Questões sobre o que é a filosofia?
Questão 1
O filósofo reconhece-se pela posse inseparável do gosto da evidência e do sentido da ambiguidade. Quando se limita a suportar a ambiguidade, esta se chama equívoco. Sempre aconteceu que, mesmo aqueles que pretenderam construir uma filosofia absolutamente positiva, só conseguiram ser filósofos na medida em que, simultaneamente, se recusaram o direito de se instalar no saber absoluto. O que caracteriza o filósofo é o movimento que leva incessantemente do saber à ignorância, da ignorância ao saber, e um certo repouso neste movimento.
MERLEAU-PONTY, M. Elogio da filosofia. Lisboa: Guimarães, 1998 (adaptado).
O texto apresenta um entendimento acerca dos elementos constitutivos da atividade do filósofo, que se caracteriza por
reunir os antagonismos das opiniões ao método dialético.
conciliar o rigor da investigação à inquietude do questionamento.
ajustar a clareza do conhecimento ao inatismo das ideias.
associar a certeza do intelecto à imutabilidade da verdade.
compatibilizar as estruturas do pensamento aos princípios fundamentais.
Questão 2
Os homens começaram a filosofar, tanto agora quanto na sua origem, por causa da admiração, na medida em que, inicialmente, ficavam perplexos diante das dificuldades mais simples. Em seguida, progredindo pouco a pouco, chegaram a enfrentar problemas sempre maiores; por exemplo, os problemas relativos aos fenômenos do Sol e dos astros, ou os problemas relativos à geração de todo o universo. Ora, quem experimenta uma sensação de dúvida e de admiração reconhece que não sabe; e é por isso que também aquele que ama o mito é, de certo modo, filósofo; o mito, com efeito, é constituído por um conjunto de coisas admiráveis.
No trecho citado, Aristóteles apresenta sua teoria sobre o nascimento da filosofia a partir da admiração. Segundo o autor, para que o homem admire algo e, assim, filosofe, é necessário que
assuma que sua ignorância não permite que a coisa admirada seja compreendida.
enfrente os problemas que lhe são apresentados com o conhecimento que já possui.
procure enfrentar sempre os problemas maiores antes de enfrentar os mais simples.
admita sua ignorância sobre as coisas admiradas antes de afirmar algo sobre elas.
crie histórias que expliquem as causas das coisas admiradas.
Questão 3
A filosofia não é mais um porto seguro, mas não é, tampouco, um continente de ideias esquecidas que merece ser visitado apenas por curiosidade. Muitas pessoas supõem que a ciência e a tecnologia, especialmente a física e a neurociência, engolirão a filosofia nas próximas décadas, sem saberem que, ao defender esse ponto de vista, estão implicitamente apoiando uma posição filosófica discutível. Certamente, muitas questões da filosofia contemporânea passaram a ser discutidas pelas ciências. Mas há outras, no campo da ética, da política e da religião, cuja discussão ainda engatinha e para as quais a ciência não tem, até agora, fornecido nenhuma solução.
(João de Fernandes Teixeira. Por que estudar filosofia?, 2016.)
De acordo com o texto, a filosofia
pretende oferecer respostas absolutas aos problemas da ciência.
mostra-se incapaz de lidar com os dilemas das ciências.
impede o progresso científico e tecnológico.
evita desenvolver pesquisas e estudos em parceria com cientistas.
contribui para os questionamentos e debates científicos.
Questão 4
Pode acontecer que, para a educação do verdadeiro filósofo, seja preciso que ele percorra todas as gradações nas quais os “trabalhadores da filosofia” estão instalados e devem permanecer firmes: ele deve ter sido crítico, cético, dogmático e histórico e, ademais, poeta, viajante, moralista e vidente e “espírito livre”, tudo enfim para poder percorrer o círculo dos valores humanos, dos sentimentos de valor, e poder lançar um olhar de múltiplos olhos e múltiplas consciências, da mais sublime altitude aos abismos, dos baixios para o alto. Mas tudo isso é apenas uma condição preliminar da sua incumbência. Seu destino exige outra coisa: a criação de valores.
