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10 livros de filosofia para quem quer começar a entender o assunto

- 7 min leitura

Entrar no universo da filosofia pode parecer uma tarefa desafiadora. O terreno é vasto, repleto de conceitos complexos, e as trilhas são permeadas por debates intelectuais que atravessam milênios. Para os estudantes do ensino médio, que estão no início de suas jornadas acadêmicas, esta tarefa pode parecer ainda mais desafiadora. Entretanto, com os recursos e guias certos, a filosofia pode ser uma experiência gratificante e intelectualmente estimulante.

Selecionamos 10 livros de filosofia que servem como excelentes pontos de partida. A lista inclui desde textos clássicos até livros introdutórios feitos especificamente para quem busca uma visão geral e explicações acessíveis. Preparado para uma viagem fascinante pelo universo do pensamento humano?

O Mundo de Sofia, de Jostein Gaarder

Jostein Gaarder é um autor norueguês, conhecido mundialmente por seus trabalhos de ficção que combinam história, filosofia e elementos fantásticos. “O Mundo de Sofia” é, sem dúvida, sua obra mais famosa.

“O Mundo de Sofia” é um romance de mistério que serve como uma introdução à filosofia ocidental. A história gira em torno de Sofia Amundsen, uma garota de 14 anos que começa a receber cartas misteriosas de um filósofo anônimo. Essas cartas a levam em uma jornada através da história da filosofia, desde os pré-socráticos até os filósofos contemporâneos.

Este livro é ideal para estudantes do ensino médio que estão interessados em filosofia, pois apresenta conceitos filosóficos complexos de maneira acessível. Além disso, a trama de mistério mantém os leitores interessados, tornando a leitura menos intimidante e mais divertida. 

Um dos grandes méritos de “O Mundo de Sofia” é a maneira como Gaarder apresenta a história da filosofia. Em vez de simplesmente enumerar filósofos e suas ideias, ele os coloca em um grande diálogo contínuo ao longo da história. A filosofia é apresentada como uma conversa ininterrupta, onde cada pensador constrói, refuta ou reformula ideias que vieram antes deles. 

Grande história visual da filosofia: Pensadores e principais conceitos

A obra “Grande História Visual da Filosofia: Pensadores e Principais Conceitos” é um recurso inovador que combina elementos visuais e textos para apresentar uma ampla visão da história da filosofia.

A obra aborda toda a história da filosofia, começando com os pensadores da antiguidade, como Platão e Aristóteles, passando pelos filósofos medievais e renascentistas, como Santo Agostinho e Descartes, e chegando aos filósofos modernos e contemporâneos, como Nietzsche e Foucault. Ela apresenta os principais conceitos e argumentos de cada pensador em uma forma visualmente atrativa e fácil de entender.

A grande vantagem desta obra é a maneira como ela torna a filosofia acessível e envolvente. Em vez de longos blocos de texto, o livro utiliza ilustrações, gráficos e outros elementos visuais para representar ideias filosóficas complexas. Isso torna a filosofia muito mais acessível para estudantes do ensino médio, que podem ser intimidados por textos filosóficos densos e complexos.

Uma Breve História da Filosofia, de Nigel Warburton

“Uma Breve História da Filosofia” é uma obra escrita pelo filósofo britânico Nigel Warburton. Ele cria nesta obra uma narrativa concisa e envolvente da filosofia ocidental, desde seus primeiros dias na Grécia antiga até os debates contemporâneos.

O livro está organizado em capítulos breves, cada um deles dedicado a um filósofo ou escola de pensamento específica. Ele começa com Sócrates, Platão e Aristóteles, passa pelos filósofos medievais, como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, para depois explorar os pensadores da época moderna e contemporânea, como Descartes, Hume, Kant, Nietzsche, Wittgenstein e John Rawls.

O interessante de “Uma Breve História da Filosofia” é o modo como Warburton aborda cada filósofo. Em vez de simplesmente explicar seus argumentos e ideias, apresenta cada filósofo através dos problemas e questões que eles tentaram resolver. Essa abordagem traz à vida os debates e controvérsias da filosofia, mostrando que a filosofia não é uma disciplina acadêmica, mas uma busca para entender o mundo.

O Pensamento Voa, de Lucy Eyre

“O Pensamento Voa” é uma obra de Lucy Eyre que traz para a ficção uma aventura única no universo da filosofia. A história se desenrola em torno de Ben Warner, um jovem de 15 anos que se encontra inesperadamente em meio a uma aposta intrigante entre os filósofos Sócrates e Ludwig Wittgenstein. Como parte dessa jornada peculiar, Ben tem a oportunidade de dialogar com renomados filósofos da história, sendo introduzido a questões filosóficas fundamentais, como a moralidade, o livre-arbítrio e o verdadeiro significado da felicidade.

Através deste romance, Lucy Eyre apresenta um retrato da filosofia que é tanto envolvente quanto acessível. Ao incorporar conceitos filosóficos em situações do dia-a-dia de um adolescente, Eyre permite que os leitores vejam a relevância e a aplicabilidade do pensamento filosófico em suas próprias vidas. Este livro serve como uma excelente introdução à filosofia, especialmente para jovens leitores que estão começando a se interessar pelo tema.

Diálogos de Platão: Laques, Lísis, Etífron, Críton

Ler os diálogos de Platão pode ser uma experiência rica para quem está iniciando na filosofia. Isso porque eles fornecem não apenas um contato com as ideias fundamentais do pensamento filosófico ocidental, mas também apresentam uma forma de argumentação dialética que ajuda a desenvolver habilidades de pensamento crítico.

