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Plano de aula sobre o utilitarismo

- 5 min leitura

Esse plano de aula apresenta conceitos básicos do utilitarismo, como o princípio de utilidade, cálculo utilitarista e algumas críticas que essa teoria recebeu.

Objetivos

  • Compreender o conceito de utilitarismo.
  • Analisar ações morais a partir de uma perspectiva utilitarista, aplicando a ideia básica de maximizar a felicidade.
  • Avaliar a teoria utilitarista a partir da análise de experimentos mentais e dilemas morais.

Primeira aula: significado de utilitarismo

Uma forma de introduzir a discussão sobre o utilitarismo é lembrando os conceitos da aula anterior, de introdução à ética. Lembre alguns critérios apresentados para a classificação de uma ação como certa ou errada e proponha os seguintes problemas: 

  1. O que fazer quando pessoas discordam de qual critério aplicar? Na discussão sobre o aborto, por exemplo, algumas pessoas pensam que a autonomia é o critério mais importante, outras, o direito à vida.
  2. Por que esses critérios podem ser considerados morais e não outros?

O utilitarismo oferece resposta para esses dois problemas. Para o primeiro, ao defender o princípio de utilidade como único critério para decisão moral; para o segundo, ao justificar a escolha do princípio de utilidade mostrando que todos buscam obter prazer e evitar a dor.

A vida Bentham

Depois de apresentar esses problemas, conte aos estudantes um pouco sobre o criador do utilitarismo, Jeremy Bentham. Além de alguns dados biográficos, apresente os motivos que o levaram a criar essa teoria e a relação disso com sua preocupação como reformador social.

O princípio utilitarista

O próximo passo é apresentar o princípio de utilidade, que Bentham pensava ser o critério fundamental para definir uma ação como certa ou errada.

Para começar, pergunte aos estudantes se existe alguma coisa que queremos por ela mesma e não tendo em vista outro fim. Colocada dessa forma, a questão é bastante abstrata, então convém fazer a pergunta usando casos concretos: dinheiro, amizade, família, carro, prazer, felicidade, bem-estar. Qual dessas coisas queremos por elas mesmas e não tendo em vista outro fim? Em geral, todos concordam que a única coisa que queremos como um fim em si mesmo é o prazer, a felicidade ou o bem-estar.

Nesse momento, já é possível apresentar a conclusão que Bentham tirou desse fato sobre o ser humano. Como a única coisa que todos queremos como um fim é a felicidade, agir corretamente é agir de tal forma que isso gere o máximo de felicidade para as pessoas afetadas por nossas ações.

Em resumo, para o utilitarismo

  • A única coisa que deve ser considerada no julgamento moral é o prazer (bem-estar, felicidade);
  • As ações devem promover o maior prazer possível para todas as pessoas afetadas pela ação.

Para tornar a ideia compreensível, lembre novamente alguns casos apresentados na aula anterior, como o dilema do trem e o caso do pai de Tracy Latimer. Em seguida, pergunte para a turma o que um utilitarista faria em cada situação.

Algumas críticas que os estudantes geralmente apresentam ao utilitarismo pressupõe uma associação entre essa teoria e o egoísmo. Para evitar esse tipo de erro, explique a diferença entre utilitarismo e egoísmo. Basicamente, o primeiro defende que devemos considerar os bem-estar de todas as pessoas, enquanto o segundo apenas o bem-estar do agente.

Como calcular a utilidade

O próximo passo da aula é mostrar como o princípio utilitarista deve ser aplicado. Para isso, peça para que os estudantes formem grupos. Esses grupos terão que fazer cálculos utilitaristas de algumas ações para identificar qual é a ação correta. 

Apresente algumas ações ou políticas (eutanásia, pardais em rodovias, liberação da maconha etc) e peça para que identifiquem:

  1. Que prazeres essas ações geram?
  2. Que sofrimento essas ações geram?
  3. Qual e o saldo de prazer e sofrimento, qual é a ação correta?

Sugira que façam uma tabela em uma folha de caderno com duas colunas para cada uma das ações. Em uma das colunas será colocada a lista dos prazeres e na outra a lista de sofrimentos. O desafio maior dessa atividade é tentar identificar o maior número possível de consequências, sejam elas positivas ou negativas.

Depois que todos os grupos concluírem, anote no quadro as listas de prazeres e sofrimentos identificados pelos alunos e discuta qual seria a ação considerada correta pelo utilitarismo.

Encerramento

Para concluir a aula, proponha um desafio. A impressão da turma geralmente é favorável ao utilitarismo nesse primeiro contato. Questione os alunos se veem algum ponto negativo na teoria. Para aqueles que discordam do utilitarismo, mas não sabem muito bem explicar porquê, peça que tragam uma justificativa para a próxima aula. 

Segunda aula: críticas ao utilitarismo

A proposta dessa aula é pensar sobre algumas críticas e desafios que a teoria utilitarista enfrenta. Ao invés de expositiva como a aula anterior, essa apresenta o conteúdo através de trabalhos em grupo. 

Inicialmente, retome as ideias básicas do utilitarismo da última aula:

  • A única coisa que deve ser considerada no julgamento moral é o prazer (bem-estar, felicidade);
  • As ações devem promover o maior prazer possível.

Pergunte se alguém pensou em alguma crítica para a teoria e explique que nessa aula isso será feito.

Divida a turma em grupos com em torno de quatro integrantes e entregue para cada um uma das histórias presentes no texto com críticas ao utilitarismo (veja abaixo, em recursos didáticos). Proponha para os grupos as seguintes perguntas:

  1. A história é uma crítica a que aspecto da teoria utilitarista?
  2. Essa é uma boa crítica ou não?
  3. Que mudança poderia ser feita na teoria utilitarista para que ela não fique sujeita a esse tipo de crítica?

Depois que os grupos discutirem as questões, peça que apresentem para os colegas suas histórias e reflexões. Ao final de cada apresentação, abra espaço para debates e faça pergunta para os grupos.

Avaliação

Nessas aulas, o processo de ensino e avaliação ocorrerão de forma simultânea, através dos recursos abaixo:

  • Questões orais ao longo da exposição.
  • Acompanhamento das discussões nos grupos de trabalho.
  • Observação da apresentação da discussão dos grupos a fim de verificar se ocorreu a compreensão do conceito de utilitarismo e as implicações dos dilemas e experimentos mentais para essa teoria. 

A partir desses instrumentos é possível verificar se os objetivos da aula estão sendo alcançados e intervir de forma apropriada. 

Essa avaliação pode ser complementada com outras atividades escritas, como questões dissertativas, redações ou questões de múltipla escola.

Recursos didáticos

Referências

Rachels, James. Os Elementos da filosofia Moral. São Paulo: AMGH, 2013.

Sandel, Michael. Justiça: o que é fazer a coisa certa. São Paulo: Civilização Brasileira, 2011.

O conteúdo do livro de Sandel também está disponível em um curso online da universidade de Harvard. Os episódios 2, 3 e 4 abordam o utilitarismo.