(Friedrich Nietzsche. Além do bem e do mal, 2001. Adaptado.)
No texto, Nietzsche propõe que a formação do filósofo deve
conhecer e extrapolar as práticas de vida, os sentimentos e os valores presentes na sociedade.
assegurar e manter os poderes políticos do governante.
privilegiar e fortalecer o papel da religião nas atitudes críticas perante a vida e os humanos.
restringir-se ao terreno da reflexão na busca por uma verdade absoluta.
retomar a origem una e indivisível dos humanos, na busca de sua liberdade de natureza.
Questão 5
Texto
O filósofo é o amigo do conceito, ele é conceito em potência. Quer dizer que a filosofia não é uma simples arte de formar, de inventar ou de fabricar conceitos, pois os conceitos não são necessariamente formas, achados ou produtos. A filosofia, mais rigorosamente, é a disciplina que consiste em criar conceitos.
O filósofo é o amigo do conceito, ele é conceito em potência. Quer dizer que a filosofia não é uma simples arte de formar, de inventar ou de fabricar conceitos, pois os conceitos não são necessariamente formas, achados ou produtos. A filosofia, mais rigorosamente, é a disciplina que consiste em criar conceitos.
(Gilles Deleuze e Félix Guattari. O que é a filosofia?, 2007.)
Texto
A língua é um “como” se pensa, enquanto que a cultura é “o quê” a sociedade faz e pensa. A língua, como meio, molda o pensamento na medida em que pode variar livremente. A língua é o molde dos pensamentos.
A língua é um “como” se pensa, enquanto que a cultura é “o quê” a sociedade faz e pensa. A língua, como meio, molda o pensamento na medida em que pode variar livremente. A língua é o molde dos pensamentos.
(Rodrigo Tadeu Gonçalves. Perpétua prisão órfica ou Ênio tinha três corações, 2008. Adaptado.)
Os textos levantam questões que permitem identificar uma característica importante da reflexão filosófica, qual seja, que
a cultura é constituída a partir da especulação teórica.
a mutabilidade da linguagem amplia o conhecimento do mundo.
o conhecimento evolui a partir do desenvolvimento tecnológico.
a filosofia estabelece as balizas e diretrizes do fazer científico.
os conceitos são permanentes e derivados de verdades preestabelecidas.
Questão 6
Uma das questões comuns aos professores de Filosofia quando vão para suas atividades em sala de aula é a seguinte: Para que mesmo serve a Filosofia? Pela pergunta apresentada, parece que os alunos têm clareza para que serve as ciências de uma forma em geral e conseguem identificar o seu pragmatismo, mas quanto à Filosofia, parece não ficar clara a sua função. Analise a cena transcrita:
A professora ou o professor de Biologia, ao terminar de explicar a aula sobre Leishmaniose, faz a seguinte atividade para os alunos: Analise as imagens relacionadas à leishmaniose e sintetize as informações pertinentes. Ao executar esse comando, a professora espera que o aluno saiba o que é o analisar e o sintetizar. Essa é uma condição de operacionalização do pensar que pode ser feita com imagens ou com conceitos para todas as ciências.
Os procedimentos de análise e de sistematização pressupõem, necessariamente, comportamentos cognitivos de
focalização e de reação.
memorização e de aprendizagem.
convencimento e de reflexão.
investigação e de organização.
inferência e de comando.
Questão 7
A verdadeira importância do chamado “ato de filosofar” deve-se ao fato de ser ele o único caminho, estritamente racional, que pode levar o homem:
a encontrar definitivamente o caminho da felicidade pessoal.
a encontrar um sentido espiritual para a própria existência.
a tentar descobrir os últimos porquês de tudo quanto existe.
a desvendar, finalmente, o real significado dos mitos e lendas.
a descobrir o caminho mais seguro para atingir qualquer ciência.
