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Parmênides: ser e não-ser, verdade e opinião

- 4 min leitura

Parmênides foi um filósofo pré-socrático que nasceu na cidade de Eléia em 515 a. C. e morreu em 450 a. C. É o fundador da escola eleática, que valorizava extremamente o uso da razão e da lógica como meio para obter conhecimento ao mesmo tempo que não aceita as experiências sensoriais como válidas.

Principais ideias de Parmênides

O ser e o não-ser

Parmênides foi além da filosofia da natureza dos filósofos que o precederam, como Tales, Anaxímenes, Pitágoras, e é considerado o criador da ontologia, uma área da filosofia que discute o ser enquanto tal.

Parmênides escreveu um poema apresentando sua filosofia. Esse poema parte de algumas premissas fundamentais e a partir delas chega a uma série de conclusões lógicas. Além disso, também possui uma aura um tanto mística, já que Parmênides escreve como se a verdade lhe fosse revelada por uma deusa, que o conduz pelo caminho do conhecimento.

O poema, intitulado Sobre a Natureza, foi originalmente dividido em três partes, O Prólogo, a Verdade e a Opinião.

O ponto de partida do argumento de Parmênides em seu poema é a afirmação de que o ser é e não pode não ser e o não-ser não é e não pode ser. Ser e não-ser aqui tem o sentido de algo que existe (o ser)  e algo que não existe (o não ser). Parmênides está afirmando que algo que existente não pode se tornar nada, da mesma forma que o nada não pode vir a se tornar algo.   

A primeira consequência lógica dessa afirmação é de que o ser é eterno, sempre existiu e sempre irá existir, é imutável. A razão para isso é a seguinte: para o ser ter sido criado, deveria ter sido criado do nada. Ora, o ser não pode surgir do não-ser. Da mesma forma, o ser não pode deixar de existir, pois desse modo teria que se transformar em não-ser. Mas foi justamente isso que Parmênides disse ser impossível no início de seu poema: o ser não pode se tornar não-ser. Portanto, só resta uma possibilidade: o ser sempre existiu e sempre irá existir, não tem início nem fim.

A segunda consequência é de que a única coisa sobre a qual podemos pensar e falar é o ser. O não-ser não pode ser dito nem pensado. Pensar o nada significa pensar em nada, ou não pensar, e dizer o nada é não afirmar coisa alguma. Portanto, o pensamento e o ser andam juntos. O ser é uma condição para que seja possível pensar.

A verdade e o erro

Na segunda parte do poema, a deusa que conduz Parmênides lhe apresenta os caminhos que pode trilhar para conhecer a verdade. O primeiro é o caminho da verdade, o segundo, da falsidade e do erro e o último, o caminho da opinião.

O caminho da verdade é o caminho da razão. Isso quer dizer que através do raciocínio lógico é possível chegar a um conhecimento verdadeiro sobre as coisas.

Os sentidos, ou seja, tudo aquilo que podemos conhecer através da observação, da escuta etc, representa o caminho do erro. Eles são vistos como enganosos, ao fazerem os homens acreditar em coisas que são falsas. E o maior erro que a confiança nos sentidos como fonte de conhecimento leva é a crença de que o ser é e não é. Vamos ver o que isso quer dizer.

Se pararmos para observar (ao invés de raciocinar) sobre a realidade, notaremos, como fez Heráclito, que “tudo flui”. Ou seja, a natureza está em constante transformação. Os dinossauros um dia foram animais que habitaram o planeta terra, hoje não existem mais; da mesma forma, um dia fomos crianças, agora não somos mais.

Hora, o que os sentidos parecem mostrar é justamente que o ser é e não é, que algo que não existe (uma criança que ainda não foi concebida) passa a existir (o nascimento da criança) e deixa de existir novamente (a criança se tornou adulto). O que ocorreu foi justamente aquilo que a lógica de Parmênides dizia ser impossível, ou seja, a passagem do não-ser ao ser e deste novamente ao não-ser.

Como seria absurdo acreditar que o ser pode surgir do nada ou se transformar em nada, devemos, segundo Parmênides, desconfiar da observação. A deusa que o conduz diz para que evite cometer esse erro.

O filósofo, assim, faz uma crítica aos pré-socráticos que o precederam, por não reconhecerem uma verdade tão elementar e terem chegado a conclusões duvidosas, como a alegação de Heráclito de que tudo flui.

Por outro lado, as consequências de suas conclusões parecem extremamente radicais. A mudança na natureza, as transformações que observamos não existem realmente, não passam de uma ilusão dos nossos sentidos.

O desafio de Parmênides

As conclusões extremas de Parmênides geraram uma série de respostas ao longo da história da filosofia e são uma influência permanente. Começando com Zenão de Eléia, Platão, Aristóteles, todos foram influenciados ou procuraram dar uma resposta ao filósofo de Eléia.

Referências consultadas

Giovanni Reale. História da Filosofia: Antiguidade e Idade Média. São Paulo: Paulus Editora, 1990, pp. 49-56.