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Anarquismo

- 3 min leitura

O anarquismo é geralmente associado a manifestações de rua violentas, a um movimento político que defende a destruição etc. Se você pesquisar no Google por “anarquistas”, irá encontrar imagens de protestos violentos. A imagem predominante do anarquista na mente popular é a de um indivíduo destrutivo preparado para usar meios violentos para perturbar a ordem social, sem ter nada de construtivo para oferecer por meio de alternativas.

Mas essa é uma descrição precisa do anarquismo? O anarquismo é realmente uma ideologia violenta determinada a destruir tudo o que amamos e valorizamos? Para o anarquista, o único caminho para a libertação é repleta de bombas de fumaça e coquetéis Molotov? Acredite ou não, a resposta simples para essas perguntas é um ressonante não.

No que se segue, tentarei esclarecer um pouco dessa confusão, fornecendo uma breve explicação do que realmente é o anarquismo. Em primeiro lugar, darei uma definição rápida do anarquismo, realizando uma breve pesquisa com alguns dos pensadores mais próximos, prestando especial atenção ao seu princípio central. Por fim, descreverei brevemente os diferentes tipos de anarquismo que existem, colocando ênfase particular nas duas principais categorias, anarquismo social e anarquismo individualista.

Definição de anarquismo

O anarquismo como uma corrente de pensamento político tem mais de duzentos anos e incluiu importantes filósofos tão diversos quanto Godwin, Bakunin, Kropotkin e Proudhon, pensadores que viam isso como um caminho para a paz e a liberdade, em vez de ódio e violência.

O que é o anarquismo? A palavra vem do grego anarkhia que significa ausência de governo. E para um anarquista, a palavra governo deve ser entendida de maneira ampla, de modo a incluir qualquer autoridade ou situação em que uma pessoa manda, governa, outra. Assim, o anarquismo é contra todo tipo de autoridade.

De qualquer forma, a principal forma de autoridade à qual o anarquismo se opõe é o Estado. Por isso, muitos defendem o fim do Estado como a principal reivindicação do movimento.

Porém, não é consenso entre os anarquistas em relação ao que é esse Estado. Murray Bookchin, por exemplo, não é contra qualquer forma de organização social coletiva. Ou seja, não vê problema, por exemplo, em um grupo organizado em forma de autogestão. O problema surge quando um pequeno grupo de pessoas ou um líder controla as pessoas, suas ações.

Por que os anarquistas são contra o Estado? Em geral, para os anarquistas o Estado é coercitivo e punitivo, reduz a liberdade das pessoas muito além do ponto necessário para a convivência social. Exemplos de leis dessa natureza são aquelas que restringem certas práticas sexais ou ao consumo de determinadas drogas. Embora nenhuma dessas ações  prejudique ninguém, o Estado insiste em restringir a liberdade individual.

O Estado deve ser rejeitado assim como toda organização em que um grupo de pessoas pretende impor aos demais a sua vontade, a sua visão de mundo.

Anarquismo social e individualista

O anarquismo social foi, no passado, referido como uma forma de socialismo sem estado. Essa corrente anarquista é anticapitalista. A razão pela qual os anarquistas criticam o capitalismo é fácil de compreender. Uma empresa capitalista é um exemplo de organização em que existe hierarquia e na qual os empregados devem obedecer ao patrão. Não há nada mais odioso a um anarquista.

Um socialismo sem Estado seria uma economia na qual os trabalhadores organizados iriam gerir as fábricas nas quais trabalham e tomar as decisões de forma coletiva, sem que ninguém devesse obedecer a ninguém.

O anarquismo individualista, por outro lado, é representado pelo anarco capitalismo. A ideia é que os direitos individuais e liberdades do indivíduo devem prevalecer a qualquer custo, incluindo aí direito de propriedade e direito a ser dono de uma empresa. Essa visão é geralmente atribuída a gente como Émile Armand e Max Stirner na Europa, e a Benjamin Tucker e o Partido Libertário nos EUA. Como Armand coloca, “o anarquista deseja viver sua vida, tanto quanto possível, moralmente, intelectualmente, economicamente, sem ocupar-se com o resto do mundo, exploradores ou explorados” e não existe um ponto em comum entre o anarquista e qualquer ambiente regulado pelas decisões da maioria ou pela vontade de uma elite.”

Referências

BOBBIO, Norberto. Dicionário de Política. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1998.