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Plano de aula sobre fake news

- 8 min leitura

Informações

  • Conceitos: conhecimento para Platão, crença verdadeira justificada, fake news.
  • Ano: Ensino Médio.
  • Duração: 8 aulas de 50 minutos, aproximadamente

Breve resumo do plano

Esse plano de aula sobre fake news e Platão trabalha com a seguinte questão: em que condições uma notícia pode ser considerada conhecimento? Para responder a esse problema, os estudantes primeiro discutem o que é conhecimento e, com base nisso, analisam o conceito de fake news e definem critérios para dizer quanto estamos justificados ao acreditar em uma notícia e quando não além de usar tais critérios para avaliar notícias. Por fim, participam de um projeto cujo objetivo é contribuir para reduzir os impactos negativos das fake news na comunidade escolar.

Competências e habilidades da BNCC

  • (Competência 6) Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes posições e fazendo escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
  • (EM13CHS103) Elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor argumentos relativos a processos políticos, econômicos, sociais, ambientais, culturais e epistemológicos, com base na sistematização de dados e informações de diversas naturezas (expressões artísticas, textos filosóficos e sociológicos, documentos históricos e geográficos, gráficos, mapas, tabelas, tradições orais, entre outros).
  • (EM13CHS106) Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica, diferentes gêneros textuais e tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais, incluindo as escolares, para se comunicar, acessar e difundir informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
  • (EM13CHS202) Analisar e avaliar os impactos das tecnologias na estruturação e nas dinâmicas de grupos, povos e sociedades contemporâneos (fluxos populacionais, financeiros, de mercadorias, de informações, de valores éticos e culturais etc.), bem como suas interferências nas decisões políticas, sociais, ambientais, econômicas e culturais.
  • (EM13CHS504) Analisar e avaliar os impasses ético-políticos decorrentes das transformações culturais, sociais, históricas, científicas e tecnológicas no mundo contemporâneo e seus desdobramentos nas atitudes e nos valores de indivíduos, grupos sociais, sociedades e culturas.

Objetivos de aprendizagem

  • Compreender o conceito de conhecimento de Platão.
  • Ler de forma investigativa notícias que circulam em jornais, redes sociais e televisão.
  • Diferenciar notícias em que há boas razões para acreditar serem verdadeiras e notícias em que não há boas razões para acreditar serem verdadeiras.
  • Propor soluções para reduzir o impacto das notícias falsas na comunidade escolar.

Abaixo há uma possível sequência para esse trabalho.

Primeira aula: o que é conhecimento?

Inicie a aula apresentando a situação-problema abaixo para os estudantes e depois dialogue brevemente sobre as questões com a turma.

De acordo com uma pesquisa realizada em 2018 pelo Instituto Ipsos, 62% dos brasileiros disseram já ter acreditado em uma fake news. Os outros países onde mais entrevistados já foram enganados pelas fake news foram Arábia Saudita (58%), Coreia do Sul (58%), Peru (57%) e Espanha (57%). Na contramão, vieram os italianos. Apenas 29% deles declaram já ter acreditado em uma notícia falsa.

Esse é um fenômeno muito frequente e provoca danos bem perceptíveis na sociedade. Um fato recente, por exemplo, é o retorno de doenças que haviam sido erradicadas no Brasil por falta de vacinação. E esse fenômeno está ligado à existência de movimentos antivacina que divulgam informações incorretas para a população.

Diante dessa realidade, surgem várias questões. Será que já acreditamos em notícias falsas? Será que nossos familiares e amigos acreditam com frequência em notícias falsas? Como eu faço para diferenciar uma notícia falsa de uma verdadeira? O que poderíamos fazer para reduzir a circulação e impacto dessas notícias entre as pessoas que conhecemos?

Depois de conversar um pouco sobre as questões com os estudantes, proponha uma pesquisa sobre o conceito de conhecimento de Platão, uma ideia que será útil na análise do tema fake news.

Originalmente essa atividade inicial foi desenvolvida para o ensino remoto, então ela foi construída em um formulário online para facilitar a compreensão dos estudantes e monitorar sua compreensão dos conceitos abordados. Ao final do formulário o estudante responde algumas questões de autoavaliação, além de questões objetivas ao longo do processo. Todas essas informações ficam visíveis para o professor, assim é possível saber como foi o desempenho de cada aluno e oferecer algum apoio adicional se necessário. Se desejar usar esse material, basta fazer uma cópia usando esse link. Basta ter uma conta Gmail.

Depois que todos os estudantes tiverem concluído o trabalho, encerre a aula fazendo algumas ligações entre o conceito de conhecimento de Platão e o problema das fake news. 

Aqui uma pequena história pode ajudar. Platão foi aluno de Sócrates e viu seu professor morrer por ser condenado à morte em 399 a. C. O júri popular da cidade de Atenas, por uma pequena maioria, decidiu condenar Sócrates pela acusação de não reconhecer os deuses da cidade e introduzir novos deuses. Guardadas as devidas diferenças, se trata de um exemplo de como uma mentira que ganha aceitação popular provoca grandes danos. 

Daí um significado para valorização do conhecimento e da verdade em Platão. Um contraste relevante, que aparece na pesquisa orientada feita pelos alunos e que pode ser retomado, é entre a noção de conhecimento de Platão e o conceito de pós-verdade e todas as suas implicações sociais. 

Segunda aula: o que são fake news e como reconhecê-las?

Em que condições há boas razões para acreditar em uma informação divulgada em um jornal ou rede social? Quando uma notícia pode ser conhecimento?

Essas podem ser questões para iniciar a aula. Questione os estudantes sobre estratégias que usam para avaliar se o que está sendo dito em uma notícia é verdadeiro ou não.

