Penso que não há um sujeito soberano, fundador, uma forma universal de sujeito que poderíamos encontrar em todos os lugares. Penso, pelo contrário, que o sujeito se constitui através das práticas de sujeição ou, de maneira mais autônoma, através de práticas de liberação, de liberdade, como na Antiguidade – a partir, obviamente, de um certo número de regras, de estilos, que podemos encontrar no meio cultural. FOUCAULT, M. Ditos e escritos V: ética, sexualidade, política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.
O texto aponta que a subjetivação se efetiva numa dimensão:
legal, pautada em preceitos jurídicos.
contingencial, processada em interações sociais.
racional, baseada em pressupostos lógicos.
transcendental, efetivada em princípios religiosos.
essencial, fundamentada em parâmetros substancialistas.
O edifício é circular. Os apartamentos dos prisioneiros ocupam a circunferência. Você pode chamá-los, se quiser, de celas. O apartamento do inspetor ocupa o centro; você pode chamá-lo, se quiser de alojamento do inspetor. A moral reformada; a saúde preservada; a indústria revigorada; a instrução difundida; os encargos públicos aliviados; a economia assentada, como deve ser, sobre uma rocha; o nó górdio da Lei sobre os Pobres não cortado, mas desfeito – tudo por uma simples ideia de arquitetura! BENTHAM, J. O panóptico. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
Essa é a proposta de um sistema conhecido como panóptico, um modelo que mostra o poder da disciplina nas sociedades contemporâneas, exercido preferencialmente por mecanismos
repressivos, que perpetuam as relações de dominação entre os homens por meio da tortura física.
religiosos, que se constituem como um olho divino controlador que tudo vê.
ideológicos, que estabelecem limites pela alienação, impedindo a visão da dominação sofrida.
consensuais, que pactuam acordos com base na compreensão dos benefícios gerais de se ter as próprias ações controladas.
sutis, que adestram os corpos no espaço-tempo por meio do olhar como instrumento de controle.
Nossa cultura lipofóbica muito contribui para a distorção da imagem corporal, gerando gordos que se veem magros e magros que se veem gordos, numa quase unanimidade de que todos se sentem ou se veem “distorcidos”. Engordamos quando somos gulosos. É pecado da gula que controla a relação do homem com a balança. Todo obeso declarou, um dia, guerra à balança. Para emagrecer é preciso fazer as pazes com a dita cuja, visando adequar-se às necessidades para as quais ela aponta. FREIRE, D. S. Obesidade não pode ser pré-requisito. Disponível em: http//gnt.globo.com. Acesso em: 3 abr. 2012 (adaptado).
O texto apresenta um discurso de disciplinarização dos corpos, que tem como consequência
a democratização do padrão de beleza, tornando-o acessível pelo esforço individual.
o aumento da longevidade, resultando no crescimento populacional.
o controle do consumo, impulsionando uma crise econômica na indústria de alimentos.
a ampliação dos tratamentos médicos alternativos, reduzindo os gastos com remédios.
a culpabilização individual, associando obesidade à fraqueza de caráter.
O leproso é visto dentro de uma prática de rejeição, ao exílio-cerca; deixa-se que se perca lá dentro como numa massa que não têm muita importância diferenciar; os pestilentos são considerados num policiamento tático meticuloso onde as diferenciações individuais são os efeitos limitantes de um poder que se multiplica, se articula e se subdivide. O grande fechamento por um lado; o bom treinamento por outro. A lepra e a sua divisão; a peste e seus recortes. Uma é marcada; a outra, analisada e repartida. O exílio do leproso e a prisão da peste não trazem consigo o mesmo sonho político.
FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes, 1987.
Os modelos autoritários descritos no texto apontam para um sistema de controle que se baseia no(a):
Condenação da degradação humana.
Formação de sociedade disciplinar.
Flexibilização do regramento social.
Banimento da autoridade repressora.
Hierarquização da burocracia estatal.
O momento histórico das disciplinas é o momento em que nasce uma arte do corpo humano, que visa não unicamente o aumento das suas habilidades, nem tampouco aprofundar sua sujeição, mas a formação de uma relação que no mesmo mecanismo o torna tanto mais obediente quanto é mais útil, e inversamente. Forma-se então uma política das coerções, que são um trabalho sobre o corpo, uma manipulação calculada de seus elementos, de seus gestos, de seus comportamentos. FOUCAULT, M. Vigiar e punir: história da violência nas prisões. Petrópolis: Vozes, 1987.
Na perspectiva de Michel Foucault, o processo mencionado resulta em
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