Questão 8
Leia o texto de Caio Prado Júnior para responder à questão.
De tudo se trata, pode-se dizer, ou se tem tratado na “filosofia”, e até os mesmos assuntos, ou aparentemente os mesmos, são considerados em perspectivas de tal modo apartadas uma das outras que não se combinam e entrosam entre si, tornando-se impossível contrastá-las. Para alguns, essa situação é não apenas normal, mas plenamente justificável. A filosofia seria isso mesmo: uma especulação infinita e desregrada em torno de qualquer assunto ou questão, ao sabor de cada autor, de suas preferências e mesmo de seus humores. Há mesmo quem afirme não caber à filosofia “resolver”, e sim unicamente sugerir questões e propor problemas, fazer perguntas cujas respostas não têm maior interesse, e com o fim unicamente de estimular a reflexão, aguçar a curiosidade. E já se afirmou até que a filosofia não passava de uma ginástica do pensamento, entendendo por isso o simples exercício e adestramento de uma função — no caso, o pensamento em vez dos músculos, sem outra finalidade que essa.
Apesar, contudo, de boa parte da especulação filosófica, particularmente em nossos dias, parecer confirmar tal ponto de vista, ele certamente não é verdadeiro. Há sem dúvida um terreno comum onde a filosofia, ou aquilo que se tem entendido como tal, se confunde com a literatura (no bom sentido, entenda-se bem) e não objetiva realmente conclusão alguma, destinando-se tão somente, como toda literatura, a par do entretimento que proporciona, levar aos leitores ou ouvintes, a partir destes centros condensadores da consciência coletiva que são os profissionais do pensamento, levar-lhes impressões e estados de espírito, emoções e estímulos, dúvidas e indagações. Mas esse terreno que a filosofia, ou pelo menos aquilo que se tem entendido por “filosofia”, compartilha com a literatura, não é toda filosofia, nem mesmo, de certo modo, a sua mais importante e principal parte.
Com toda sua heterogeneidade, confusão e hermetismo, a filosofia ainda encontra ressonância tal, que bastaria para comprovar que nela se abrigam questões que dizem muito de perto com interesses e aspirações humanas que devem, por isso, ser atendidos, e não frustrados pela ausência ou desconhecimento de objetivo e rumo seguros da parte daqueles que se ocupam do assunto.
Mas onde encontrar esse “objeto” último e profundo da especulação filosófica para o qual converge e onde se concentra a variegada problemática de que a filosofia vem através dos séculos e em todos os lugares se ocupando; e de que se trata?
De tudo se trata, pode-se dizer, ou se tem tratado na “filosofia”, e até os mesmos assuntos, ou aparentemente os mesmos, são considerados em perspectivas de tal modo apartadas uma das outras que não se combinam e entrosam entre si, tornando-se impossível contrastá-las. Para alguns, essa situação é não apenas normal, mas plenamente justificável. A filosofia seria isso mesmo: uma especulação infinita e desregrada em torno de qualquer assunto ou questão, ao sabor de cada autor, de suas preferências e mesmo de seus humores. Há mesmo quem afirme não caber à filosofia “resolver”, e sim unicamente sugerir questões e propor problemas, fazer perguntas cujas respostas não têm maior interesse, e com o fim unicamente de estimular a reflexão, aguçar a curiosidade. E já se afirmou até que a filosofia não passava de uma ginástica do pensamento, entendendo por isso o simples exercício e adestramento de uma função — no caso, o pensamento em vez dos músculos, sem outra finalidade que essa.
