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Como teorias estruturalistas explicam a corrupção?

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O que é uma estrutura social?

Uma estrutura social é um conjunto de relações sociais, normas e instituições que dão forma à sociedade em que vivemos. Ela determina como as pessoas se relacionam umas com as outras, quais são as suas funções e posições na sociedade, e como as diferentes partes da sociedade trabalham juntas. A estrutura social pode ser influenciada por fatores como a história, a cultura, a economia e a política de uma sociedade.

Um exemplo de uma estrutura social é a divisão de uma sociedade em classes sociais, como a classe alta, a classe média e a classe baixa. Cada uma dessas classes tem suas próprias características, como nível de renda, educação e ocupação, e isso pode influenciar as relações entre as pessoas que pertencem a essas classes. A estrutura social também pode incluir instituições como a família, a escola e a igreja, que desempenham papéis importantes na manutenção da sociedade e na determinação de como as pessoas se relacionam entre si.

Como as teorias estruturalistas explicam a corrupção?

As teorias estruturalistas são um conjunto de abordagens teóricas que enfatizam o papel das estruturas sociais e econômicas na produção e reprodução de fenômenos sociais. De acordo com essas teorias, o fenômeno da corrupção pode ser explicado em termos de como as estruturas sociais e econômicas criam ou permitem o comportamento corrupto.

Por exemplo, uma teoria estruturalista da corrupção poderia argumentar que a desigualdade econômica e social cria incentivos para a corrupção. Isso pode acontecer porque indivíduos e grupos que têm menos recursos e poder podem se sentir pressionados a adotar práticas corruptas para tentar aumentar suas vantagens econômicas e sociais. Por outro lado, indivíduos e grupos que têm mais recursos e poder podem ser tentados a praticar a corrupção para manter ou ampliar suas vantagens.

A desigualdade econômica pode contribuir para a corrupção de várias maneiras. Primeiro, pode criar incentivos para que as pessoas busquem meios ilícitos de enriquecimento, como a corrupção, ao perceberem que é difícil alcançar a riqueza através de meios legais em um ambiente econômico desigual. Imagine que você é uma pessoa que vive em uma sociedade com altas taxas de desigualdade econômica. Você trabalha duro, mas seu salário é baixo e você tem dificuldades para pagar as contas e sustentar a sua família. Enquanto isso, você vê outras pessoas que têm muito mais dinheiro do que você e percebe que elas conseguiram esse dinheiro de maneiras que você considera injustas ou questionáveis. Isso pode criar um incentivo para que você procure formas ilícitas de enriquecimento, como a corrupção, como uma maneira de conseguir o dinheiro que você precisa para melhorar a sua vida. 

Em segundo lugar, a desigualdade econômica pode dificultar o acesso à educação e à justiça, o que pode fazer com que as pessoas vejam a corrupção como um meio aceitável de obter vantagens e resolver problemas. 

Por último, a desigualdade econômica pode enfraquecer a confiança das pessoas nas instituições e no Estado, o que pode levar à percepção de que a corrupção é a única maneira de obter justiça e proteger os próprios interesses. Imagine que você é uma pessoa que vive em uma sociedade com altas taxas de desigualdade econômica. Você percebe que, embora haja leis e instituições governamentais que deveriam proteger os direitos de todas as pessoas e garantir a igualdade de oportunidades, na prática isso não acontece. Você vê que algumas pessoas têm acesso a recursos e oportunidades que você não tem, simplesmente porque elas são ricas ou têm ligações poderosas. Isso pode levar você a questionar a eficácia dessas leis e instituições e a perder a confiança nelas.

O marxismo é um exemplo de teoria que enfatiza a importância das estruturas econômicas e sociais nas causas da corrupção. De acordo com a teoria marxista, a corrupção é um produto inevitável do capitalismo, uma vez que o sistema capitalista cria desigualdades econômicas e sociais que incentivam a busca pelo enriquecimento individual, mesmo que isso signifique violar as leis e a ética. Além disso, o marxismo argumenta que a corrupção é usada pelas elites capitalistas como uma forma de manter o poder e impedir o avanço das classes trabalhadoras. Em resumo, o marxismo enxerga a corrupção como uma consequência natural do capitalismo e como um mecanismo para manter o status quo econômico e social.

Outro fator associado à corrupção é o nível de desenvolvimento de um país, não necessariamente a desigualdade. Países com altos índices de desenvolvimento humano tendem a ter menos corrupção. No entanto, embora exista uma correlação entre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e a corrupção em um país, isso não significa necessariamente que um IDH baixo cause mais corrupção. Existem vários fatores que podem influenciar essa correlação, e é importante considerar esses fatores ao tentar compreender por que alguns países com IDHs baixos tendem a ter mais corrupção.

Um possível motivo é que países com baixos índices de desenvolvimento humano podem enfrentar desafios econômicos e sociais mais severos do que países com IDHs mais elevados. Isso pode incluir coisas como taxas de desemprego elevadas, falta de acesso a serviços básicos como saúde e educação, e altos níveis de pobreza. Esses desafios podem criar incentivos para a corrupção, já que as pessoas podem se sentir motivadas a buscar meios ilícitos de enriquecimento para superar suas dificuldades econômicas.

Outro possível motivo é que países com IDHs baixos podem ter menos recursos para investir em instituições de combate à corrupção, como órgãos de investigação e aplicação da lei. Isso pode torná-los menos capazes de enfrentar a corrupção eficazmente, o que pode contribuir para o seu aumento.

No entanto, é importante lembrar que essas são apenas algumas possíveis explicações para a correlação entre o IDH e a corrupção em um país. É possível que outros fatores também estejam em jogo, e é importante continuar investigando esse assunto para compreender melhor a relação entre esses dois indicadores.