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6 dilemas morais

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Um dilema moral ocorre quando um agente deve realizar uma ação, do contrário haverá estará fazendo algo errado, mas essa ação implica deixar de realizar outra que também deve deveria fazer para agir corretamente. Ou seja, dilemas morais são situações em que não importa o que você faça, estará fazendo algo ruim. O que lhe resta é escolher qual é o curso de ação menos ruim ou mais correto. O agente parece, assim, condenado ao fracasso moral; não importa o que ela faça, ela fará algo errado (ou deixará de fazer algo que deva fazer).

O bote salva-vidas superlotado

Em 1842, um navio atingiu um iceberg e mais de 30 sobreviventes foram apinhados em um bote salva-vidas que comportava apenas 7 pessoas. Ao se aproximar uma tempestade, ficou óbvio que algumas pessoas deveriam ser deixadas para trás para que o bote não afundasse. O capitão argumentou que a coisa certa a fazer nessa situação era forçar alguns indivíduos pular no mar e se afogar. Tal ação, raciocinou ele, não era injusta para aqueles jogados ao mar, pois eles teriam se afogado de qualquer maneira. Se ele não fizesse nada, no entanto, ele seria responsável pelas mortes daqueles que ele poderia ter salvo. Algumas pessoas se opuseram à decisão do capitão. Eles alegaram que, se nada fosse feito e todos morressem como resultado, ninguém seria responsável por essas mortes. Por outro lado, se o capitão tentasse salvar alguns, só poderia fazê-lo matando outros e suas mortes seriam de sua responsabilidade; isso seria pior do que não fazer nada e deixar todos morrerem. O capitão rejeitou esse raciocínio. Como a única possibilidade de resgate exigia grandes esforços de remo, o capitão decidiu que os mais fracos teriam que ser sacrificados. Nessa situação, seria absurdo, pensou ele, decidir por sorteio quem deveria ser jogado ao mar. Como se viu, depois de dias de remo duro, os sobreviventes foram resgatados e o capitão foi julgado por sua ação. Se você estivesse no júri, como você teria decidido?

A escolha de Sofia

No romance A escolha de Sofia, de William Styron, uma polonesa, Sophie Zawistowska, é presa pelos nazistas e enviada para o campo de extermínio de Auschwitz. Ao chegar no campo de concentração, por não ser judia, é premiada com uma escolha: Sofia pode escolher um de seus filhos para ser poupado da câmara de gás. O outro deve morrer. Em uma agonia de indecisão, quando vê as duas crianças sendo levadas para a morte, Sofia pede para que deixem seu filho mais velho viver e levem sua filha mais jovem. Sua decisão é motivada pelo fato de pensar que seu filho terá mais chance de sobreviver, por ser mais velho e forte. No fim, ela acaba se afastando do filho e nunca mais o vê. Ela fez a coisa certa? Anos depois, assombrada pela culpa de ter escolhido entre seus filhos, Sofia comete suicídio. Ela deveria ter se sentido culpada?

A tortura do terrorista

Um terrorista que ameaçou explodir várias bombas em regiões populosas foi preso. Infelizmente, ele já plantou as bombas e elas estão programadas para explodir em pouco tempo. É possível que centenas de pessoas morram. As autoridades não conseguem fazê-lo divulgar a localização das bombas por métodos convencionais. Ele se recusa a dizer qualquer coisa e pede a um advogado que proteja seu direito de manter silêncio e não dizer nada que o incrimine. Desesperado, um dos chefes de polícia sugere tortura. Isso seria ilegal, é claro, mas o funcionário acha que, no entanto, é a coisa certa a se fazer nessa situação desesperadora. Você concorda? Se o fizer, seria também moralmente justificável torturar a esposa inocente do terrorista se essa for a única maneira de fazê-lo falar? Por quê? Quais valores importantes estão em jogo nessa decisão?

A Parcialidade da Amizade

Jim tem a responsabilidade de preencher uma vaga de trabalho em sua empresa. Seu amigo Paul se candidatou e está qualificado, mas outra pessoa parece ainda mais qualificada. Jim quer dar o trabalho a Paul, mas ele se sente culpado, acreditando que deveria ser imparcial. Essa é a essência da moralidade, ele inicialmente diz a si mesmo. Essa crença é, no entanto, rejeitada, pois Jim resolve que a amizade tem uma importância moral que permite, e talvez até requeira, parcialidade em algumas circunstâncias. Então ele dá o trabalho para Paul. Ele fez a coisa certa? Que valores morais, deveres, princípios importantes estão em jogo nesse dilema?

O dilema do trem

Você vê um trem desgovernado movendo-se em direção a cinco pessoas amarradas nos trilhos (ou incapacitadas de qualquer outra maneira). Caso nada seja feito, elas serão mortas pelo trem. Mas você está de pé ao lado de uma alavanca que controla um interruptor. Se você puxar a alavanca, o trem será redirecionado para uma pista lateral e as cinco pessoas na pista principal serão salvas. No entanto, na pista lateral também há uma pessoa presa que acabará morrendo.

Você tem duas opções:

  • Não faça nada e permita que o trem mate as cinco pessoas na pista principal.
  • Puxe a alavanca, desviando o trem para a pista lateral, onde ele matará uma pessoa.

Qual é a decisão mais correta a tomar?

Os limites da promessa

Um amigo quer lhe contar um segredo e pede que você prometa não contar a ninguém. Você dá sua palavra. Ele conta que atropelou um pedestre e, por isso, vai se refugiar na casa de uma prima. Quando a polícia o procura querendo saber do amigo, o que você faz?

Conta à polícia?

Não conta à polícia?

O antropólogo holandês Fonz Trompenaars realizou pesquisas em diversos países com dilemas como esse. O mais interessante é que as respostas variaram de acordo com o povo. A maioria dos russos acusaria o amigo na lata. Outros mentiriam para protegê-lo, dando dicas ambíguas à polícia, como os americanos. Já os brasileiros inventariam histórias malucas para dizer que a culpa não era do amigo, mas do pedestre, que era um suicida.