Apesar, contudo, de boa parte da especulação filosófica, particularmente em nossos dias, parecer confirmar tal ponto de vista, ele certamente não é verdadeiro. Há sem dúvida um terreno comum onde a filosofia, ou aquilo que se tem entendido como tal, se confunde com a literatura (no bom sentido, entenda-se bem) e não objetiva realmente conclusão alguma, destinando-se tão somente, como toda literatura, a par do entretimento que proporciona, levar aos leitores ou ouvintes, a partir destes centros condensadores da consciência coletiva que são os profissionais do pensamento, levar-lhes impressões e estados de espírito, emoções e estímulos, dúvidas e indagações. Mas esse terreno que a filosofia, ou pelo menos aquilo que se tem entendido por “filosofia”, compartilha com a literatura, não é toda filosofia, nem mesmo, de certo modo, a sua mais importante e principal parte.
Com toda sua heterogeneidade, confusão e hermetismo, a filosofia ainda encontra ressonância tal, que bastaria para comprovar que nela se abrigam questões que dizem muito de perto com interesses e aspirações humanas que devem, por isso, ser atendidos, e não frustrados pela ausência ou desconhecimento de objetivo e rumo seguros da parte daqueles que se ocupam do assunto.
Mas onde encontrar esse “objeto” último e profundo da especulação filosófica para o qual converge e onde se concentra a variegada problemática de que a filosofia vem através dos séculos e em todos os lugares se ocupando; e de que se trata?
(O que é filosofia, 2008. Adaptado.)
Para o autor do texto, a comparação à literatura configura
um esforço implausível de aproximar duas disciplinas que não possuem pontos em comum.
uma definição eficaz para o que seja a filosofia, que apaga as contradições produzidas por inúmeras definições imprecisas.
uma solução definitiva para a definição de filosofia que, no entanto, deixa em aberto o problema de definir literatura.
um jogo de linguagem, arguto embora ineficaz, que apenas transfere o problema de um lugar para outro, de definir filosofia para definir literatura.
uma especulação justificável, mas que falha em não estabelecer qual é o objeto mais específico da filosofia.
Questão 9
Nas reflexões de Immanuel Kant sobre o conhecimento racional na sua obra “Fundamentação da Metafísica dos Costumes” lemos:
“A velha filosofia grega dividia-se em três ciências: a Física, a Ética e a Lógica. Esta divisão está perfeitamente conforme com a natureza das coisas, e nada há a corrigir nela a não ser apenas acrescentar o princípio em que se baseia, para deste modo, por um lado, nos assegurarmos da sua perfeição, e, por outro, podermos determinar exactamente as necessárias subdivisões”.
“A velha filosofia grega dividia-se em três ciências: a Física, a Ética e a Lógica. Esta divisão está perfeitamente conforme com a natureza das coisas, e nada há a corrigir nela a não ser apenas acrescentar o princípio em que se baseia, para deste modo, por um lado, nos assegurarmos da sua perfeição, e, por outro, podermos determinar exactamente as necessárias subdivisões”.
KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de Antônio Pinto de Carvalho. Lisboa: Companhia Editora Nacional. EDIÇÕES 70, 2007.
Sobre a Física, a Ética e a Lógica, é CORRETO afirmar que essas subdivisões
não ressaltam a ideia de uma metafísica da Natureza nem de uma Metafísica dos Costumes pelo fato de que não se pode nomeá-las como uma Antropologia prática.
ocupam-se de uma parte empírica em que as leis universais e necessárias do pensar não se assentam em princípios das experiências.
não se contrapõem à filosofia natural, também não se contrapõem à filosofia moral, pois cada uma não possui parte empírica.
baseiam-se em princípios da experiência cujas doutrinas se apoiam em princípios a posteriori da filosofia pura.
ocupam-se da forma do entendimento e da razão em estabelecer a distinção das leis da natureza, das leis da liberdade e dos objetos materiais.