Os quatro diálogo que sugerimos nessa lista foram escritos por Platão e representam conversas de Sócrates sobre temas de ética.

No diálogo “Laques”, Sócrates discute a natureza da coragem e como ela se relaciona com a virtude. É uma reflexão sobre a ética e a moral que nos desafia a pensar sobre o que é realmente a coragem.

“Lísis” é uma exploração sobre a natureza da amizade. Sócrates usa o diálogo para examinar os diferentes tipos de amor e amizade, além de suas implicações para a vida em sociedade.

“Etífron”, por sua vez, lida com a questão da piedade. O diálogo apresenta uma discussão sobre a natureza da religião, da devoção e como a ética se relaciona com ela.

Por fim, “Críton” apresenta uma discussão sobre justiça e dever. Neste diálogo, Sócrates se questiona a obediência às leis e reflete sobre a responsabilidade individual frente à autoridade e às leis da cidade.

Carta sobre a felicidade, de Epicuro

“Carta sobre a Felicidade”, também conhecida como “Carta a Meneceu”, é uma das mais famosas obras do filósofo grego Epicuro. Nesta carta, Epicuro apresenta suas reflexões sobre a busca humana pela felicidade, estabelecendo que o objetivo da vida é a busca pelo prazer, que ele define não como indulgência desenfreada, mas como a ausência de dor física e angústia mental.

A leitura deste texto é fundamental para uma primeira aproximação à filosofia epicurista e à filosofia antiga em geral. Epicuro defende que a compreensão adequada da natureza do mundo e do nosso lugar nele pode nos ajudar a alcançar a tranquilidade e a felicidade. Além disso, a carta é um exemplo notável de como a filosofia pode ser aplicada diretamente à vida cotidiana, fornecendo orientação prática sobre como viver de maneira mais feliz e satisfatória.

Meditações Metafísicas, de Descartes

“Meditações Metafísicas” é uma das obras mais influentes do filósofo francês René Descartes. Neste livro, Descartes conduz uma série de reflexões filosóficas, começando pelo ceticismo radical – questionando tudo que se pode conhecer – até chegar à famosa conclusão “Cogito, ergo sum” ou “Penso, logo existo”. Ele usa este ponto de partida para explorar questões sobre a natureza da realidade, da mente e de Deus.

Esta obra é fundamental para entender a filosofia moderna e o racionalismo. Descartes introduz o método da dúvida sistemática como um meio de alcançar certezas inabaláveis, estabelecendo as bases do que viria a ser a filosofia moderna. O livro é um excelente ponto de partida para aqueles que querem entender como a filosofia pode questionar e desvendar as certezas mais básicas sobre nós mesmos e o mundo à nossa volta.

Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens, de Rousseau

“Discurso Sobre a Origem da Desigualdade Entre os Homens” é uma obra fundamental do filósofo francês Jean-Jacques Rousseau. Neste ensaio, Rousseau busca investigar a origem e a legitimidade das desigualdades sociais. Para isso, ele recorre a uma hipotética “história natural” da humanidade, analisando a transição da sociedade primitiva, igualitária, para a sociedade civilizada, marcada pela desigualdade.

Rousseau é um dos filósofos mais influentes do Iluminismo e esta obra é fundamental para entender suas ideias sobre política e sociedade. A leitura desse livro nos permite refletir sobre as raízes das desigualdades sociais e sobre o papel do contrato social na formação das sociedades. Além disso, o “Discurso” é um exemplo de como a filosofia pode se engajar com questões sociais profundas e oferecer uma crítica incisiva às estruturas sociais existentes.

Sobre a liberdade, de Stuart Mill

“Sobre a Liberdade” é uma das obras mais notáveis do filósofo britânico John Stuart Mill. Neste ensaio, Mill defende a liberdade de pensamento e expressão como elementos fundamentais para o desenvolvimento humano e para a sociedade. Ele estabelece o “princípio do dano”, argumentando que a liberdade de um indivíduo só deve ser limitada para prevenir danos a outros.

Esta obra é fundamental para a compreensão do liberalismo clássico e dos debates sobre liberdade de expressão e direitos individuais. A leitura de “Sobre a Liberdade” permite ao leitor explorar questões complexas de ética e política através do pensamento de um dos filósofos mais influentes do século XIX. A obra é uma reflexão profunda sobre o valor da liberdade individual e sobre o equilíbrio entre os direitos individuais e o bem-estar da sociedade.

Contra a perfeição: Ética na era da engenharia, de Michael Sandel

Vamos finalizar nossa lista de livros de filosofia com uma obra contemporânea que mostra como a filosofia ainda é e continuará sendo essencial para discutir as grandes questões da humanidade.

“Contra a Perfeição: Ética na Era da Engenharia Genética” é uma obra do filósofo político americano Michael Sandel. Neste livro, Sandel apresenta uma reflexão sobre as implicações éticas e morais da engenharia genética, questionando se deveríamos usar a biotecnologia para melhorar nossas capacidades físicas e mentais.

Esta obra é fundamental para a compreensão da bioética, um campo da filosofia que explora as questões éticas, legais e sociais emergentes da medicina e das ciências da vida. A leitura de “Contra a Perfeição” oferece uma visão profunda sobre os dilemas éticos que enfrentamos na era da biotecnologia. Sandel propõe um debate necessário sobre os limites éticos do que a tecnologia pode e deve fazer, desafiando-nos a refletir sobre o significado de nossa humanidade em um mundo cada vez mais moldado pela ciência e pela tecnologia.