Questão 1
Sobre a questão da liberdade em Spinoza, a filósofa brasileira Marilena Chauí afirma o seguinte: “[…] o poder teológico-político é duplamente violento. Em primeiro lugar, porque pretende roubar dos homens a origem de suas ações sociais e políticas, colocando-as como cumprimento a mandamentos transcendentes de uma vontade divina incompreensível ou secreta, fundamento da ‘razão de Estado’. Em segundo, porque as leis divinas reveladas, postas como leis políticas ou civis, impedem o exercício da liberdade, pois não regulam apenas usos e costumes, mas também a linguagem e o pensamento, procurando dominar não só os corpos, mas também os espíritos”.
CHAUÍ, Marilena. Espinosa, uma subversão filosófica. Revista CULT, 14 de março de 2010. Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/baruch-espinosa/.
O poder teológico-político é violento, porque
submete os homens a leis supostamente transcendentes ao negar-lhes a imanência de suas próprias ações.
retira dos homens a esperança de que suas ações tenham como causa e fim a transcendência divina.
transforma a linguagem e o pensamento dos homens em formas de libertação de corpos e espíritos.
recusa aos usos e costumes o papel de fundamento transcendente das ações políticas e leis civis dos homens.
Questão 2
Leia com atenção a seguinte passagem:
“Diz-se livre a coisa que existe exclusivamente pela necessidade de sua natureza e que por si só é determinada a agir. E diz-se necessária, ou melhor, coagida, aquela coisa que é determinada por outra a existir e a operar de maneira definida e determinada”.
SPINOZA, Benedictus de. Ética. Tradução e Notas de Tomaz Tadeu. Belo Horizonte: Autêntica, 2007, parte I, definição 7, p. 13. – Texto adaptado.
Sobre a questão da liberdade divina e humana em Spinoza, considere as seguintes afirmações:
I. Somente Deus é livre.
II. A liberdade de Deus consiste em determinar-se por si só a operar.
III. O homem é coagido, pois é determinado por outra coisa a operar de maneira definida e determinada.
É correto o que se afirma em
II e III apenas.
I, II e III.
I e III apenas.
I e II apenas.
Questão 3
Sobre o Saber Filosófico e o Estado Democrático, analise o texto a seguir:
O fim último do Estado não é a dominação; não é para reter o homem pelo temor e fazê-lo pertencer a outro que o Estado é instituído; ao contrário, é para libertar o indivíduo do temor, para que ele viva tanto quanto possível em segurança, isto é, conserve ao máximo seu direito natural de existir e de agir. (…) Na realidade, portanto, o fim do Estado é a liberdade.
(COMTE-SPONVILLE, André. A Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 105.)
O autor do texto retrata a singularidade do pensamento de Baruch de Spinoza, um dos grandes racionalistas e filósofos do século XVII. O Estado, se trilhar a ideia democrática e funcionar bem, só tende a propiciar o valor da pessoa humana.
Com relação a esse assunto, assinale a alternativa CORRETA.
O filósofo Spinoza dimensiona que o Estado é a liberdade no âmbito da dominação.
As ideias de Spinoza sobre o Estado Democrático enfatizam que este não é inimigo da liberdade.
O pensamento de Spinoza preconiza que o Estado instituído tem condição de limitar a liberdade dos indivíduos.
Para Spinoza, o Estado é amigo da dominação e deve conservar o mínimo de direito natural de existir e de agir.
No racionalismo de Spinoza, o Estado Democrático deve retirar os direitos inalienáveis.
Questão 4
Leia o texto a seguir.
Vimos, assim, que a Alma pode sofrer grandes transformações e passar ora a uma maior perfeição, ora a uma menor, paixões estas que nos explicam as afecções de alegria e de tristeza. Assim, por alegria, entenderei, no que vai seguir-se, a paixão pela qual a Alma passa a uma perfeição maior; por tristeza, ao contrário, a paixão pela qual a Alma passa a uma perfeição menor.
(ESPINOSA, B. Ética. Trad. Antonio Simões. Lisboa: Relógio D’Água, 1992. p. 279).
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o problema da paixão e da afecção em Espinosa, assinale a alternativa correta.
As transformações da alma, seja o aumento ou a diminuição de intensidade, fazem coexistir paixões contrárias.
A tristeza é uma ação da alma, consistente na afecção causada por uma paixão, por meio da qual a alma visa a própria destruição.
O aumento de perfeição, característico de afecção da alegria, vincula-se ao esforço da alma em perceber-se com mais clareza e distinção.
Tristeza e alegria são denominadas paixões porque resultam da ação de distintas dimensões da alma, responsáveis pela produção dessas afecções.
Se uma coisa aumenta a potência de agir do corpo, a ideia dessa mesma coisa diminuirá a potência de pensar da nossa alma.
Questão 5
Os filósofos concebem as emoções que se combatem entre si, em nós, como vícios em que os homens caem por erro próprio; é por isso que se habituaram a ridicularizá-los, deplorá-los, reprová-los ou, quando querem parecer mais morais, detestá-los. Concebem os homens, efetivamente, não tais como são, mas como eles próprios gostariam que fossem.
ESPINOSA, B. Tratado político. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
No trecho, Espinosa critica a herança filosófica no que diz respeito à idealização de uma
dicotomia do conhecimento prático.
estrutura da interpretação fenomenológica.
natureza do comportamento humano.
manifestação do caráter religioso.
Questão 6
O campo da ética em Filosofia, atendo-se à problematização das ações humanas, consiste, entre outros aspectos, no estudo dos valores da moralidade e da liberdade, bem como nas aproximações e nos distanciamentos entre paixão e desejo, razão e vontade. Nesse âmbito, foram vários os conceitos criados pelos pensadores com a finalidade de enxergar e problematizar as ações humanas por diferentes enfoques. Considerando essas informações e os conhecimentos sobre ética, relacione o filósofo, na coluna da esquerda, com sua ideia no campo da ética, na coluna da direita.
(I) Aristóteles (385-322 a.C.).
(II) Descartes (1596-1650).
(III) Espinosa (1632-1677).
(IV) Kant (1724-1804).
(V) Nietzsche (1844-1900).
(A) Do ponto de vista deste pensador, a utilidade mesquinha, bem como a referência a outrem como orientação de como se deve pensar, agir e valorizar, encontram-se distantes do que é potente e autêntico, pois, para ele, a vontade deve querer a si mesma.
(B) Na visão desse pensador, o único objetivo que o homem persegue é o bem, seja lá o que ele diga ou faça. Mesmo que pareça orientar-se para fins imperfeitos, o que ele tem em vista é o bem supremo, fim absoluto, buscado por si mesmo.
(C) No modo de pensar deste filósofo, deve-se fazer um bom uso das paixões, e esse bom uso consiste em orientá-las em um sentido que seja vantajoso, ou segundo uma interação com pensamentos que facultem se modificar.
(D) Para este pensador, a ética abre caminho para uma libertação pelo conhecimento adequado. Assim, quando se aumenta o poder de conhecer, aumenta a alegria; diminuindo o poder de conhecer, diminui a alegria.
(E) Segundo este filósofo, a lei moral só pode ser representada na forma de imperativo categórico, ou seja, que se deve agir como se a regra de conduta devesse ser erigida pela vontade na lei universal da natureza.
Assinale a alternativa que contém a associação correta.
I-A, II-D, III-B, IV-C, V-E.
I-B, II-C, III-D, IV-E, V-A.
I-B, II-C, III-A, IV-D, V-E.
I-E, II-A, III-D, IV-C, V-B.
I-E, II-D, III-A, IV-B, V-C.