Questão 10
O ato de filosofar é muito importante porque, através dele, o homem:
se posiciona no caminho racional para tentar atingir a última razão de ser de cada coisa.
consegue atingir, pela simples intuição, a razão última de cada ser existente ou pensado.
encontra definitivamente o caminho para atingir a verdadeira felicidade interior.
desvenda finalmente os significados mais profundos dos mitos que povoam sua mente.
consegue encontrar a razão espiritual do seu próprio existir e sua condição de ser social.
Questão 11
De acordo com M. L. A. ARANHA e M. H. P. MARTINS, na obra Filosofando: introdução à Filosofia (p. 45), “Se a ciência tende cada vez mais para a especialização, a filosofia, no sentido inverso, quer superar essa fragmentação do real, para que o homem seja resgatado na sua integridade e não sucumba à alienação do saber parcelado”. Segundo essa concepção, podemos entender que:
Nos primórdios, a ciência era ligada à filosofia, razão pela qual ser filósofo era ser um cientista dedicado à experimentação para a comprovação dos fenômenos estudados.
Filosofia e ciência são diferentes formas do conhecimento humano, sendo que a primeira é superior à segunda, pois trata do homem integrado à sociedade como um todo.
Filosofia e ciência se confundem pois ambas tratam do ser humano em sua integralidade.
Filosofia e ciência são diferentes formas do conhecimento humano que se valem de diferentes métodos de abordagem: enquanto a ciência é um saber que tende à especialização, a filosofia não abre mão de se constituir como uma visão de totalidade, exercitando sempre a crítica dos fundamentos de todo o saber.
Filosofia não é ciência pois, como afirmou Kant, “não há filosofia que possa aprender; só se pode aprender a filosofar”. Nesse sentido, o filósofo se ocupa de discutir a ciência e apontar as suas fragilidades a respeito do conhecimento sobre a natureza.
Questão 12
Sobre o conhecimento filosófico, considere o texto a seguir:
O pensamento não é um dom do homem, senão uma aquisição precária que lhe custa muito esforço e pode ir-se entre as mãos.
(AGUADO, Emiliano. Ortega Y Gasset. Madrid: Epesa, 1970, p. 107.)
O texto do filósofo espanhol define claramente o valor do pensamento no plano filosófico. Nessa linha de raciocínio, é CORRETO afirmar que
a singularidade do pensamento filosófico atrela-se ao esforço crítico.
o pensamento filosófico requer muito esforço e pouca interpretação.
o pensamento filosófico tem valor secundário na aquisição do conhecimento.
a dimensão do pensamento se encontra no âmbito do esforço acrítico.
o primado do conhecimento filosófico se restringe ao dom do homem.
Questão 13
Leia o texto a seguir:
“Efetivamente, desde a Idade Média, a construção do Ocidente se fez sobre exclusão geográfica, cultural religiosa e étnica do Oriente. A expulsão dos árabes e do Islã do horizonte ocidental alimenta o ressentimento e a hostilidade. Filosoficamente os cristãos latinistas devem seu estatuto de ocidentais graças a sua abertura à falsafa – filosofia – do Islã ocidental’. ‘A filosofia não é grega, é grega e árabe’, conclui o medievalista francês Alain de Libera. Desse modo, então, um humanismo expulsa o outro”.
“Efetivamente, desde a Idade Média, a construção do Ocidente se fez sobre exclusão geográfica, cultural religiosa e étnica do Oriente. A expulsão dos árabes e do Islã do horizonte ocidental alimenta o ressentimento e a hostilidade. Filosoficamente os cristãos latinistas devem seu estatuto de ocidentais graças a sua abertura à falsafa – filosofia – do Islã ocidental’. ‘A filosofia não é grega, é grega e árabe’, conclui o medievalista francês Alain de Libera. Desse modo, então, um humanismo expulsa o outro”.
(RI JÚNIOR, Arno Dal; ORO, Ari Pedro (orgs.). Islamismo e Humanismo latino: diálogos e desafios. Petrópolis: Vozes, 2004, p.26. Adaptado.)
De acordo com o texto acima, assinale a alternativa CORRETA.