Depois desse momento inicial, proponha uma segunda pesquisa individual na qual os estudantes irão conhecer mais a fundo o que são fake news, seus vários tipos, estratégias de produção, assim como características de produções confiáveis.

O material para essa pesquisa segue o formato da primeira e também está disponível para cópia nesse link.

Oriente os alunos a fazer algumas anotações para serem usadas na segunda parte da aula, durante um desafio prático.

Na segunda parte da aula, divida a turma em grupos, distribua uma notícia para cada grupo e defina um tempo para que os estudantes analisem a notícia e identifiquem se é falsa ou verdadeira. 

Durante a apresentação, peça para que os estudantes emitam seu veredicto, expliquem a estratégia usada na análise e que elementos observaram que justificam seu parecer. Ao final da apresentação, ofereça um feedback destacando acertos do grupo e, eventualmente, elementos que também poderiam ser observados, mas não foram.

Terceira aula: as pessoas que conheço compartilham fake news?

A continuidade do projeto envolve uma pesquisa sobre a realidade nas quais os estudantes vivem. A questão norteadora é em que medida os fatos gerais sobre fake news se aplicam à realidade dos estudantes. 

É importante que a organização dessa pesquisa seja construída em conjunto com os estudantes e, se possível, com o apoio do professor de sociologia. Dessa forma é possível trabalhar habilidades de uso de método científico para responder problemas. 

De modo geral, a ideia é produzir um questionário que os estudantes irão aplicar com amigos, colegas de outras turmas, familiares e conhecidos para investigar o impacto das fake news nessa população.

Durante a execução dessa pesquisa, é útil usar criadores de formulários online como o Google Formulários. Isso simplifica bastante o processo de coleta de dados e organização em planilhas para posterior análise. É um software gratuito e fácil de utilizar. Dentro da produção em grupo, um estudante pode ficar responsável por transformar o questionário escrito em papel em um versão online, por exemplo, otimizando o tempo da aula.

Quarta aula: sistematização dos dados e socialização

O resultado de uma pesquisa como a proposta na aula anterior é uma tabela com uma série de dados: idade, nível de escolarização, se já acreditou em fake news, fontes de informação que usa, sites acessados, se sabe verificar quando uma notícia é falsa etc.

Agora é o momento de organizar todas essas informações de forma que alguma conclusão possa ser tirada para o problema proposto. Nesse ponto, além da parceria com o professor de sociologia é possível convidar o professor de matemática para ajudar na construção de gráficos e sistematizar as informações.

O resultado desse trabalho poderia ser a produção de infográficos pelos grupos de alunos apresentando diferentes aspectos da pesquisa de modo a subsidiar as discussões para a próxima etapa do projeto. 

Quinta aula: o que poderia ser feito para reduzir o consumo de fake news na comunidade escolar?

Caso, a partir da análise da pesquisa, os estudantes concluam que as notícias falsas são um problema sério nos círculos de pessoas com as quais convivem, podem pensar em estratégias para atenuar seus impactos negativos. Cabe ao grupo avaliar qual a melhor estratégias entre várias disponíveis, como:

  • Criação de um blog de checagem de fatos gerenciado pelos estudantes sobre notícias falsas que circulam na comunidade escolar. 
  • Criação de uma lista de sites suspeitos para compartilhar com a comunidade escolar.
  • Criação de uma cartilha com informações sobre como reconhecer fake news em uma linguagem que seja acessível para integrantes da comunidade escolar.

Essa última possibilidade é bastante relevante considerando que, de acordo pesquisa feita pela Kaspersky, empresa global de cibersegurança, 62% disseram não saber reconhecer uma fake news. 

Recursos do plano

Pesquisa orientada sobre conceito de conhecimento de Platão – Formulário online com texto, vídeos e exercícios sobre conceito de conhecimento de Platão. Clicando no link você poderá fazer uma cópia da atividade, mas para isso precisará de uma conta de email do google.

Pesquisa orientada sobre fake news, o que é e como reconhecê-las – Formulário online com textos, vídeos, exercícios interativos e algumas atividades de análise de notícias para checar a compreensão dos conceitos. Clicando no link você poderá fazer uma cópia da atividade, mas para isso precisará de uma conta de email do google.

Artigo e vídeo sobre conceito de conhecimento de Platão. Síntese do conceito de conhecimento de Platão tal como apresentado no diálogo Teeteto. 

Recursos adicionais 

Guia de Fact-Checking – Plano de aula sobre fake news desenvolvido pelo Instituto Poynter, entidade norte-americana sem fins lucrativos que promove o ensino do jornalismo.  A proposta da aula simula uma situação na qual os estudantes são redatores de um jornal e devem verificar notícias relevantes para uma decisão política que será tomada em um país fictício. O planejamento pode ser usado como complemento do que foi proposto aqui.

Oficina de Leitura de Notícias BBC – Material organizado pela BBC News do Brasil com vídeos e atividades para serem trabalhadas em escolas com o objetivo de promover a leitura investigativa de notícias.

Como notícias falsas se espalham – Vídeo de Noah Tavlin com questões objetivas, textos para aprofundar conhecimentos e questões abertas para discussão. O material faz parte de uma lição do TEDed.

Educação para a informação. Material produzido pelo MEDIA MAKERS sobre leitura crítica de notícias.

Fabio Fato não dá mole para notícias falsas. Esse é um manual em quadrinhos, criado pelo site de checagem de notícias Aos Fatos em parceria com a IFCN (International Fact-Checking Network), criado para celebrar o Dia Internacional da Checagem de Fatos. Ele apresenta de forma bem acessível vários passos para saber se uma notícia é verdadeira ou não.