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Ad hominem abusivo: significado e exemplos

- 3 min leitura

O argumento ad hominem abusivo ocorre quando é feita uma acusação direta contra o caráter do indivíduo, colocando em dúvida sua credibilidade através desse ataque.

O ataque pode ser direcionado a ações passadas desse indivíduo, suas relações pessoais, sua etnia, crença religiosa, afiliações políticas, orientação sexual ou qualquer outra característica que possa ser vista como negativa. Além disso, o ataque pessoal pode pôr em questão a capacidade cognitiva da pessoa, questionando sua formação escolar ou até mesmo sugerindo que é louca e, portanto, não merece atenção.

Exemplos de ad hominem abusivo

Imagine o julgamento de um caso de assassinato. A principal evidência usada pela acusação é o testemunho de um homem que viu o crime ser cometido. Para tentar lançar dúvida sobre a credibilidade das afirmações da testemunha, a defesa apresenta o seguinte argumento:

A testemunha diz ter visto meu cliente cometer o assassinato, porém devemos ter muita cautela com o que afirma. A testemunha é conhecida por ser alcoólatra e seus vizinhos dizem que é um homem capaz de todo tipo de mentiras. Inclusive tem uma série de dívidas com esses.

O argumento apresentado pelo advogado de defesa é um exemplo clássico de ad hominem abusivo já que se limita a atacar a testemunha apresentando uma série de características desfavoráveis.

Nesse exemplo é cometida uma falácia porque os fatos apresentados contra a pessoa não têm relação com a opinião que está sendo discutida. O fato de a testemunha ter uma conduta social reprovável não invalida tudo o que tem a dizer.

Segundo exemplo

Ataques contra a pessoa são frequentes no discurso político. Durante as campanhas presidenciais, por exemplo, uma grande parte do tempo e dinheiro é gasto para fazer propaganda negativa sobre o candidato adversário. Essa é uma forma comum e eficiente de criticar um oponente.

Porém, é sempre falacioso o uso de um argumento ad hominem que coloca em questão o caráter de um político? Não. Há casos em que é perfeitamente legítimo seu uso. Considere um exemplo fictício, bastante semelhante a casos reais.

Em um debate político, um dos candidatos ataca seu adversário afirmando que este exerceu um cargo eletivo durante trinta anos e durante esse período não deu qualquer contribuição significativa para a população. Ao contrário, seu patrimônio cresceu muito as custas do salário pago pelos cidadãos para que fizesse um bom trabalho. Portanto, conclui ele, não deve ser eleito mais uma vez.

O argumento do exemplo acima é claramente um ad hominem abusivo, que coloca em questão o caráter do adversário. No entanto, não há qualquer problema com esse tipo de argumentação. Uma eleição, em parte, envolve um debate sobre as qualidades pessoais de cada um dos candidatos, se são honestos, se são capazes de trabalhar pelo bem público, se são comprometidos com o trabalho, etc. Então é natural que acusações do tipo ad hominem sejam feitas.

Ainda assim, é necessário tomar cuidado nesses casos. Um dos problemas é o uso excessivo de ataques ad hominem que impeçam a discussão de ideias sobre como solucionar os problemas que enfrenta a população.

Um segundo problema ocorre quando ataques ad hominem tratam de características pessoais que fazem parte da vida privada. Isso ocorre quando, por exemplo, um político é acusado de ser gay, ser ateu, ser “mole”, ser pobre etc. Essas são características pessoais que não tornam ninguém mais ou menos digno de confiança, ou propenso a fazer um bom trabalho.

Referências e leitura adicional

Para conhecer mais, veja nossa lista de falácias com dezenas de textos didáticos abordando esse tema. Para uma análise mais aprofunda, sugerimos a leitura de Lógica Informal, um livro de Douglas Walton. Esse é o livro mais abrangente em português sobre o assunto.

Walton, Douglas N. Lógica Informal: manual de argumentação crítica. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012.