A filosofia ocidental deve a sua existência a gregos e árabes.
Não há oposição entre o Cristianismo e o Islamismo.
Não há qualquer herança árabe no pensamento ocidental.
A hostilidade em relação aos árabes não alimenta ressentimentos.
Os árabes foram sempre incluídos na formação da cultura ocidental.
Questão 14
“Não é possível aprender qualquer filosofia; […]só é possível aprender a filosofar, ou seja, exercitar o talento da razão, fazendo-a seguir os seus princípios universais em certas tentativas filosóficas já existentes, mas sempre reservando à razão o direito de investigar aqueles princípios até mesmo em suas fontes confirmando-os ou rejeitando-os.”
(KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p. 407).
Sobre o processo do filosofar, considere as afirmativas abaixo e assinale a alternativa INCORRETA.
A passagem de Kant serve para advertir que, mesmo estudando o pensamento dos grandes filósofos, o indivíduo deve aprender a filosofar, a exercer o direito de refletir por si próprio.
A filosofia, por estar no campo do pensamento, está à margem do mundo e da própria realidade circundante, constituindo um conjunto de saberes incontestáveis.
A atividade de filosofar é, sobretudo, a experiência de um pensar permanente. Diferente do dogmatismo, a filosofia não apresenta verdades acabadas; ao contrário, convida à discussão.
Mais do que um saber, a filosofia é uma atividade diante da vida, tanto no dia a dia como nas situações que exigem decisões cruciais.
Quanto à tradição filosófica, é preferível não recebê-la passivamente, como um produto, como algo acabado, mas compreendê-la como um processo, como reflexão crítica e autônoma a respeito da verdade.
Questão 15
Referindo-se à Filosofia, Montaigne escreve:
“É singular que em nosso século as coisas sejam de tal forma que a filosofia, até para as pessoas inteligentes, seja um nome vão e fantástico, que se considera de nenhum uso e de nenhum valor, tanto por opinião como de fato. Creio que a causa disso são esses ergotismos [que significa abuso de silogismos na argumentação] que invadiram seus caminhos de acesso. É um grande erro pintá-la inacessível às crianças e com um semblante carrancudo, sobranceiro e terrível. Quem a mascarou com esse falso semblante, lívido e medonho? Não há nada mais alegre, mais jovial, mais vivaz e quase digo brincalhão. Ela só prega festa e bons momentos. Uma fisionomia triste e inteiriçada mostra que não é ali sua morada”
“É singular que em nosso século as coisas sejam de tal forma que a filosofia, até para as pessoas inteligentes, seja um nome vão e fantástico, que se considera de nenhum uso e de nenhum valor, tanto por opinião como de fato. Creio que a causa disso são esses ergotismos [que significa abuso de silogismos na argumentação] que invadiram seus caminhos de acesso. É um grande erro pintá-la inacessível às crianças e com um semblante carrancudo, sobranceiro e terrível. Quem a mascarou com esse falso semblante, lívido e medonho? Não há nada mais alegre, mais jovial, mais vivaz e quase digo brincalhão. Ela só prega festa e bons momentos. Uma fisionomia triste e inteiriçada mostra que não é ali sua morada”
(MONTAIGNE I, 26, p. 240).
Depois de ler o texto acima, atentamente, assinale a alternativa CORRETA
Montaigne entende que a filosofia destina-se somente a algumas pessoas muito inteligentes, pois é inacessível para a maioria delas
Montaigne argumenta que a filosofia é brincalhona e jovial, aberta a muitos, inclusive para as crianças
Montaigne considera que a filosofia é carrancuda e triste porque é crítica e precisa assustar as pessoas
Montaigne concorda que a filosofia é um nome vão e fantástico: não tem nenhum uso e nenhum valor para as pessoas inteligentes.
Montaigne julga que a filosofia deve ser sempre terrível e se contrapor à festa e à alegria.