualquer pessoa?
Críton — Parece ter razão nesse ponto, Sócrates.
Sócrates — E também penso mais. Olha só. Não devemos tentar acabar com as leis só porque pensamos sofrer uma injustiça. É nosso dever obedecer todas as leis, em qualquer situação, ou tentar mudá-las por meio do processo legal. Pois qualquer pessoa pode ser contra as leis e propor que elas sejam alteradas.
Críton — Não tenho como discordar do que diz, Sócrates.
Sócrates — Me ocorre ainda outro ponto, Críton. Devemos obediência às leis de nossa cidade porque foi, de certa forma, ela que nos educou, nos alimentou, proporcionou uma série de benefícios, como a segurança. Além disso, caso a pessoa não goste da cidade, pode, a qualquer momento, deixá—la e ir viver em outra, onde lhe agrade. Se a pessoa não vai embora, temos que concluir que, implicitamente, ela concorda e aceita as leis existentes e aceita cumprí-las. Então, não devo, agora que me prejudicaram, discordar do que até hoje concordei. Porque sempre gostei da cidade de Atenas e nunca pensei em ir embora. O que pensa Críton, poderia discordar disso?
Críton — Não, Sócrates.
No diálogo entre Sócrates e Críton, quais são as principais razões apresentadas por Sócrates para não fugir da prisão?
Sócrates decide não fugir porque teme que a fuga manche sua reputação como filósofo e líder, diminuindo a força de suas ideias e ensinamentos.
Esta alternativa está incorreta. Embora Sócrates seja consciente de sua reputação, não é esse o motivo principal que ele apresenta para não fugir da prisão. Seu foco está em questões relacionadas à justiça e à lealdade às leis da cidade, mais do que em sua própria imagem ou legado.
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Sócrates não deseja fugir porque acredita que sua condenação é justa e que deve pagar pelos crimes que cometeu. Ele argumenta que a fuga seria uma forma de evadir a responsabilidade.
Esta alternativa está incorreta. Sócrates não diz que sua condenação foi justa; ao contrário, Críton está tentando persuadi-lo a fugir justamente porque acredita que Sócrates foi condenado injustamente. Sócrates, no entanto, escolhe não fugir não por acreditar que merece a sentença, mas porque deseja respeitar as leis e a estrutura da cidade.
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Sócrates acredita que, se fugir, colocará sua vida em risco, pois as autoridades perseguirão um fugitivo da lei. Ele também teme as consequências para seus amigos e família, que podem ser considerados cúmplices.
Esta alternativa está incorreta. Apesar de as possíveis consequências de uma fuga para Sócrates e seus amigos serem reais, não é isso que ele destaca como principal razão para não fugir. Sua argumentação é mais focada nos princípios e na justiça das leis e da cidade como um todo.
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Sócrates acredita que fugir seria uma violação direta das sentenças de tribunal, o que minaria a existência da própria cidade. Além disso, ele insiste na obediência às leis, mesmo que pareçam injustas, e defende que as mudanças devem ocorrer por meios legais.
Esta alternativa está correta. Sócrates acredita que respeitar as sentenças dos tribunais é fundamental para a manutenção da ordem e da existência da cidade. Ele argumenta que mesmo quando uma lei nos parece injusta, ainda devemos segui-la e buscar mudá-la por meios legais, porque isso sustenta a estrutura social e política da cidade.
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Como a aporia, um elemento chave do método socrático, se manifesta durante um diálogo socrático?
A aporia emerge quando os interlocutores aceitam incondicionalmente as ideias apresentadas por Sócrates, evidenciando a autoridade dele como um filósofo superior.
Essa afirmação está incorreta. A aporia não está relacionada com a aceitação incondicional das ideias de Sócrates. Na verdade, o método socrático visa justamente questionar e não aceitar cegamente as crenças e afirmações. A aporia emerge quando o diálogo leva os participantes a perceber que suas crenças não são tão sólidas quanto pensavam.
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A aporia é caracterizada como um estado de dúvida, incerteza ou impasse, alcançado após a discussão exaustiva de um problema de vários ângulos. É um momento de desorientação que surge quando as crenças preexistentes são desafiadas e não se encontra uma solução clara ou resposta satisfatória.
Esta afirmação está correta. A aporia, no contexto socrático, é exatamente esse estado de perplexidade ou impasse que surge quando as discussões revelam que nossas crenças anteriores não se sustentam. Não encontrar uma solução clara é um resultado esperado da exploração socrática, que visa trazer à luz a complexidade de conceitos que muitos consideravam simples.
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A aporia é vista como a consequência da maiêutica, o processo no qual Sócrates ajuda o interlocutor a "dar à luz" novas ideias ou compreensões, redefinindo assim o seu entendimento do problema.
Essa afirmação mistura a ideia de maiêutica com o conceito de aporia. A maiêutica realmente é o método usado por Sócrates para ajudar seus interlocutores a encontrarem novas ideias, mas a aporia surge mais como um estado de dúvida que deve ser resolvido mediante reflexão e questionamento profundo, em vez de ser diretamente um resultado da maiêutica.
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A aporia é um resultado direto da ironia socrática, onde Sócrates usa de perguntas aparentemente ingênuas para desafiar e desmontar as crenças estabelecidas de um interlocutor, induzindo ele a acreditar em novas teorias.
Embora a ironia socrática seja uma ferramenta utilizada por Sócrates para desafiar as ideias dos interlocutores, a aporia não resulta em acreditar em novas teorias. Na verdade, ela é um estado de dúvida que precisa ser trabalhado para chegar a novas compreensões, não uma aceitação imediata de novas ideias.
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